Esta semana me foi feita uma pergunta curiosa: quais os 10 RPGs que eu acredito que todo o mestre e jogador deveria ler. É claro que minha experiência é limitada, afinal eu não li nada nem próximo de chegar a 10% de todos os RPGs que existem, mas topei a tarefa. O critério de seleção é obviamente bastante subjetivo, mas preferi escolher RPGs que explorem bem a diversidade do nosso hobby. Claro que boa parte da minha lista é focada nos indies, mas não fica apenas neles.
Vamos a lista (que não é uma lista dos 10 melhores RPGs de todos os tempos):
1. D&D
Não apenas uma edição, mas várias. Não tem como fazer uma lista de RPGs essenciais sem deixar de lado o D&D. Pode ser o seu RPG favorito, ou você pode mais nem ligar para ele, mas é inegável que sua influência foi e ainda é gigantesca em todo o hobby. Minha dica fica para você ler várias edições do D&D. Não fique preso às duas edições mais recentes: procure e dê uma lida nos livros antigos. Recomendo fortemente o D&D Básico do Moldvay, o AD&D 1a edição, D&D 3a edição e a 4a edição para completar. Ler e conhecer as aventuras básicas de cada uma destas edições também pode dar uma excelente visão de como o sistema e seu foco foi se alterando ao longo do tempo: compare Keep on the Borderlands com Ravenloft e depois com a Tomb of Horrors da 4a edição. A mudança é muito grande.
2. Vampiro: A Máscara
Como prometer algo em matéria de tema e não entregar isso nas regras. O Vampiro foi o RPG de entrada de grande parte dos RPGistas no Brasil e também não seria justo deixá-lo de fora. Com um tema mais “adulto”, e supostamente focado no drama e horror pessoal dos personagens Vampiros, não tive nenhuma experiência fora do “X-Men vestidos de preto metidos em politicagem”. Mesmo assim, Vampiro permanece como um perfeito exemplo de como as regras influenciam a experiência de jogo, muitas vezes mais do que simples textos descritivos.
3. Call of Cthulhu
A minha terceira escolha tinha sido GURPS, mas resolvi tirá-la para colocar o Call of Cthulhu. GURPS é mais um toolkit do que um sistema, e a influência niilística do Call of Cthulhu continua evidente em muitos RPGs modernos. Um RPG onde tentar matar monstros significa morte instantânea para seu personagem e a insanidade é o tema em 1981? É claro que fez (e continua fazendo) muitos adeptos.
4. Sorcerer e seus Suplementos
O indie que começou tudo. O RPG de Ron Edwards foi o que inaugurou toda esta “modinha” de RPGs independentes, no final da década de 90/início de 2000. Nesta época, Sorcerer já era vendido como PDF, enquanto mesmo hoje diversas grandes empresas ainda relutam em entrar na era digital. Mesmo como jogo Sorcerer foi revolucionário – trazendo um sistema simples de resolução, ele se focava na criação coletiva do plot e da história, uma mudança bem radical dos RPGs de sucesso na época (White Wolf/TSR). Mesmo hoje em dia ainda vale a pena ler ele e seus suplementos para tirar muitas dicas valiosas sobre o nosso hobby.
5. Apocalypse World
Pensei em colocar o Dogs in the Vineyard na lista, mas considero este RPG ainda mais essencial. Não é à toa que recebe tantos hacks e atenção dos RPGistas, o AW é uma obra prima do Vincent Baker, que recompensa um texto difícil de digerir com experiências de jogo únicas. Um livro que contém as instruções mais explícitas do que o GM deve fazer durante o jogo, desde a preparação da sessão até o que dizer aos jogadores quando eles olharem para você. “O que vocês fazem?”
6. Fiasco
Fiasco não foi o primeiro RPG sem mestre que foi criado, mas certamente é o mais bem sucedido e o mais conhecido. Traduzido nestas terras pela Retropunk, ele tem regras absurdamente simples onde um grupo senta e cria histórias dignas de um filme de humor negro dos irmãos Coen, sem precisar ter conhecimento prévio nenhum com RPG. Poucos outros RPGs conseguiram fazer isso, seja antes ou depois.
