Em 28 de novembro de 2008 eu estava em uma cidade chamada Tucumã, no sudoeste do Pará. Estava prestando serviço para a Vale, atuando na formação de técnicos laboratoristas para atuarem na mina Onça Puma, na cidade vizinha, Ourilândia do Norte.

Pela manhã, olhando pela janela do quarto do hotel, conseguia ver duas colinas e enormes castanheiras, que ficavam completamente encobertas pela névoa matinal, alimentando a minha imaginação.

Longe do convívio familiar e dos amigos com os quais jogava RPG, resolvi acolher a ideia do grande amigo e incentivador Tendson Artur (do Canal Tá Pra Jogar), que inúmeras vezes me aconselhou a criar um espaço para deixar registradas ideias sobre o que eu gostava de escrever, mas que tinha o péssimo hábito de deletar quando migrava de um espaço virtual para outro — o que era bem frequente.

E então comecei a escrever, e o primeiro registro foi uma apresentação do Grupo Trampolim da Aventura, e no mesmo mês, um conto sendo seguido por desabafos sobre a importância do RPG na minha vida — ele realmente foi e ainda é importante — e registros (inúmeros) de nossas partidas, dos mais variados jogos de tabuleiro no QG do Trampolim da Aventura em Parnamirim/RN.

Naquela época estava finalizando uma campanha de D&D 3E (migrada para a 3.5) — a encarnação de D&D que mais joguei (e mais odiei) — e como o registro das sessões era uma coisa que tomava muito tempo, acabei não escrevendo nada dessa edição.

Quando o D&D 4E foi publicado, e tendo adquirido os livros tão logo foram publicados — embora tenha sido uma saga épica recebê-los graças a Receita Federal — caí de cabeça na produção de artigos e na tradução daqueles que eu achava mais interessantes e que movimentavam a comunidade internacional.

Deixe aqui eu fazer uma observação em relação às traduções. Quando comecei a fazê-las, meu intuito era tornar as informações acessíveis a pessoas que não leem inglês, algo que eu acho fundamental.

Nesse período conheci muita gente, alguns se tornaram ícones do RPG nacional e ainda hoje atuam na produção de excelentes conteúdos, sendo uma época de grande aprendizado. Também comecei a experimentar outros sistemas — não que já não o fizesse, mas senti a necessidade de escrever sobre eles — e foi assim que falamos sobre alguns RPGs que chegaram a vir para o Brasil, como o Dungeon World (Secular Games), Yggdrasill (New Order Editora) e mais recentemente o The Dark Eye (Retropunk).

Quando o D&D 5E começou a ser desenhado e os primeiros playtests começaram a ser realizados, alternei algumas sessões da campanha que estava mestrando na quarta edição com as aventuras do D&D Next (era esse o nome que ele tinha na época), e isso gerou uma grande expectativa nos jogadores do grupo com os quais já jogava há quase 20 anos. E então me mudei.

Saindo do Nordeste para a região Norte, conheci uma excelente comunidade que começou a jogar D&D 5E com afinco, mas o interesse pelo D&D foi diminuindo, e quando aceitei que as experiências que eu procurava não eram entregues por nenhuma das encarnações mais recentes do D&D, me rendi completamente a outros sistemas, me encontrando nos sistemas D100, especialmente e especificamente o Mythras, que possui um sistema de regras robusto e me dá o gostinho old school que eu tenho buscado.

Depois de encontrar o meu sistema dos sonhos, escrevi um pouco sobre ele, me dediquei a ver, pelo menos parte dele em nosso idioma (o Mythras Imperativo pode ser encontrado em algum lugar da internet) e voltei a olhar para a evolução do Dados Místicos, percebendo que a quarta edição marcou o auge de nossas publicações.

Agora, depois de um considerável hiato na produção, espero me encontrar e ser capaz de recomeçar a registrar os meus pensamentos erráticos e falar um pouco sobre o hobbie, e aquilo que não couber em texto, bem, podemos fazer um podcast ou um vídeo no Youtube, não é mesmo?

E antes que eu me esqueça, pode ser que vocês tenham notado uma diferença no layout de nosso site, “mais uma”, vocês podem até mesmo dizer, mas infelizmente nós estávamos sendo lembrados que alguns elementos do site estavam em desacordo e poderiam fazer com que a leitura fosse dificultada, e somou-se a isso a expiração do prazo de manutenção do tema que estávamos usando.

Espero que continuem apreciando o conteúdo mais do que o visual.

Até breve.

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Escrito por Franciolli Araújo
Esposo de Paula, pai de Pedro e Nathanael. Professor e pesquisador na área de mineração. Um sujeito indeterminado que gosta de contar histórias e escrever sobre elas e acredita que o RPG é o hobbie perfeito, embora existam controvérsias.