Em fevereiro escrevi o artigo Zweihänder: Sombrio & Perigoso no Mundos Colidem, onde falei um pouco sobre o sistema e prometi voltar com mais informações.

Enquanto não volto a escrever lá sobre o assunto, vou escrevendo aqui sobre a experiência que estou desenvolvendo com alguns estudantes.

Protocolei no Instituto Federal do Amapá, o projeto Mundos de Dados & Papel, que tem por objetivo a formação de narradores e narradoras. Para turmas de licenciatura, também objetivo apresentar o RPG como ferramenta didático-pedagógica, proposta também inclusa em meu projeto de especialização.

Em nosso primeiro encontro do ano, me reuni com os estudantes Alan Sampaio, Êmilli Lima e Romerison Junior, com o propósito de criar as fichas do Zweihänder: Grim and Perilous RPG.

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Zweihänder – Ficha

criando personagens

A criação de personagens em Zweihänder é realizada quase que integralmente aleatória, embora seja possível ignorar as tabelas completamente.

Aconselho ignorar as tabelas apenas quando já estiverem familiarizados com a criação de personagens e já tiverem em mente exatamente o que desejam criar.

Seguimos os passos para criação de personagens e detalhado aqui.

Decidimos que a sociedade seria humanocêntrica, mas não detalhamos se existe ou não outras raças no cenário no qual jogaremos.

O Alan argumentou que sentiu grande dificuldade em interpretar um elfo em uma campanha de D&D que ele jogou em virtude de achar outras raças alienígenas demais quando o quesito é interpretação.

Após cerca de 2h30min todos já estavam com os seus personagens. Alguns detalhes ainda estava faltando, contudo, esses poucos detalhes poderiam esperar para a Sessão #01.

O tempo de 2h30min pode ser considerado muito tempo quando você está fazendo fichas de personagens, mas durante todo o processo procurei auxiliar os envolvidos na construção de elos que unissem os elementos que as vezes pareciam sem sentido.

A criação de personagens de forma aleatória gera alguns desafios muito interessantes que vão conferir ainda mais emoção ao jogo, por exemplo:

A personagem do Alan é uma Xerife (reeve) durona, o personagem da Êmilli é um Bandoleiro (highwayman) obeso e o personagem do Romerison é um Velho Crente (old believer).

Mas por que eu frisei a palavra obeso? Porque quando a jogadora determinada por sorteio a constituição física do personagem, houve um questionamento: como pode? Um bandoleiro gordo e ágil? Nesses momentos podemos utilizar de falas que alertem os jogadores sobre o preconceito, ainda que não intencional, que existe. Cada oportunidade deve ser usada à exaustão, até que possamos vencer a guerra contra todo tipo de discriminação.

Terminado tudo, perguntei aos jogadores o que eles haviam achado e destaco alguns pontos:

  • Embora a ficha de personagens pareça complicada a princípio, a criação do personagem é simples e a consulta aos elementos da ficha muito intuitivo.
  • O tempo de criação é relativamente pequeno, considerando que todo o material (livro e fichas) estão em inglês e que os jogadores não possuem fluência no idioma.
  • Alguns elementos do jogo chamaram a atenção, como as profecias associadas à estação do ano que os personagens nasceram e ao sistema de tendência, que funciona literalmente como uma balança entre um elemento da ordem e um do caos.
  • As jogadas simples de dados e os mecanismos de “vantagem” e “desvantagem”.

Na próxima quinta-feira teremos a Sessão #01 e vocês poderão conhecer mais um pouco desse RPG que promete.

Até a próxima.

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Escrito por Franciolli Araújo
Esposo de Paula, pai de Pedro e Nathanael. Professor e pesquisador na área de mineração. Um sujeito indeterminado que gosta de contar histórias e escrever sobre elas e acredita que o RPG é o hobbie perfeito, embora existam controvérsias.