Gelo, Fogo e RPG

Neste final de semana terminei de ler o quinto volume de As Crônicas de Gelo e Fogo, A Dança dos Dragões, ficando com aquele gosto de quero mais, ansioso pelos dois próximos volumes, que até o momento não tem previsão de lançamento.

Cada um dos 348 capítulos dos livros já publicados vale pelo menos uma campanha inteira de RPG, cada um deles com dezenas de situações que poderiam ser exploradas em uma sessão de RPG, sejam elas aventuras envolvendo combates [singulares ou em massa], intrigas, investigação e estórias românticas, e como elas interferem na história.

Antes de começar a ler as crônicas, lia muitas pessoas comparando com O Senhor dos Anéis, mas após ler o primeiro volume, me convenci que EU não poderia compará-los. São estilos diferentes, com tipos de fantasia diferentes. O Senhor dos Anéis parece mais poético, até mais inocente, enquanto As Crônicas de Gelo e Fogo é brutal, adulto e seus personagens nunca podem ser definidos como bons ou maus, embora alguns tenham uma inclinação maior para determinado alinhamento moral – os personagens perdem a inocência muito cedo.

Game of Thrones Poster

O autor nos faz amar alguns personagens nos primeiros volumes, só para matá-los em seguida e nos odiar alguns, só para mostrar lá na frente que eles, apesar de seus defeitos, são seres humanos falíveis, capazes de errar, mas também capazes de atos redentores, como é o caso de Jaime Lannister, personagem arrogante e capaz de atos vis, que ganhou muito após ter sua mão decepada.

E tudo isso me faz pensar em campanhas de RPG, não aventuras, mas campanhas, onde exploramos a personalidade de cada um dos personagens dos jogadores, desenvolvendo-a, mudando-a com as situações, afinal, essa é a natureza humana. Nos adaptamos porque aprendemos. O vilão de ontem pode redimir-se e tornar-se o herói de amanhã.

Outro aspecto, que os leitores mais atentos perceberão, é a teia de eventos. Um acontecimento em Westeros desencadeia acontecimentos do outro lado do mundo e vice-versa. Eventos do passado tem suas consequências sentidas somente agora, mostrando que a teia de eventos é atemporal e sem fronteiras geográficas.

Atualmente, no Fórum ForjaRPG, o Pedro Leone iniciou um Play by Forum das Crônicas de Gelo e Fogo usando o sistema Burning Wheel. Até o momento só criamos os personagens, mas o processo de criação pareceu-me encaixar-se de forma primorosa no estilo do cenário, me deixando tão ansioso para jogá-lo quanto para ler os volumes ainda não publicados.

Há muito de RPG que se possa discutir a partir dos romances de George R. R. Martin e eu penso fazer isso em breve, com a ajuda de alguns outros forjadores que já leram a obra.

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Visualizar Comentários (3)
  1. Ótimo texto! A parte de as pessoas compararem os universos sempre acontece, mas concordo com oque você escreveu. A minha única crítica é que em textos desse formato tinha que ser evitado alguns tipos de informações (a parte que você fala da mão decepada do Jaime), tem gente que não gostaria de receber esse tipo de spoiler e acaba se deparando sem querer com essas coisas. Mas enfim, parabéns! Descobri o site recentemente, e ó: nota 10! haha

  2. franciolli

    Obrigado pelas dicas Gabriel.Poderei sobre “a mão decepada de Jaime”, mas preferi deixá-la, uma vez que quem não leu os livros e não está acompanhando a série, deve fazê-lo imediatamente.

  3. Matheus Jack

    Essa “humanização” dos personagens é uma das grandes contribuições que rpgistas podem tirar das Crônicas de Gelo e Fogo.Já a “teia de eventos” é útil para mestres com campanhas mais abertas (além de fascinante enquanto leitor).Por fim, o estilo brutal e adulto, outro ponto forte, pode também ser muito bem visto em outro grande escritor: Bernad Cornwell.

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