Teste prolongado D&D 4ª Edição: isso é D&D?

Não é sempre que eu estou inclinado a fazer traduções de artigos polêmicos, mas eu gosto da forma como o Greywulf escreve e a forma como ele defende o que acredita com bons argumentos, lembrando que quando mais as pessoas falam, menos elas se lembram que é tudo sobre escolhas e ponto de vista.

Texto original: Fourth Edition D&D Long Term Test: But Is It D&D
Postado em: 16 de janeiro de 2010
Autor: greywulf
Site: Greywulf’s Lair

Uma das mais queixas mais freqüentes contra o D&D 4ª Edição tem sido que ela… bem, não é mais D&D. Daqui a uma semana alguém pode postar este artigo num comentário ou em outro blog e para ser honesto, eu gostaria que ele parasse. Já chega!

Isso não é esparto. Isso não é inteligente. Isso não é verdade.

Sim, é claro que D&D 4ª Edição é Dungeons & Dragons. Ele tem todas as indicações de legitimidade da marca registrada de D&D – progressão de personagens baseada em classes, pontos de vida, classe de armadura, jogadas para acertar, orcs, otyughs, mind flayers, magia e todas as coisas que fazem o D&D ser o que ele é. Sim, incluindo Masmorras e Dragões. Caramba, ele até diz D&D na capa do livro.

Entretando, a pergunta é qual edição de D&D você quer jogar. Eu gosto desta (embora eu tenha confessar que não inicialmente) e se você concorda, isso cabe inteiramente a você e isso é fantástico. Eu vejo como um dos pontos fortes do D&D como um todo, o fato de existirem várias edições do jogo (cerca de 11 pelas minhas contas) e todas elas funcionam de forma diferente. Da pureza da caixa branca original a complexidade do AD&D 2ª Edição e do sistema de Poderes do D&D 4ª Edição, todas tem seus pontos fortes e seus defensores.

D&D: Ser ou não ser?

Eu estou certo de que quando o AD&D 2ª Edição foi lançado, existiram detratores que clamaram que aquilo não era mais D&D – a falta de uma internet onipresente tornou difícil suas vozes serem ouvidas. Eu me lembro certamente de hordas de babões que odiaram a terceira edição quando ela foi lançada. Eu suspeito que a maioria das pessoas que clamam que a 4ª Edição não é D&D são pessoas que consideram a 3ª Edição a “SUA” edição e consideram todas as outras claramente inferiores. Me arriscando a parecer arrogante (e eu não sou), nós jogadores que estamos por aí desde os primeiros dias do D&D Clássico sabemos um pouco mais. Ou se não sabemos, pelo menos deveríamos.

Da mesma forma que ninguém pode clamar que o AD&D 2ª Edição “não é D&D” agora, é besteira dizer a mesma coisa sobre a quarta edição. Cara, tudo isso é D&D. Abrace a possibilidade de escolha.

Voltando para a 4ª Edição. Deixe o sistema de Poderes de lado por um minuto (não se preocupe que voltaremos a ele). A 4ª Edição é uma das versões mais enxutas que o D&D já produziu. As raças estão bem formuladas, as classes são distintas e tempero e não existe uma classe mais forte do que a outra. O sistema de perícias “apenas funciona” e o sistema de multi-classe pelo menos faz a diferença entre um Guerreiro/Ladinoe um Ladino/Guerreiro – os dois são completamente diferentes enquanto que na terceira edição a única diferença eram os números de pontos de perícias no primeiro nível. Apenas um tolo escolheria Guerreiro como sua classe no primeiro nível e só depois Ladino. Agora, você pode escolher a classe de acordo com o conceito e estilo.

Eu já disse isso antes – sem o sistema de Poderes, a quarta edição é definitivamente uma ferramenta brilhante de interpretação. Ele é limpo, leve e maravilhoso quando olhando o conjunto. Adicione o sistema de Poderes e ele chuta bundas quando no combate também.

Eu já falei o suficiente por enquanto, então depois vou falar um pouco sobre os Poderes.

