Foi sem pretensão. Sabia que íamos jogar Tagmar, mas pensei, não fará mal levar para a sessão o Lamentations of the Flame Princess. Imprevistos acontecem.
No meio da manhã recebo um e-mail, O MESTRE dizia que não poderia jogar. Havia chegado de viagem e estava muito cansado. Alguns e-mails trocados e havia a quase certeza de que apenas três pessoas poderiam reunir-se. Marquei presença e meus receios se concretizaram.
Saquei o LotFP e fiquei pensando se seria uma boa ideia narrar qualquer que fosse a aventura com aquele sistema, afinal, só haviam dois jogadores e o sistema não é nem um pouco gentil. Foi então que perguntei se ainda estavam guardadas fichas de sessões passadas e consultando-as encontrei fichas de Dungeon World, de uma sessão que jogamos havia alguns meses, cujos personagens haviam evoluído para o segundo nível.
Perfeito, pelo menos eu sabia que em Dungeon World eu conseguiria regular melhor o nível de desafio e proporcionar uma noite de emoções para os dois jogadores. O resultado final, acredito, foi positivo e todos se divertiram.
Planejamento
Não havia um plano! Eu sequer sabia qual sistema jogar, ou sequer se ia jogar naquela noite. Eu simplesmente vi as fichas e achei que seria legal experimentar mais uma vez o Dungeon World e funcionou, daí me lembrei do plot de uma aventura que mestrei alguns meses antes em um playtest do D&D Next, a Night of the Walking Dead baseado em Ravenloft e achei que daria certo.
Anteriormente em…
Em uma aventura anterior, eles chegaram a uma taverna de estrada, após fugir de Darkon, após uma onda de energia negativa ter transformado todos, menos os personagens, em mortos-vivos. Após alguns dias na taverna, eles saem para caçar e verificar o caminho a frente, para ter uma noção que caminho devem tomar e dividem-se em grupos para explorar. Um dos grupos foi formado por um ranger e uma barda, que em meio a caçada viram-se cercados por uma estranha névoa que os transportou para um pântano.
Combates, andanças e uma ajuda inesperada
Ainda sem entender o que aconteceu, tentam conseguir comida no pântano, vasculhando a lama em busca de caranguejos, mas ao invés disso, a barda encontra uma lança enterrada e o ranger percebe três homens lagartos aproximando-se.
Três homens lagarto, usando as estatísticas de trogloditas, que caíram sobre os dois personagens com suas lanças e mordidas. Após um combate emocionante, com os homens lagarto sobressaindo-se ao grupo por estarem em seu ambiente natural.
Um homem lagarto consegue derrubar a barda, caindo sobre ela e abrindo sua bocarra para abocanhá-la, no melhor estilo Dentadas x Donzela de Tarth, mas a donzela não dispunha de um grito mortal. Em pouco tempo a maré da batalha se vira contra os homens lagarto e o grupo, ainda que ferido, prevalece, recuperando-se um pouco com a ajuda dos poderes curativos da barda.
Mais adiante, os personagens vêem uma luz bem a frente, e seguem esta luz por um longo tempo, passando a distância do que parece ser uma luz de fogueira, mas que eles não identificam muito bem por estar encoberta pelas árvores do pântano e de lá ouvem uma voz:
Venham! Aqueçam-se nesta fogueira. Nenhum bem vem das luzes do pântano. Venham. São bem vindos aqui.
Sem dar atenção a voz, continuam seguindo a luz, embora a barda vacile por um segundo. Mais a frente ficam presos em areia movediça e a luz que perseguiam aproxima-se para atacá-los. A bola de luz é rápida e ataca com raios de energia, colocando-os rapidamente a beira da morte, mas alguém vem em socorro deles, conjurando magias e jogando uma corda para que eles se libertem da areia movediça. Enquanto correm da bola de luz, uma lança passa zunindo por eles e põe fim a criatura e logo estão todos admitidos em um acampamento Vistani no meio do pântano.
Após muita conversa, os personagens empreenderam uma jornada perigosa e chegaram a uma vila, onde uma tempestade acaba de começar e um estranho funeral acontece, com um caixão amarrado por correntes, no qual o morto parece debater-se dentro do caixão.
