Uma dezena havia se passado desde que encontramos a folha de ouro mágica naquela antiga tumba e confrontamos o pequeno grupo de shadovars que nos perseguiam. Tomado pela energia mística que circulava em profusão no pergaminho de ouro, consegui conjurar sobre o grupo uma magia da qual nunca havia sequer ouvido falar, mas que agora fazia parte do meu repertório.
Os bedine continuavam me ajudando, mas eu precisava sair rapidamente do deserto. Eu precisava encontrar um lugar seguro e pessoas que pudessem me ajudar a manter o artefato em segurança e principalmente, verificar se ele poderia ser utilizado na guerra que estávamos travando constantemente com os shadovars.
– Para onde vai agora, mestre? – Perguntou o mais novo entre os bedine que me acompanhavam.
– Eu não sei! Preciso sair do deserto e conversar com algum alto mestre. Preciso entender a magia que existe neste artefato e como ele poderia nos ajudar na luta contra os nethereses. – Disse preocupado, mas com as palavras fluindo naturalmente.
– Somente os antigos nethereses podem ajudar a decifrar esse segredo, meu senhor! – Disse o mais velho do grupo. – E os antigos estão mortos, mas há um, dentre os mortos, que é temido e reverenciado entre os vivos e dizem que seu poder ainda é grande no deserto. Talvez ele pudesse ajudar.
– Não posso correr riscos. Preciso levar este artefato para fora do Anauroch. Vou buscar ajuda em Candlekeep. Lá eu encontrarei respostas.
Naquela noite, em minha tenda, resolvi investigar o artefato.
Aguardei até que somente os barulhos da noite pudessem ser ouvidos, quando os bedine estivessem dormindo ou afastados do acampamento, fazendo a vigia.
Desembrulhei o artefato e coloquei-o sobre um pano. Fechei os olhos, liberando a energia mística acumulada e quando os abri, contemplava o espaço confinado a partir do umbral.
Aquele momento de pura concentração, me fez recordar as primeiras aulas na Torre do Mago em Waterdeep, onde o instrutor pedia que conjurássemos a magia e identificássemos cada uma das escolas pela aura emanada correspondente.
Do pergaminho dourado, fagulhas com grande intensidade de energia emanavam em todos os espectros, indicando todas as escolas de magia que se faziam presentes naquele artefato.
Um turbilhão de energia azul, da escola de transmutação entremeava-se com o vermelho da evocação, o verde da conjuração, o amarelo dourado do encantamento, a cor laranja da abjuração, o padrão transparente da divinação e o índigo quase imperceptível da ilusão, também misturado ao negro da necromancia e o branco da magia divina.
Como um artefato pode conter as auras de todas as escolas de magia, somada ainda ao padrão branco e puro da magia divina? Que artefato poderoso seria este?