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  1. Particularmente o que me chamou mas atenção nessa 4 edição foi a quantidade de ferramentas uteis para se jogar online.É aquela velha historia não podemos parar o progresso vivendo no passado. Talvez ate entenda o ponto de vista de algumas pessoas quando reclamam que D&D não é mas o mesmo , talvez ja tivesse visto algo semelhante mas em outro lugar ( Um MMORPG chamado Tibia ) , mas infelizmente é assim .O caso é se tiver insatisfeito é desenterrar os livros antigos e começar a produzir material e reunir pessoas que tenham o mesmo gosto que voce.Veja por exemplo a Old Dragon , um grupo de pessoas que ficaram insatisfeitas com a 4 edição fez um sistema com base na antiga , o que não vejo problema nenhum.Acho que essa evolução para a 4 edição deveria ocorrer com o avanço tecnologico , mas cedo ou tarde isso ia aconteçer querendo ou não.A unica bronca da Wizard que tenho é a quantidade de livros que simplesmente de uma edição para outra não é mas utilizado sendo descartado aquela quantidade de livros basicos e suplementos todo . Nessa parte acho que a Wizard deveria dar um suporte mesmo que seja fraco aos jogadores.Agora a 4 edição tb tem seu lado positivo como por exemplo http://iplay4e.appspot.com/characters/ gerenciador de fichas , praticamente faz tudo , sem contar o Character Builder que ajuda o jogador a fazer a ficha em dois tempos sem precisar de anotar os poderes em uma ficha e ficar pescando aquela quantidade de informaçoes do livro do jogador.Temos tb a opção do PathFinder o que não podemos esquecer que ela foi criada especiamente por causa da 4 edição. No final tem tantas opçoes para o jogador …..Ai fica a cargo do jogador escolher as melhores opçoes que vai agradar. Creio que se um mago solte uma bola de fogo na AD&D e faz a mesma porcaria na 4 edição não vejo problemas , a questão é o que te diverte mas????

  2. Franciolli Araújo

    Em primeiro lugar gostaria de agradecer o comentário.O D&D mudou? Sim, ele mudou, mas a maioria dos elementos ainda estão presentes e isso já foi atestado até por pessoas que não curtiam o sistema quando do seu lançamento.Ele se encaixa na preferência de todos os jogadores? Definitivamente não, assim como outras edições não caem no gosto de outro grupo de jogadores tão numeroso quanto.Um dos pontos que eu gosto sempre de enfatizar é que não é necessário descartar seu material antigo, principalmente o material que trata das descrições, pois a descrição não precisa de adaptação, estatísticas sim.Quanto ao CB, ele foi uma revolução, principalmente quando comparamos ao protótipo que acompanhou o PHB 3th Edition. Depois deste software e do Adventure Tools, eu tenho usado muito pouco os meus livros para consultar regras/poderes/etc, afinal, está tudo lá, na ficha.Além do PathFinder que você citou, temos ainda outros RPGs e outras edições do próprio D&D, incluindo o excelente Old Dragon (100% nacional).O importante, como eu sempre digo, é aceitar as diferenças e escolher o que melhor se adapta ao seu grupo, sempre. Afinal, o grande objetivo do RPG é divertir-se.

  3. Olá,Eu achei o D&D 4.0 muito melhor que as outras edições justamente por essa forma enxuta de montar as fichas. Nas versões anteriores eram bem mais complexas.Eu curti muito o 1/2 do nível + característica + dado. O pessoal da minha mesa já tinha usado isso numa adaptação de Naruto pra BESM algum tempo atrás e funcionava muito bem. :)O sistema de perícias que em níveis mais altos a gente tinha que fazer várias contagens, agora tá bem mais simples e a mecânica é tão interessante que dá pra adaptar, por exemplo, pro MM (em vez de perícia por classe, cada ponto de personagem te dá uma ou duas treinadas).E eu não sei pra que esse melodrama com esquema de poderes. Tipo, no Fist Dragon já tinha um esqueminha bem protótipo, e na 3ª edição (Tomo da Espada) tinha a versão com as técnicas por encontro. 🙂 Pra mim simplificou bastante e ainda continua sendo D&D.Bonanças.Atenciosamente,Leishmaniose(que joga AD&D esse domingo e em fevereiro volta a jogar D&D 4.0 tranquilamente quando o mestre resolver parar com o recesso)

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