Uma vila sob ataque
Sem dinheiro, os dois vão até a estalagem e perguntam se poderiam trocar serviços por uma estadia e comida. O taverneiro aceita e após um banho e uma refeição, a barda começa a cantar, e o ranger a servir mesas e ajudar no preparo de refeições. Isso rende a eles uma série de informações. Boatos sobre estranhos assassinatos na vila, que alguns atribuem a um vampiro. Lá pelas tantas, a porta da estalagem é arrombada e quatro zumbis entram, atacando quem está lá dentro.
Nesta hora achei fantástica a postura dos jogadores, que assumiram estar sem nenhuma de suas armas, já que não iriam trabalhar armados – alguns jogadores insistiriam estar com suas armas. O combate foi muito mais difícil do que eu previra.
Os jogadores conseguiram inúmeros resultados 6- o que eu normalmente colocava como os zumbis ganhando alguma vantagem sobre eles, como derrubando-os e mordendo-os e no final do combate eles simplesmente caíram em função dos ferimentos, ainda que não tenham morrido.
Mais tarde, eles acordam e ficam sabendo que foram enterrados, ou pelo menos, quem os está ajudando enterrou alguém no lugar deles para que eles desaparecessem. Informa uma série de coisas e diz que eles precisam ajudá-los a livrar-se da onda de crimes e pergunta se tiveram sonhos. Ambos tiveram, com vislumbres do que estava acontecendo.
Como tiveram tempo de descansar, recuperando-se de seus ferimentos, também ganharam um nível – conseguiram acumular pontos suficientes durante a sessão – e alcançaram o 3º nível, mas assumiram não poder continuar sem ajuda. Contra 4 zumbis quase foram mortos, imagina contra vários outros zumbis, um zumbi lorde [que é o responsável por levantar os mortos], um clérigo e o irmão gêmeo do zumbi lorde, um humano e responsável pela vila.
Considerações finais… mas sem um ponto final
Sem dúvida nenhuma esta foi a sessão de Dungeon World mais divertida que eu já mestrei. Não havia preparado nada, mas tinha uma ideia que poderia ser usada para apresentar a aventura e joguei para ver as coisas acontecerem.
Foram três horas de tensão, com combates empolgantes e reviravoltas importantes que tenho certeza absoluta, os
jogadores apreciaram. Dungeon World consegue preservar o alto nível de tensão, característico do cenário Ravenloft, sem muito esforço e os personagens realmente lutaram por suas vidas nos três combates que enfrentaram.
Agora é esperar pela próxima oportunidade, com pelo menos mais um jogador para ajudá-los nesta empreitada difícil: livrar a cidade de um terrível Zumbi Lorde e seus asseclas.
Interessante esse seu relato. Eu venho me perguntando exatamente se o Dungeon World funcionaria bem fora da dungeon, como numa aventura como a Night of the Walking Dead.Eu mestrei essa mesma aventura recentemente, com muito sucesso, usando o sistema HeroQuest 2a ed.
Esse Range não e de nada! rsrsAquilo era um Fogo Fátuo?Eu tenho me interessado cada dia mais por DW e esses seus relatos tem sido bem legais. Estou planejando um campanha de Pathfinder que estou cada dia mais pensando em converter pra Dungeon World. Mas a pergunta: DW Funciona pra longas campanhas?
Eu havia feito o playtest do D&D Next com ele, mas achei que a tensão gerada pelo Dungeon World foi muito maior e com dois jogadores eu consegui um nível de imersão que não havia conseguido ainda em jogos de Dungeon World.
O sistema de evolução de Dungeon World vai até o décimo nível, mais do que suficiente, em minha opinião para fazer os personagens viverem grandes aventuras.Quando seu personagem chega ao 10º é hora de deixar outra pessoa seguir os seus passos. Eu acredito que funciona bem, mas só testando.
Excelente AP, Franciolli! Muito massa de ler!
Fiz uma versão BEM maior, com comentários de várias partes e postei aquihttp://diariosdecampanha.forjarpg.net/dungeon-world-ravenloft-s03/
Estou lendo mas já adianto que você deveria ter postado a maior logo de uma vez 😀