Embora os ambientes subterrâneos possam parecer todos iguais, especialmente quando as personagens não conseguem ver um palmo à frente do nariz, uma grande variedade de ambientes aguardam aqueles que desejam explorar as profundezas.
As diferenças fundamentais entre os locais subterrâneos estão ligadas às suas origens. Elas foram criadas por forças geológicas como erosão, terremotos ou erupções vulcânicas? Ou pelo esforço de criaturas inteligentes ou não, para servir aos seus propósitos?
Grutas e cavernas são criadas por forças naturais e possuem características especiais. Normalmente, estes locais funcionam como pontos de partida de aventuras (#quemnunca).
Mas qual a diferença entre gruta e caverna?
O termo caverna se refere a qualquer cavidade natural em rocha, com dimensões que permitam acesso a seres humanos. Pode ser de vários tipos, conforme topografia, comprimento e forma.
Gruta é um tipo de caverna, predominantemente horizontal, com mais de 20 metros de comprimento. Pode ter desníveis internos e salões, mas nem sempre é possível atravesá-la de um lado para o outro.
As formações mais comuns são as calcárias, marítimas e de lava.
Cavernas Calcárias
Essas cavernas são o tipo mais comum, e ocorrem em zonas de rochas carbonáticas, como mármore e calcários.
São criadas pela ação corrosiva e erosiva da água percolando a rocha. As águas da chuva auxiliam na formação dessas cavernas, pois o dióxido de carbono absorvido pela água ajuda a formar ácido carbônico diluído, que solubiliza o calcário.
A medida que a água percola pela rocha, aumentando as passagens, a caverna cresce. Mudanças no nível da água causada pelas secas, enchentes, ou movimento gradual do terreno, pode aumentar ou diminuir o fluxo de água pela caverna. Se o nível de água diminui, as passagens antes submersas ficam secas e cheias de ar, criando cavernas iguais aquelas que abrigam criaturas desde o começo dos tempos.
Essas cavernas podem ser acessadas através das entradas e saídas de água que uma vez fluíram por ela. Embora normalmente sejam tortuosas, estreitas e ingremes, estas são os acessos mais comuns as cavernas calcárias.
Quando as cavernas crescem muito, há o risco de não suportarem o peso das rochas acima. O desmoronamento do teto da caverna provoca o surgimento de dolinas (sinkholes) na superfície. Os aventureiros que desejarem, podem, com auxílio de cordas, entrar nas cavernas por estes buracos.
Quando a água é drenada da caverna calcária, não é incomum que infiltrações ou mesmo pequenos fluxos de água continuem a gotejar por ela. A percolação de pequenas gotas de água são responsáveis pela formação das formações rochosas familiares a todos que se aventuram pelo subterrâneo.
Algumas formações rochosas se originam a partir da dissolução dos minerais e de sua recristalização. As formações mais comuns são:
Estalactites: são formações rochosas que crescem do teto em direção ao solo.
Estalagmites: são as formações rochosas que crescem do solo em direção ao teto.
Colunas: são a união de uma estalactite com uma estalagmite.
Escorrimentos: formações rochosas que ocorrem nas paredes das cavernas, podendo receber o nome de órgãos, candelabros, pingentes, discos, folhas e cascatas rochosas, dependendo da forma.
Cortinas: formadas em tetos inclinados, pelo escorrimento da água, que ao percorrer o mesmo caminho, cria finas paredes onduladas. Quando atingem o chão se tornam espessas e resistentes.
Helictites e heligmites: formações espiraladas que se formam no teto, paredes, chão ou mesmo outras formações. Lembram as raízes de uma árvore.
Flores: formações de aragonita, calcita ou gipsita, que se irradiam em todas as direções, a partir de um ponto central ou de um eixo. Algumas são esféricas como um dente de leão, outras lembram cachos de flores ou flocos de algodão.
Se a água continuar a percolar pela caverna, ela é considerada uma caverna viva, onde estes elementos continuam a se desenvolver. Algumas cavernas podem crescer a tal ponto que podem se recuperar dos processos que a formaram inicialmente.
Estes elementos das cavernas brilham e reluzem quando na presença de luz. Elas também são muito resistentes, e embora algumas áreas de escombros possa obstruir passagens, estas cavernas são geralmente muito limpas e quase isentas de poeira. Isso, claro, antes da caverna ser usada por criaturas do mundo exterior ou ser exposto ao ar da superfície.
A lama também é um elemento muito comum em uma caverna viva. Todas as áreas baixas que não são regulamente lavadas por água corrente, contém poças de lama pegajosa. Dependendo da drenagem e da forma da área, estas poças de lama podem ser relativamente profundas.
Caso a caverna não esteja mais sujeita à percolação da água, ela é considerada uma caverna morta. Os elementos de uma caverna morta não brilham e se desenvolvem muito lentamente, uma vez que não existe percolação da água para reforçar este crescimento. Se ficar sem água por muito tempo, os elementos da caverna se tornam quebradiços e eventualmente se desintegram em poeira.
As cavernas mortas são mais propensas a ter destroços do que suas contrapartes vivas. Uma camada de poeira está sempre cobrindo tudo. Caso seja encontrada água, ela muito provavelmente estará parada a muito tempo, devido a baixa temperatura do local e falta de luz do sol.
Algumas cavernas calcárias são inundadas. