Saudações aventureiros e aventureiras.

Eu havia terminado o mestrado há pouco tempo quando comecei o blog em 2008, ainda com o nome de A Casa do Mago. Naquela época publicava tudo que vinha à mente, mas principalmente registros de sessões de jogos de tabuleiro que jogava na casa de Tendson, um grande incentivador deste blog e colecionador de jogos de tabuleiro, que ainda reside na cidade de Parnamirim/RN.

Naquela época eu havia terminado uma campanha longeva de D&D 3.5, que havia começado ainda na versão 3.0 em agosto de 2003. Curiosamente nunca escrevi uma linha sequer sobre a terceira edição do D&D no blog, como registros de campanha, por exemplo.

Em agosto de 2012, A Casa do Mago já tinha sido Trampolim da Aventura e passou a se chamar ForjaRPG com a chegada do grande amigo Pedro Leone, que conheci ainda na época que escrevemos alguns artigos para o saudoso Paragons.

Entre 2009-2010, e depois 2012-2013 tivemos o período mais prolífico do blog, com alguns meses registrando mais de uma publicação diária e grande engajamento da comunidade, que na época se deleitava com o controverso D&D 4E.

Nessa época eu vasculhava diariamente conteúdo internacional, muitos dos quais, foram traduzidos com permissão de seus autores aqui no blog. O engajamento da comunidade era forte e conseguimos acessibilizar conteúdo internacional para o público brasileiro, que ainda sofre com a barreira idiomática.

A quinta edição começou a dar as caras com os testes do D&D Next em 2012 e falamos um pouco sobre essa nova interação que passou a ser o D&D 5E, o RPG mais jogado de todos os tempos. E isso foi bom… durante um tempo.

Como havia feito desde a terceira edição, comprei tudo que saiu para a nova interação do jogo, e joguei tudo que podia, até que percebi que o sistema tinha falhas… e como alguém que toma a pílula vermelha e percebe que a realidade é triste e amarga, eu enfim abri os olhos e percebi que aquilo nunca foi o que eu procurava. Eu tinha na verdade me entregue a uma relação abusiva durante muito tempo.

Aqui, contudo, estou relatando uma experiência pessoal com o sistema.

O momento catártico aconteceu quando eu mestrava a aventura Lost Mines of Phandelver pela segunda vez. Em um encontro, o grupo se deparou com um grupo de carniçais e embora eu desejasse do fundo do coração que aquela luta fosse evitada, ela não foi.

Os jogadores acreditavam em seu poder, o sistema lhes dava aquele poder e criaturas que em edições anteriores deveriam ser temidas, não eram mais do que bonecos de massa colocados ali com o único propósito de serem derrotadas.

Naquela noite, quem se sentiu derrotado fui eu.

Eu olhava para os livros na estante e não sentia mais absolutamente nada. Não havia vontade de continuar a mestrar e muito menos de jogar aquela edição, assim como não queria voltar a jogar as terceira e quarta edições, que sob certos aspectos traziam as mesmas problemáticas e pelas quais passei na esperança de ver mudanças… que no fundo não existiram.

No vácuo deixado pelo D&D passei a experimentar mais intensamente outros sistemas, alguns dos quais revisitei, como o Lamentations of the Flame Princess e o Mythras, dos quais já falei várias vezes aqui no blog.

Embora os meus amigos mais próximos só falassem e jogassem D&D 5E, encontrei novos amigos com gostos mais ecléticos — alguns dos quais ainda não entendo, mas respeito — que me apresentaram a vários sistemas diferentes e me fizeram ver as edições mais antigas do D&D e seus derivados com um carinho renovado.

No momento estou nos meses finais do doutoramento, voltando para a região norte e com novos desafios pela frente, mas uma coisa eu tenho certeza, os Dados Místicos continuarão a ser rolados e novos conteúdos serão publicados por aqui, inicialmente de modo mais tímido, mas em algum momento voltaremos a regularidade, com pelo menos (assim espero), um artigo semanal, trazendo novidades e conteúdo dos meus RPGs preferidos que podem, sempre, ser usados em qualquer jogo.

Ainda em tempo, FELIZ 2023 para todos aqueles que continuam acessando os nossos conteúdos, mostrando que algumas coisas são old but gold.

Até a próxima!

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Escrito por Franciolli Araújo
Esposo de Paula, pai de Pedro e Nathanael. Professor e pesquisador na área de mineração. Um sujeito indeterminado que gosta de contar histórias e escrever sobre elas e acredita que o RPG é o hobbie perfeito, embora existam controvérsias.