A primeira missão como mestre

Começar a mestrar nem sempre é fácil e a tarefa se torna mais difícil quando o mestre passa a pensar que tem diante de si uma das missões de Hércules, mas a verdade é outra.

Eu comecei a mestrar em 1995 com um dos produtos que considero mais acertados para publicação no Brasil (na época), o fantástico First Quest. O produto era vendido em um conjunto contendo um livro de regras (com 16 páginas), livro de aventuras com quatro aventuras prontas, fichas ilustradas listando as magias arcanas e divinas, planilhas ilustradas com seis personagens prontos, seis miniaturas azuis de plástico, um conjunto de dados (d4, d6, d8, d10, d12 e d20), cinco mapas em escala e um CD de áudio que explicava como funcionava o RPG e tinha trechos que eram tocados durante determinadas partes da aventura, ajudando na ambientação.

Um amigo chamado Iucatã comprou o cenário de campanha de Forgotten Realms (em português pela Abril), mas como não tinha regras trocou por um First Quest completo, mas já usado e convidou a mim e ao amigo Alexsandro “Aranha” Dantas para jogar. Gostaria muito de lembrar quem mais jogou conosco, mas a memória é fraca.

Usamos as fichas que vinham no jogo e lemos as regras, tudo muito simples, e o Iucatã mestrou a primeira aventura do módulo chamada A Tumba de Damara. A aventura foi muito interessante, com a presença de muitos elementos clássicos do RPG. Como um grupo de heróis, nós fomos investigar o desaparecimento de um elfo e lá enfrentamos orcs, verme de carniça, sapo gigante, etc.

A primeira aventura a gente nunca esquece.

Quando a aventura terminou, eu peguei o livro de aventuras e num sinal prepotente, apontei tudo que o mestre não usou – por pura falta de experiência – e disse que poderia fazer melhor (quando me lembro disso, me envergonho). Hoje em dia eu sei que agi completamente errado, afinal, ele como mestre, tinha a palavra final e pronto. De qualquer forma, a partir daquele momento iniciei minha carreira como mestre e desde aquele dia, a cada dia, aprendo um pouco mais.

Mas voltando ao que interessa.

As quatro aventuras passavam-se em ambientes diferentes, remetendo os jogadores a cenários da antiga TSR, então tínhamos:

  1. A tumba de Damara: aventura numa masmorra que poderia muito bem se passar em Forgotten Realms, Dragonlance ou outro cenário mais clássico;
  2. O Espírito do Morro do Tormento: aventura com clima Ravenloft;
  3. Atravessando o Espaço Selvagem: aventura com clima Spelljammer onde os aventureiros andavam em embarcações espaciais;
  4. Sob a Montanha do Medo: aventura parcialmente construída com diversas áreas abertas que deveriam ser desenvolvidas pelo mestre.

O que eu curti mais neste produto? O escalonamento que ele utilizou para mostrar que o trabalho de mestre não precisa ser tão difícil. Quatro aventuras, três prontas e uma com várias lacunas que o mestre deveria preencher além de regras bem simples para cativar o jogador.

Meu passo seguinte foi adquirir os três livros de AD&D 2ª Edição, com regras muito mais complexas e que na época contava com dois cenários traduzidos, o Karameikos (que joguei durante um bom tempo) e o Forgotten Realms pelo qual me apaixonei (sim, eu sou fanboy).

Investir em produtos nesse estilo, na minha opinião seria um favor que poderia ser feito para captar mais jogadores e principalmente para o hobby.

Se você é um mestre iniciante e ainda fica confuso sobre como começar a mestrar, procure produtos como o First Quest, que lhe ajudará a fazer a sua primeira aventura ou pergunte a um mestre que você conheça e seja paciente, pois a estrutura básica de uma aventura é fácil e no próximo artigo eu devo falar sobre isso.

Até mais e compartilhem suas experiências.

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Visualizar Comentários (5)
  1. O único que testei com aventura pronta foram dois RPG’s: 3D&T RAT com a aventura da Libertação de Valkarya e 3:16 C.e.a.E (abreviei) com a aventura do planeta Goya e seus dinossauros mega bodas. Todas me deram satisfação. Claro que o 3:16 o jogo durou no máximo 4 horas. Já a libertação de Valkarya 2 meses. Mas valeu muito a pena.

  2. Franciolli

    Obrigado pelo comentário Alan.Nessas aventuras existe uma espécie de tutorial para auxiliar o mestre a conduzir a aventura?

  3. muito bom Franciolli o seu post!também cheguei a jogar as aventuras do First Quest, mas elas foram adaptadas para um sistema caseiro e foi bem legal, está entre uma das minhas primeiras aventuras tambémse puder passa lá no Falando de RPG

  4. Obrigado pelo comentário Alvaro!O tempo está corrido, mas não vou deixar isso ser desculpa para não passar no Falando de RPG, inclusive, já estou com o link ali do lado nos sites nacionais sobre rpg! Abraços.

  5. Saudações, Franciolli.Não cheguei a conhecer os módulos First Quest. Aprendi jogando 3D&T e As Aventuras de Katabrok: A Tumba de Morkh Amhor. Mais tarde, aprendi o sistema d&d 3.5 e foi um tempo bastante divertido. Agora estamos utilizando 4 Edição. Nesta nova versão de d&d, o Guia do Mestre é de grande ajuda para iniciantes.Se os boatos estiverem corretos sobre a 5 Edição, também espero investimento nesse tipo de material – com kit de dados, miniaturas, mapas e cd.Continue jogando e divulgando RPG!

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