7. Mouse Guard RPG/Burning Wheel
Acharam que iam escapar? Luke Crane é meu RPG Designer favorito, e se eu fosse recomendar um RPG para um iniciante, com certeza seria o Mouse Guard RPG. O Mouse Guard aprendeu com seu sistema pai, o Burning Wheel, mas o destilou em um kit de criação de histórias simples e efetivo. Mas isso não diminui a importância do BW, que é um jogo muito mais tradicional do que o dos pequenos ratinhos guardiões, mas que mesmo assim vai explodir seu cérebro em uma leitura mais atenta. Não tem como ver os RPGs da mesma forma depois de ler algum livro escrito pelo Luke Crane.
8. Espírito do Século/Dresden Files/Fate
O Fate não poderia estar de fora dessa lista. Os motivos são os mesmos que você pode ler na minha extensa resenha do Espírito do Século, mas resumindo: Fate é um sistema que troca os números e crunch dos sistemas tradicionais, por verbos, substantivos e expressões, além de ser mais voltado a narrativas movidas pelos personagens jogadores ao invés da tradicional aventura movida pelo mestre. Se você não conhece, não sabe o que está perdendo.
9. Primetime Adventures
Um RPG est
ruturado para a criação de uma série de TVs não chamaria tanta atenção assim, se ele não condensasse inúmeras inovações nas mecânicas e no desenrolar do jogo. Este é o RPG que vai fazer você repensar sobre o que pode acontecer em um teste, e incorpora a técnica dos “stake” nos conflitos. Reza a lenda que uma nova edição está para sair, mas é melhor esperar sentado.
10. InSpectres
O excelente sistema GUMSHOE resolveu o problema das aventuras de investigação fazendo com que os jogadores não precisem rolar dados para descobrir as pistas. Mas isso ainda deixa nas mãos do mestre fazer uma preparação e definir o plot da aventura. Existe alguma maneira de fugir desta fórmula nos RPGs? Inspectres prova que sim. Os personagens são funcionários de uma empresa de caça-fantasmas, e o sistema de resolução permite que ao ser bem sucedido no teste, os jogadores criem as pistas e definam os culpados. E essa é só apenas uma inovação deste sistema realmente sensacional e muito pouco comentado por estas bandas.
Infelizmente, a lista não coube todos os RPGs que gostaria (eram apenas 10, afinal). Alguns quase-essenciais ficaram fora da lista, como GURPS, Shadowrun, Eclipse Phase, Dogs in the Vineyard, Pendragon, Dread, The Riddle of Steel, The Shadow of Yesterday, entre outros; mas regras são regras. E para você, qual seria a lista dos 10 RPGs essenciais?
Ótima lista. Apesar de não gostar de alguns, eles são muito importantes realmente. E realmente, para conhecer D&D, tem que ler tudo, cada edição tem um clima, um foco e passa uma experiência bem diferente.
Uma ótima lista Pedro, hoje em dia eu aconselharia qualquer jogador de rpg iniciante começar com o FIASCO, acho que faltou ai o 3D&T (caso estejamos falando a nível de Brasil)mas isso é bem subjetivo mesmo. No mais, parabéns, um ótimo post que até me incentivou a rever minhas prioridades na hora das compras rpgísticas.
Uma excelente lista Pedro.Da lista, só me deliciei na leitura e nas mesas de D&D e suas várias sessões, Vampiro a Máscara e Fiasco. Espero conhecer os outros um dia.Só me causou estranheza não ver na sua lista o Burning Wheel.
Ele está junto com o Mouse Guard, que por incrível que pareça eu considero mais essencial do que o Burning Wheel. E como eu disse no início, a lista não é os 10 melhores RPGs, muito embora essa lista fosse ficar parecida com essa acima :)Por exemplo, prefiro o Durance ao Fiasco, mas sem dúvida nenhuma Fiasco é mais conhecido e influente. Sorcerer também não estaria no meu top 10, mas negar sua influência seria ignorância minha.E não preciso nem falar que jamais colocaria Vampiro no meu top 10 😀
Minha lista pessoal1 – D&D (todos, incluindo pathfinder)2 – WoD (o velho pelos cenários, o novo pelo sistema)3 – Este Corpo Mortal (Mortal Coil)4 – Fiasco / Violentina (resolução de cena, ftw)5 – Shotgun Diaries6 – Savage Worlds (Isso pq nem li ainda)7 – Rastro de Ctullhu 8 – Gamma World 4e (a confecção dos PJ é fantástica)9 – Castelo Falkenstein (steampuk merece estar na lista)10- Gurps (Pq, né…)
senti falta do vencedor do premio do ano passado. o Dungeon world.
