Os lideres do ataque fugiram, ou pelo menos nos fizeram pensar que fugiram, mas retornaram com um contingente muito maior. Graças as habilidades de Limiel e a coragem de Ingbnil conseguimos achar uma passagem protegida que nos leva a uma baía, enquanto Ingbnil tenta despistá-los, separando-se da comitiva.
Ao longe é possível perceber uma cabana solitária na praia e decidimos ir até lá, confiando na possibilidade dos orcs se atrasarem, ou menos não encontrarem a nossa trilha em virtude dos poderes utilizados por Limiel.
Tentando ser furtivo nos aproximamos da cabana pela mata e somos recebidos por um velho homem, cujas ideias parecem embaralhar-se a medida que conversa, feliz por nos ver, afirmando que não vê ninguém a muitos cair das folhas e triste por recordar-se de algo que ficou no mar.
Ao convidar-nos para entrar em sua casa, toca nossos ombros em sinal de amizade, ao que nossos ferimentos são instantaneamente curados. O homem, que não recorda seu nome, diz que a última visita que recebeu foi de um homem alto e muito belo que lhe deixou presentes a muito tempo e que procurava seu irmão, que ele também não soube nos dizer o nome.
Os presentes, um conjunto de pratarias de uma beleza extraordinária, obra de um grande mestre artífice, que destoava de tudo ali naquela cabana simples. Naquele momento percebemos uma característica no velho homem, sua mão direita estava queimada, o que dificultava os movimentos com ela. Isso era estranho, pois se ele conseguiu nos curar, porque exibia um ferimento como aquele?
Limiel, conversando com ele, descobriu que ele é, ou fora um elfo, mas exibia características de envelhecimento, algo incomum para os elfos.
Já tarde da noite, Limiel e nosso anfitrião gritam que precisamos partir, pois uma grande quantidade de orcs está passando pela passagem e vem rápido em direção a praia.
Nosso anfitrião nos mostra um caminho que devemos seguir, diz que sabe como lidar com aquela escória e nos ordena que partamos.
– Vocês não morrerão como meus amigos! Vão. Eu sei como lidar com eles!
Corremos para onde ele apontou, subimos um pouco o monte e encontramos uma passagem, a tempo de vê-lo junto a água do mar, levantando os braços e proferindo algumas palavras que o vento não nos permitiu escutar. Na praia, quase trezentos ocs corriam em direção ao velho, mas eles já estavam mortos.
O mar recuou rapidamente e nas ondas eu vi, Ulmo, despejando sua fúria sobre a praia.
Alguns orcs tentaram fugir, mas a onda de destruição trazida por Ulmo era mais forte do que qualquer coisa que eles já tenham presenciado, e foi a última.
O velho se foi junto com as ondas, mas Ulmo me disse, de alguma forma, que tudo estava bem e uma história triste tivera ali um final feliz.
Optamos por continuar nosso caminho e apressadamente nos aproximamos deLindon, onde ainda longe de seus portões, fomos cercados e encarcerados pelos senhores elfos da guarda que estavam sob o comando de Halor, que não gostou da maneira como eu me dirigi ele.
Não sabíamos em quem confiar e nossa missão em Lindon era secreta.
Despojados de nossos bens na prisão, Halor viu o pergaminho em branco, que revelou-se uma têw mellon, ou carta de amigos, especialmente escrita para ser lida em mãos amigas.
Fomos imediatamente liberados e levados até uma sala, onde após alguns minutos de espera, fomos ouvidos pelo Grande Rei Gil-galad e seu arauto, o senhor élfico Elrond.
Eles nos perguntaram quem éramos e lhes contamos toda a nossa jornada, de Mithlond a Lindon e acha estranho a intervenção dos Valar, o que parece conferir um prospecto ainda mais terrível da situação. A menção do velho na praia o encheu de temor, mas trouxe um pouco de luz a nossa jornada.
O velho na praia era Maglor, segundo filho de Feänor, grande senhor élfico que criou as Silmarills, que preso ao juramento do pai de recuperá-las da posse de quem quer que fosse. De acordo com Gil-galad, Maglor conseguiu recuperar as duas últimas jóias que foram tomadas de Morgoth pelos Valar, mas devido os atos vis que cometeram para conseguir recuperá-las tem suas mãos queimadas.
Maglor, não aguentando o sofrimento, joga a sua Silmarill no mar e começa a vagar pela costa cantando lamentos sobre a perda da mesma.
Gil-galad então desconfia que o homem que ofereceu presentes a Maglor, procurando por seu irmão, busca então Maedhros e sua Silmarill, algo realmente terrível, uma sombra então muito mais escura do que previsto anteriormente.
Com pesar, Gil-galad informa Gloran que Belegost foi tomada por orcs. Com um grande número que sobrepujou completamente a força anã. Muitos sobreviventes foram para Lindon e outros para Khazad-dûm.
Já era tarde, estávamos cansados e precisamos descansar, mas algo me dizia que teríamos que ir a Belegost descobrir porque eles invadiram aquele lugar e porque uma força tão grande foi enviada para destruir o lar de uma pequena quantidade de anões.