Saudações aventureiros e aventureiras.
No terceiro artigo da série Marcha para o Oeste, originalmente publicado no site Ars Ludi, falaremos sobre a reciclagem de material para a campanha, ou como eles podem ser reutilizados várias vezes.
A série de artigos está dividido em sete partes:
- Marcha para o Oeste
- Marcha para o Oeste: Compartilhando Informações
- Marcha para o Oeste: Reciclando
- Marcha para o Oeste: Morte e Perigos
- Marcha para o Oeste: Mestrando sua Própria Campanha
- Marcha para o Oeste: Segredos e Respostas
- Marcha para o Oeste: Camadas de História
Mestrar jogos por demanda frequentemente dá um monte de trabalho, mas como a campanha é ambientada em uma região fixa, existem formas de maximizar a reutilização do material já preparado.
Reutilizando mapas: masmorras emergentes
Os mapas são um bom exemplo – eu posso colocar toneladas de detalhes nas regiões selvagens porque eu sei que os personagens poderão retornar a estas áreas com freqüência. Mesmo depois que alguns personagens tenham explorado uma região, eles ainda terão que atravessar aquela área para chegar à regiões mais distantes. Além disso, uma vez que existem vários jogadores, sempre terá alguém visitando aquela área pela primeira vez. Muito retorno para o investimento. Agora, compare isso com um jogo normal, onde os jogadores podem passar por aquela região e nunca mais voltar ali.
Mapas do interior de masmorras, ruínas, etc., também são um excelente investimento, porque mesmo que o grupo chegue e extermine todas as criaturas, a estrutura física da masmorra não vai mudar. Volte uma estação depois e quem sabe o que terá fixado residência. Extermine os kobolds entrincheirados na masmorra e na próxima primavera, bolores e fungos, que eram um perigo menor, se espalharam, formando colônias inteiras de guerreiros cogumelos. Afaste os piratas do Forte Inundado e seus salões vazios se tornam o território de caça dos demônios peixe marinhos – ou talvez, o local permaneça vazio. Estas masmorras emergentes são uma característica chave das campanhas Marcha para o Oeste.
Reutilizando perigos: encontros aleatórios
Outra ferramenta extremamente importante são as reverenciadas, e ainda assim ridicularizadas tabelas de encontros aleatórios. Não, isso é sério. Pense nisso: ao criar uma tabela única de encontros aleatórios para cada região selvagem (uma para os Pântanos Batráquios, uma para as Colina Fendida, etc.) eu posso esculpir cuidadosamente o conceito para cada região. Isso me fazia pensar muito cautelosamente sobre como cada área se parecia, quais criaturas viviam ali, e os tipos de terrenos perigosos que faziam sentido (qualquer coisa, de pântanos a deslizamentos de rochas, a exposição à febre dos pântanos). Elas efetivamente definem a região.
As tabelas de monstros errantes, ou encontros aleatórios, quando bem elaboradas, definem efetivamente a região.
Muitas tabelas possuem um ou mais resultados que pedem para o jogador jogar na tabela de uma região vizinha. Se você estiver no Vale Minol, você pode ir ao encontro de um grupo de caça goblin que veio pela passagem da Floresta da Aurora. As chances são determinadas baseando-se na probabilidade das criaturas vagarem entre as regiões.
Para todos os encontros existe também uma chance de obter dois resultados ao invés de um: jogue duas vezes e apresente uma situação combinando os dois resultados. Isso poderia ser um urso preso em areia movediça, ou um urso que se aproxima enquanto o grupo está preso na areia movediça. Combinar o resultado de dois encontros aleatórios é uma forma certeira de apresentar um encontro interessante.
Ter essas tabelas detalhadas de encontros aleatórios ao meu alcance, garantia que eu sempre estivesse preparado quando os jogadores decidissem fazer uma “leve exploração”. Estas tabelas foram usadas muitas e muitas vezes.
Os jogadores nunca viram essas tabelas de encontros aleatórios, mas eles passaram a conhecer a região muito bem. Eles sabem que acampar na Charneca das Batalhas é implorar por problemas (principalmente próximo da lua cheia). Eles sabem que é prudente viver e deixar viver nas Colinas Douradas, e aprenderam a manter os ouvidos abertos para o som de chifres de goblins na Floresta da Aurora. Especializar-se no modo da campanha Marcha para o Oeste é parte de seu trabalho enquanto jogadores, e um distintivo de reconhecimento quando são bem sucedidos.
Depois de muitos anos jogando, acabamos nos tornando colecionadores, acumuladores de conhecimento, seja de conteúdo na forma impressa quanto digital e em alguns casos, a pilha de material impressionaria o mais poderoso dos dragões.
Contudo, tirando pela minha própria experiência, e falando exclusivamente por mim, normalmente me perco diante de tantas referências, a maioria das quais nunca usei e nunca vou usar e embora não seja tarefa fácil criar um grupo grande de jogo, a ideia de criar um cenário no qual os materiais possam ser reutilizados dessa forma, e não como um jogo que você zera e tenta jogar novamente, com os mesmos jogadores, mas com personagens diferentes, é muito tentadora.
Cada vez que leio mais sobre esse tipo de campanha, mais fico interessado. E vocês, aventureiros e aventureiras? Gostam do conceito deste tipo de campanha? O grupo com o qual vocês jogam se interessariam por esse estilo de jogo?
Até o próximo artigo!
Sensacional