One shot: Inimigos Ocultos

One shot #03 Inimigos Ocultos

Iniciando nossa série de encontros semanais, a colunaOne Shot” trará ideias para suas aventuras. A princípio não trato de um único sistema, mas no decorrer destas linhas muitas vezes surgiram citações, descrições e regras voltadas a jogos como o D&D, WoD e muitos outros. Então convido vocês a darem segmento a essa nova empreitada.

Aventura: Inimigos ocultos

… E então os aventureiros prosseguiram sua jornada, sabendo que o Arquiduque Vandred, O Mesquinho, estará para sempre trancafiado em uma sela fria e solitária na prisão da Cidade dos Mortos, pagando por seus crimes a pão e água. Esse seria um fim espetacular para qualquer aventura, o vilão aprisionado, os personagens comemorando e sendo reconhecidos como heróis da cidade, no entanto, os anos não transcorrem assim para o Arquiduque. Seus poucos aliados estão escondidos nas sombras, com medo demais para libertar seu chefe e isso já aconteceu a vários vilões que ousaram entrar no caminho dos personagens, correto? É com essa premissa que iniciamos nossa aventura, as/os personagens reconhecidos e até temidos por seus antagonistas acabam abrindo a guarda e esquecendo o passado, tudo que sofreram até chegar nesse ponto da campanha.

Imaginemos que um dos vilões consegue fugir da cadeia, de preferencia um bem antigo, obviamente as/os personagens serão as primeiras pessoas a serem alertadas. No entanto, o inimigo sabe que nas atuais circunstancias encarar o grupo só irá resultar em mais 10 anos na “cheirosa”, mas então o que fazer? Simples, o que um vilão faz de melhor? Planejar, essa é a resposta.

A primeira necessidade do vilão é esconder-se, contatar então seus antigos aliados para formular um plano e só assim partir para a vingança. A palavra chave aqui realmente é planejamento. Como poderemos deixar mais interessante essa história, outra resposta fácil, vamos adicionar novos elementos ao repertório desse antagonista. Imagine que o combate frente a frente é última coisa que o tal Vandred quer, ele poderia, com ajuda de pessoas do submundo, armar para os personagens diversos acontecimentos que os deixariam maus lençóis com a sociedade, utilizando armadilhas e artimanhas para atacar indiretamente os personagens e seu prestigio, alguns exemplos:

– Usar a marquise de uma construção como uma armadilha para ferir um dos personagens que está previamente sendo seguido. Um homem assalta uma velhinha na visão do personagem (por favor, não vá tentar pegar dessa maneira o arqueiro, o pistoleiro ou o atirador do grupo, acredite não vai dar certo) e corre por um beco, ele passa pela construção com o personagem em seu encalço quando uma comparsa ativa a armadilha fazendo com que a marquise caia por cima do alvo e de qualquer pessoa que esteja no caminho;

– Um homem disfarçado como um dos personagens começa a arrumar brigas nas tavernas da cidade e a fazer contas por ai, em pouco tempo o personagem descobre e agora vai ter de lidar com a situação;

– Um dos aliados do vilão se hospeda no mesmo lugar que as/os personagens para poder estar de olho em sua rotina, além de suprir seu amo com informações ele irá aproveitar para envenenar a água do banho de um dos personagens, esse veneno demorará um pouco para agir, mas causa uma grande sonolência e até desmaio, seu objetivo é arrancar um dos olhos de um dos conjuradores e então fugir;

– O vilão irá contratar um grupo de capangas para sequestrar a filha de um importante mercador, se este não der cabo à vida dos personagens ele irá matar a mocinha, seu pai é um bom homem e muito rico, não medindo esforços para recuperar sua filha, se os personagens conseguirem chegar a ele, este acabará revelando o sequestro.

Nosso objetivo aqui, além de uma vingança pessoal por parte do Arquiduque, é o de antagonizar, perante a sociedade, as/os personagens colocando seu prestigio em jogo. Em pouco tempo as pessoas da cidade vão falar dos “acidentes” e da má sorte em torno do grupo, esse será o deleite do vilão.

Partindo para a fase II do plano, nosso vilão agora terá de realizar uma ação maior e sua intenção não é nem um pouco saudável, o plano inicial é colocar os personagens em meio a um grande estardalhaço. Nesse ponto o vilão astucioso deseja incendiar o mercado, justamente no dia de maior movimento. Como na feira livre da cidade os corredores são bem estreitos e as barracas geralmente cobertas por tecidos, couros ou mesmo folhagem seca, um incêndio seria quase que impossível de controlar, contudo não é a matança que move o vilão e sim a necessidade de vingança.

Uma das pessoas que se aliou a Vandred é a antiga Duquesa do Porto, Meireallice, que além de ser uma mulher de posses sempre foi apaixonada pelo homem, está seria uma feiticeira/maga geniosa que fará de tudo para ver os personagens pagando pelo que fizeram. Na noite anterior ao planejamento, alguns homens foram contratados para substituir as moringas de água que ficam espalhadas pelo mercado, no fundo de cada uma foi pintada uma runa mágica que quando ativada causa uma pequena explosão que lançará diversas labaredas. Isso irá incendiar as barracas ao redor. Mais de 30 foram trocadas, segundo os cálculos da Duquesa, sendo suficiente para provocar um enorme incêndio.

Neste momento nosso terrível vilão prepara o último avanço de sua fúria, um de seus capangas estará disfarçado na taverna onde os personagens poderão ser encontrados, ele irá fingir ser um aliado ou um vendedor de informações e dirá aos personagens que:

Um homem no mercado está por traz destes atentados, Andreus um rico comerciante de tecidos, este me procurou para ater sobre informações a respeito de vocês. Bem, eu achei a atitude dele muito suspeita e depois de apurar o que as pessoas dizem a respeito de vocês só pude constatar que este homem tem algo haver com esses acontecimentos”.

A informação plantada virá num momento nada oportuno, já será noite alta e as/os personagens terão de esperar pela manhã para irem apurar os fatos. Durante a conversa use os testes necessários e se os personagens, por ventura, descobrirem que se trata de um engodo, o rapaz irá fugir do local iniciando uma perseguição. Caso os personagens consigam alcança-lo, este será morto por um arqueiro que já está seguindo seus passos com ordem expressa de dar cabo do elemento logo após a conversa (realize, é claro, os testes cabidos para que o arqueiro também participe da perseguição), em seus pertences alguns dados sobre o atentado ao mercado estarão marcados em uma velha caderneta, essa será a única pista que terão sobre o que irá acontecer na manhã seguinte.

Em meio a tanta confusão e loucuras os personagens ainda tentam descobrir o que está acontecendo, as informações levam até o mercado da cidade e até o presente momento nenhuma explicação plausível existe. Será que eles conseguirão evitar o incêndio no mercado ou terão de criar um plano mirabolante para retirar as pessoas antes que tudo seja consumido pelas chamas, e nosso vilão, qual será seu próximo passo? Os personagens já têm pistas suficientes que os levem à captura de seu ofensor? E a duquesa? E a guilda de ladrões que já perdeu mais de um homem durante o problemático plano de vingança de Vandred, como ela irá se comportar doravante? Isso, só você será capaz de responder.

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