Depois de passar algumas semanas jogando apenas jogos OSR, estou convencido que uma lista de perícias é desnecessária para se ter um bom jogo, e em algumas situações pode ser até mesmo um aspecto negativo. Afinal de contas, quantas vezes você não ouviu “posso rolar carisma?” de algum jogador?
Apesar de boas intenções, ter uma grande lista de perícias pode acabar limitando as ações dos personagens. Ao invés de interagir com a ficção, um jogador pode decidir que já que não tem proficiência em certa perícia, é melhor não se colocar em situações em que poderia falhar. Pior ainda, essa lista muitas vezes é vista como um “cardápio de ações”, forçando os jogadores a pensarem nos termos limitados dessa lista ao invés de usarem a imaginação e apenas depois consultar que perícia seria apropriada. Acredito que este é o grande motivo de jogadores iniciantes muitas vezes serem mais criativos e imaginativos ao lidarem com os desafios, pois ainda não conhecem de cor as perícias.
Uma possível solução para isso na 5E vem direto da página 264 do Dungeon Master’s Guide:
Background Proficiency
With this variant rule, characters don’t have skill or tool proficiencies. Anything that would grant the character a skill or tool proficiency provides no benefit. Instead, a character can add his or her proficiency bonus to any ability check to which the character’s prior training and experience (reflected in the character’s background) reasonably applies. The DM is the ultimate judge of whether the character’s background applies.
A única alteração que eu faria é de permitir somar a proficiência em testes apropriados à classe do personagem, juntamente com o background. Um personagem ladino somaria proficiência em um teste de furtividade, mesmo que seu background seja de um nobre.
Uma consequência positiva desta regra alternativa é justamente nos backgrounds. O livro do jogador traz uma lista interessante de backgrounds, entretanto muitas vezes os jogadores acabam vendo a lista como um cardápio de proficiência de perícias. Quando isso é retirado, os jogadores ficam mais livres para escolher e até mesmo criar novos backgrounds.
Desta forma, os backgrounds da 5E poderiam ser mais próximos aos backgrounds da 13ª Era. Ao invés de “Sage”, o jogador poderia ter como background “Mago Imperial”. Ao invés de “Outlander”, o personagem teria “Tribo da Montanha Selvagem”.
Ao utilizar esta regra, eu recomendo que o DM permita usos criativos do background fora de testes de perícia. Deixe que seus jogadores criem aspectos da narrativa que sejam apropriados ao seu background, assim como personagens de Fate podem usar seus aspectos. Se o background tem a ver com alguma organização, permita ao personagem acesso a contatos dentro deste grupo. Da mesma forma, os backgrounds podem trazer complicações interessantes para os personagens, através de má fama, reputação ou inimigos.
Saudações, Pedro.
Jogando os OSR você realmente vê que as perícias não fazem falta nenhuma, embora eu tenha me acostumado com as perícias desde a época do Rules Cyclopedia, quando eram ainda opcionais.
A quinta edição traz as perícias como padrão, mas podendo ser transformada em opcional.
Excelente artigo e como já li por aí “curto, porém, excelente”.
Welcome back!
Tenho namorado muito a ideia de jogar com o Cyclopedia, apesar de querer usá-lo com algumas atualizações mecânicas positivas feitas pelas edições posteriores (como o bônus de proficiênvia, o uso dos dados de vida para recuperação, tabelas unificadas de XP, testes de resistência, etc). A ideia de jogar apenas com os atributos e algumas pouquíssimas características de classe me atraem muito!
Eu queria ver (e realmente esperava, com as promessas feitas pelo D&D Next) um D&D jogado apenas com as Habilidades e algumas poucas características de classe. D&D5 quase entregou isso, com a regra de Talentos opcionais, mas criou listas de características de classe, muitas das quais não acrescrntam nada ao personagem em termos conceituais e estão alí só porque sim.
Eu queria muito ver um D&D aos moldes do Rules Cyclopedia com algumas das melhores atualizações mecânicas do D&D5 (bônus de proficiência, dados de vida, etc).
É bem verdade! As classes da 5E estão muito mais próximas da 4E do que do Rules Cyclopedia. Elas são divertidas para os jogadores, mas pra quem gosta de Old School ainda ficam devendo. Será que adaptar a 5E ao Old School ficaria bacana? Algo aos moldes com o que o Old Dragon fez com a 3.5? É um projeto interessante.
Acredito que o Rules Cyclopedia seja o livro mais completo já lançado para o Dungeons & Dragons, em todos os sentidos e aproveitando o gancho dos seus comentários, acho que seria interessante tocar a empreitada de adaptar o 5E aos moldes do RC, criando, inclusive, explicações para certos “poderes”, como a utilização dos DVs.