Muito interessante a lista, quando vi o link no Twitter já estava pensando na minha lista de preferidos, mas aí percebi que a proposta é dar aos mestres e jogadores uma experiência ampla do RPG, em vários de seus aspectos.Acho que para esse tipo de lista e não teria muito como contribuir, nunca fui muito chegado nos Indies e nem nas narrativas compartilhadas.
Se for uma bibliografia recomendada, GURPS faz falta, não é? Ou mesmo outro dos genéricos simulacionistas, como Hero System.
Faltou mesmo um genérico simulacionista, por mais que não seja minha praia. Talvez eu tirasse o Inspecters para colocar um GURPS ou Hero no lugar.
Esse foi o critério que eu escolhi, você pode fazer sua própria lista com outro critério 😀
Hey Pedro, que tal uma lista (uma não, duas) sobre principais RPGs de cada uma das categorias. Uma com os principais e outra com suas preferencia.E rola até mesmo uma lista de RPGs Multiclasse ou Classe-Dupla!heheheEu como não sei diferenciar um estilo de RPG de outro, me abstenho!
Mas de quais categorias você está falando? Não entendi (sou burro, liga não)
Eu não sei que denominação leva. Aquelas que o The Forge listou… Narrativista,Simulacionista, Caralhaquatrista, etc
Diego meu filho, apelando com 3D&T? Faz isso não meu irmão! Faz isso não!
Desculpem, mas… sem o GURPS (terceira edição), esta lista perde o sentido!E também faltou o charmoso DUNGEONEER, que iniciou muito jogador veterano… e estou utilizando-o até hoje pra iniciar muitos novatos!E não esqueçamos do Desafio dos Bandeirantes, Paranoia, Lobisomem, Tagmar e o genial Castle Falkenstein.
Pô, se o Espírito do Século aqui representa o FATE e o Mouse Guard representa o Burning Wheel, não dá pra excluir o GURPS só porque ele é um toolkit! Se for pra escolher uma encarnação, que seja o fantástico e altamente influente Illuminati! FNORD
Interessante proposta, mas senti falta de alguns jogos como 3D&T, versão capa azul, 3:16, ViolentinA, dentre outros.
Um jogo com 10 RPGs essenciais, em um universo tão vasto, é bem complicado colocar todos os sistemas que achamos justos.Eu colocaria o Lamentations of the Flame Princess na lista como um verdadeiro livro essencial 🙂
Ah, nesse ninho de rato não pretendo me meter novamente. A verdade é que grupos de jogo tem uma agenda criativa, um sistema não. Você pode usar GURPS (por exemplo) em qualquer agenda criativa.O que eu fazia, e ando evitando fazer a qualquer custo atualmente, é implicar que um sistema favorece uma agenda criativa específica. O que não significa que apenas jogar desta forma este sistema é o correto, apenas significa que as ferramentas do sistema são mais adequadas a certos tipos de tarefa.Mas como eu percebo que na maior parte das discussões as pessoas sequer chegam neste ponto (de que agenda criativa é para grupos, não sistemas), eu me abstenho a falar nesta perspectiva.Respondido?
Eu considero o LotFP representado na lista pelo D&D e pelo Call of Cthulhu 🙂
Para representar os genéricos simulacionistas, eu recomendaria o Basic Roleplaying, que foi o primeiro do tipo, e que foi utilizado também em vários RPGs muito influentes (RuneQuest, Call of Cthulhu, Pendragon, Elric, Nephilim, etc).
