Inacreditável o que uma edição nova do D&D enche de assunto todo mundo, terceiro post em três dias! Eu ia escrever sobre o Mouse Guard RPG, mas recebi um e-mail muito interessante de uma discussão da lista de Forgotten Realms que dizia mais ou menos isso:

“Uma sexta edição é inevitável, assim como as outras foram. Já se sabe que o primeiro livro de cada série é o que mais faz sucesso, fazendo com que os livros seguintes seja sucessivamente menos rentável, até chegar ao ponto que apenas uma nova saga faria voltar a lucratividade. O mesmo não seria diferente com o D&D, mesmo se eles conseguissem fazer o “sistema perfeito” – ainda seria inevitável do ponto de vista dos negócios o lançamento da sexta edição alguns anos depois.”

Eu penso de uma forma um pouco diferente.

Como o Mearls e o Cook discutiram na coluna Legend & Lore, a idéia deles é fazer uma base de regra, que tem a essência do D&D, e depois colocar níveis extras de complexidade opicional de forma a permitir que o D&D seja jogado de qualquer uma das formas diferentes de jogo que foram criadas em cada edição.

Não sei se fui claro, mas a idéia não é “vamos fazer um único livro de regras perfeito e não precisaremos lançar mais suplementos”. Isso nunca foi dito desde o anúncio da 5E e eu duvido que aconteça. Eles ainda vão continuar lançando suplementos e mais suplementos, mas toda a idéia da nova edição é que todo mundo que gosta de D&D volte a comprar o material da WotC e largue tanto os sistemas antigos, quanto os retro-clones e afins.
Isso iria aumentar o lucro da WotC muito mais do que expandir o jogo para novos jogadores. Mas ao mesmo tempo, tendo uma base de jogo simples e pura, facilitaria muito a entrada de novos jogadores, e o sistema iria alcançar ambos os objetivos.

Minha única dúvida – e acho que a de todo mundo – é o quão bem eles vão conseguir fazer isso. O AD&D1E, a versão mais bem sucedida do D&D e que levou o D&D para a cultura mainstream dos EUA teve apenas um laçamento hardback por ano. Grande parte do material publicado era em forma de aventuras e na revista Dragon, e ela foi a edição mais duradoura do D&D.

Se eles realmente conseguirem fazer o que estão propondo, eles terão criado a “edição perfeita”, ou algo próximo disso. Mas repito, não vai ser no sentido de que não vão mais precisar lançar livros de regras, e sim que uma base bem feita significa que o sistema vai poder “evoluir dentro da própria edição“. Bastaria lançar um novo livro de regras, com outras opções, outras modificações de regras, e com complexidades diferentes, que ele serviria para evoluir e manter compatível com o que já foi lançado. Foi o que foi feito com o Essentials, em menor escala – ele manteve a matemática da 4E, mesmo tendo classes com o mesmo nome mas com mecânicas bem distintas.

Não sei se eles vão conseguir isso, e considerando o histórico recente do D&D, tudo indica que a chance de sucesso é pequeno. No entanto eu gosto de pensar que é possível e que os talentos da Wizards vão chegar perto. E mesmo que não seja todo o sucesso esperado, pelo que está sendo divulgado creio que a 5E irá atingir de forma certeira o que eu quero do D&D, e no final é isso que me importa.

E, mesmo que dê errado, sempre existe a possibilidade de se tornar um grognard e continuar joganodo o OD&D, 1E, 2E, 3.x, Pathfinder, Labyrinth Lord, Old Dragon, Castles & Crusades, 4E. Eu acho bem difícil ver uma nova edição como algo completamente negativo – o material antigo continua lá, e agora ainda mais vivo por causa dos PDFs.

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Escrito por Pedro Leone
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