Através das névoas

Eu estava muito feliz com toda aquela situação.

Estava num avião, com mais cinco amigos, viajando rumo a uma cidade desconhecida com uma ótima perspectiva de emprego. Se tudo desse certo, continuaríamos trabalhando juntos, mas agora num local com grandes perspectivas de crescimento.

A alegria tomou conta de todos, embora alguns ficassem ainda apreensivos devido a entrevista, mas pelo menos eu estava muito confiante – ou pelo menos tentava transparecer isso e assim seguimos. Foram 10 horas de viagem até o nosso destino, mas uma viagem confortável, sem muita turbulência.

Desembarcamos e seguimos de carro do aeroporto para o hotel, num trajeto que não levou mais do que 10 minutos.

Assim que chegamos ao hotel, fomos para nossos quartos e após um bom banho nos reunimos no salão do hotel. Tínhamos um dia antes da entrevista e queríamos conhecer a cidade, fazer um passeio de barco pela costa e é claro, comer um peixe, iguaria da região.

Falamos com a proprietária do hotel que nos deu algumas direções. Logo estávamos numa agência de turismo, conversando com uma atendente atenciosa que fez um pacote para conhecer uma ilha próxima a costa. O barco nos levaria até a ilha e lá passaríamos o dia, desfrutando de comida e bebidas típicas da região, mas como todos no grupo não bebem, deixamos a bebida de lado e nos concentramos no mais importante, diversão e comida.

Fizemos um pequeno tour pela cidade, conhecendo as lojas, restaurantes, um dos quais resolvemos experimentar um peixe delicioso e então voltamos para o hotel, onde conversamos até perto das 22 h e em seguida fomos dormir, aguardando com ansiedade o dia seguinte.

A agência ia mandar um carro nos apanhar no hotel às 6 h e deveríamos retornar às 18 h. Havia chovido durante a madrugada e o dia ainda estava um pouco escuro, principalmente por que o sol nessa parte do país nasce por volta das 6:15 h, se pondo por volta das 18:20 h. Dei uma espiada pela janela do meu quarto e a pouca luminosidade foi um convite quase irresistível para voltar para a cama, mas acabei não cedendo a tentação, tomei um banho e desci para o saguão do hotel, onde dois amigos já esperavam.

Quando o carro chegou ainda faltava descer a única mulher do grupo de 6 e tivemos que apressá-la batendo diversas vezes em seu quarto. Ela abriu a porta dizendo que estava apenas terminando de se maquiar. Cinco minutos mais tarde ela desceu e nos encaminhamos para a van que nos esperava.

Três outras pessoas nos aguardavam, além do motorista, e eu pedi desculpas pela demora, entramos e partimos rumo ao porto da cidade, onde iríamos fazer um passeio pela costa da cidade e nos dirigiríamos até a Ilha do Sino, onde passaríamos o dia.

A Ilha do Sino tinha esse nome pois um grupo de monges beneditinos construíram um convento na ilha e o sino podia ser ouvido no outro lado do rio, mas isso foi há muito tempo atrás.

Entramos no barco e recebemos um comprimido que nem me dei ao trabalho de ver o nome, segundo o capitão da embarcação, seria para tomarmos em caso de enjôo. Guardei no bolso da calça e fui até a parte da frente do barco. O sol já havia nascido e eu pude perceber o tamanho do rio: gigantesco. Era perfeitamente possível ver o outro lado, mas deveria haver pelo menos uns dois quilômetros separando as duas margens. Todos a bordo, o capitão zarpou. Levamos uma hora e meia margeando a cidade e só então seguimos para a ilha.

Um fato que me causou curiosidade é que a ilha estava envolta por uma névoa espessa, mas o capitão nos disse que aquilo era normal e era causado pelos ventos fracos e pela umidade da floresta, mas que assim que o sol ficasse mais forte ela iria se dissipar. O passeio estava agradável e todos ríamos muito, esquecendo-se até da prova do dia seguinte. Que maravilha, era isso que queríamos.

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Visualizar Comentários (7)
  1. Franciolli Araújo

    Valeu meu amigo.O local é fictício, mas altamente baseado na penúltima viagem que fiz.Espero que consiga continuar e engrenar da forma que estou pensando.

  2. Prevejo coisas indizíveis e inomináveis envolvendo o convento beneditino e o comprimido oferecido pelo capitão ;)Existem locais que jamais deveriam ser visitados…

  3. Daniel Coimbra

    E ainda digo pro povo daqui que a região é altamente jogável… e os caras insistem em apelar pras terras ianques…: )

  4. Franciolli Araújo

    Saudações Daniel.A região é muito jogável sim. Pense eras atrás e ele daria um cenário perfeito para D&D, com elfos reclusos vivendo na floresta em conflito com os anões que vivem nas serras e exploram o minério.Bem mais atrás ou adiantando bem, que segredos cthulhescos escondem essas florestas e as lendas?Apelando para Storryteller/Storytelling, de quem era o interesse e por que, de deixar a região sem desenvolvimento por tanto tempo, fechando verdadeiramente as entradas.Será que os gringos se interessam somente pelo minério, a fauna e a flora do local ou existem interesses mais escusos e mistícos por trás?Pano para manga? Tem e muito.

  5. Daniel Coimbra

    Sim, sim, para a ambientação de Lobisomem, o Apocalipse, então, prato cheíssimo!: )Uma pena não termos nossa cultura mais explorada pelos autores nacionais, ou pelo menos não tão divulgada.Dia desses tava relendo o clássico Desafio dos Bandeirantes, nossa, que bacana ver nossa história ali.Nada contra Tagmar ou Tormenta, já me diverti muito com o primeiro, mas quando nos deparamos com algo que beba do fantástico que nos cerca, a coisa se torna visivelmente encantadora, vide Hi-Brazil, da Daemon.

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