A julgar pelo título do post, acho que citar Dungeons and Dragons, Call of Cthulhu e GURPS é, no mínimo, redundante – pois foi deles que tudo surgiu, e o contato acaba sendo inevitável.Assim sendo, citarei aqueles que mais enriquecerão a mente dos jogadores/Narradores:1 – Nobilis (uma proposta simplesmente genial, que deveria ser lido com tanta relevância quanto o próprio D&D);2 – FUDGE (um jogo que dá a base para o leitor criar seus jogos… isso que é “toolbox” de verdade!);3 – Shotgun Diaries (altamente recomendado para dar início a jogos mais dramáticos, já que tem um pé no conceito de narrativa compartilhada);4 – O Velho World of Darkness (histórias ricas e cheias de nuances, desfocando do “capa-e-espada” para algo além – em especial, Wraith e Lobisomem);5 – Castelo Falkenstein (foi o “indie” mais velho que já li, e um dos livros com maior enfoque ao drama e aventura narrativos);6 – Shadowrun (sistema altamente detalhado em um cenário rico, foi com ele que aprendi a fazer concessões pela história, como Narrador);7 – Este Corpo Mortal (a idéia de criação coletiva da história torna este livro indispensável);8 – Violentina (por trazer ao Brasil o “Efeito Fiasco”, ainda por cima com Tarantino!);9 – Busca Final (RPG simples, com história ampla e épica, centrado nos personagens. Simplesmente genial);10 – A série Fighting Fantasy (por ter sido simples o bastante para iniciar muitos jogadores – a ponto até de ser re-lançada…).
Ah Pedro, ce tá com medo dos trolls, é isso?Diz ae, Maior, Melhor e Indispensável RPG Narrativista, fora o 3D&T, qual é? ¬¬ Atenção: neste comentário foi utilizado de sarcasmo como forma de humor. Não houve intenção de ofensa, repúdio, ataque, desaprovação ou desprezo. O comentário não representa o pensamento do autor.(estou usando este comunicado em todos os comments pra evitar reclamações, sry)
E que fazendo a tradução, vejo que é fantástico, com ideias maravilhosas para qualquer RPG.
Rolemaster??? Alguém??? Alguém??? Rolar em tabelas intermináveis??? Não???:P
Eu me arrisco à escrever uma lista segundo sua sugestão.Os RPGs que eu recomendaria como os exemplos essenciais de cada um dos modelos dentro da teoria GNS seriam, três de cada…”Gamistas”: D&D, Shadowrun, Savage Worlds”Narrativistas”: Dogs in the Vineyard, HeroQuest, Primetime Adventures”Simulacionistas”: BRP, GURPS, HERO
Que gosto horrivel você tem eim. Não que estes rpgs sejam ruins, mas dizer “essenciais”? São sistemas simples e ambientações não muito ricas em background (vários desses não possuem mais de um ou dois livros lançados).Faltou: Shadowrun, Legend of Five Rings (mais famoso rpg com tematica oriental), Cthulhutech (joguem antes de julgarem pela capa), The One Ring (senhor dos aneis), GURPS (todo mundo tem que jogar GURPS ao menos uma vez na vida), Savage Worlds (recente, otimo para aventuras heroicas).Entendo que tirou gurps, mas se for analizar os suplementos juntamente com o sistema (o que creio que fez com d&d e vampiro), é preciso entender que GURPS tem sim bastante cenários e suplementos divertidos.
Que educação ótima você tem hein?Faz o favor, não precisa comentar se for para falar desse jeito, muito obrigado 🙂
Interessante é que o autor diz: “É claro que minha experiência é limitada, afinal eu não li nada nem próximo de chegar a 10% de todos os RPGs que existem, mas topei a tarefa. O critério de seleção é obviamente bastante subjetivo, mas preferi escolher RPGs que explorem bem a diversidade do nosso hobby.”E o cara chega dizendo que o cara tem gosto horrível? Putz! O exercício é também apresentar os seus preferidos e não chegar com toda essa delicadeza 🙂
Além do GURPS, já exaustivamente citado, e do FUDGE (que suponho que pode ser considerado “Incluso” no FATE), acho que Pendragon fez muita falta também, sendo a melhor combinação entre regras e ambientação, e um dos jogos que mais favorece a interpretação e a imersão dos jogadores. Não colocaria Sorcerer nem Inspecters…