Se você já leu e gosta de RPGs indies, saiba que isso só ocorreu provavelmente devido a um jogo que começou esta onda: Sorcerer, de Ron Edwards. O mesmo Ron Edwards que começou toda a discussão de teoria de RPG e que mantinha o finado fórum The Forge, agora botou uma nova edição ampliada e comentada do Sorcerer em financiamento coletivo no kickstarter.
Com um pedido humilde de 5 mil dólares mas um prazo apertado de 14 dias, com 25 dólares você recebe o PDF do Sorcerer Upgrade, e mais um PDF com os 3 suplementos juntos: Sorcerer & Sword, The Sorcerer’s Soul, e Sex & Sorcery. Se você não conhece o Sorcerer, melhor deixar o próprio Ron Edwards explicar sobre o que é o jogo:
http://vimeo.com/56617196#
Eu não consigo dizer coisas boas o suficiente sobre o Sorcerer. Boa parte do que eu escrevo aqui veio diretamente ou é inspirado dos escritos do Ron Edwards do livro básico ou de um dos seus suplementos. O sistema é simples e a primeira vista bem tradicional, mas quem aprecia o estilo narrativista de jogo não pode deixar passar essa oportunidade.
Ok, a parte legal é a seguinte: se o projeto chegar a 10 mil dólares (o que é quase certeza de chegar), todo mundo que contribuiu vai receber uma cópia softcover dos livros. E como eu quero garantir minha cópia, quero ver todos contribuindo. 🙂
Sensacional! Fiquei muito animado com o upgrade! Sem duvida vou contribuir!
O Sorcerer tem muitas boas ideias que inspiraram o movimento independente que partiu da Forge, coisas como os kickers, os bangs, bass-playing, etc., mas o jogo em si está um pouco desalinhado com os seus propósitos. Quem o lê e vê a lista de poderes, o Lore ou o Cover facilmente fica com a ideia de jogar com uma party secreta de caçadores de demónios em busca dos mistérios de um mundo escondido quando Sorcerer não é suposto ser nada disso.No mundo de Sorcerer não existe magia nem demónios, não é um cenário de fantasia urbana, é um jogo passado na realidade tal e qual a conhecemos, só que os personagens dos jogadores querem tanto alguma coisa que conseguem invocar um demónio e prender-lo ao seu serviço. Sim, não é suposto acontecer, não faz sentido, é algo à margem da realidade. No centro do jogo estão as ambições e os desejos destas personagens e não a descoberta de poderes ocultos. Esta proposta é interessante, mas não está totalmente suportada pelo jogo, pelo que é possível não perceber qual ela é e simplesmente começar uma campanha de fantasia urbana como se Sorcerer fosse só mais um RPG ao estilo do World of Darkness ou do Witchcraft.O meu principal problema é não ter forma de estruturar uma sessão para que todas as personagens possam ter protagonismo. Todas elas podem ter muito que fazer, mas não vejo motivo para andarem juntas, muito pelo contrário. Teem é que tomar conta dos seus objetivos pessoais e lidar com as consequências de terem invocado um demónio. Fico sempre com a impressão que cada jogador cria a sua personagem sozinho e joga sozinho com o mestre. É o tipo de RPG que funciona bem só com dois ou três jogadores. Como é que eu posso levar Sorcerer para um encontro?
Ricardo, você acertou em cheio em todas as suas considerações. Aliás, é exatamente desta forma que o Ron Edwards apresenta o Sorcerer no vídeo que ele colocou no kickstarter e que botei no artigo aqui acima. Definitivamente o Sorcerer não é apenas um cenário de fantasia urbana.Quanto ao seu último parágrafo, eu acho que isso não deve ficar apenas nas costas do mestre. Acho que deve ser algo que todo o grupo deve conversar e levar em conta nos seus kickers. A técnica do storymap, que é apresentada em um suplemento, deve dar conta de colocar todos os personagens na mesma história, ainda que em pontos diferentes. E quanto a parte do encontro, o Sorcerer e se não me engano mais de um suplemento tem cenários prontos para usar em encontros, não tem? Me lembro de um particularmente perturbador que li no Sex & Sorcery, de uma grávida cujo demônio é seu feto. Ugh.
Eu conheço pouco dos suplementos (tenho o livro principal), mas confesso que é por eles que estou interessado no financiamento. Talvez seja este ano que eu jogo pelo menos uma sessão de Sorcerer 🙂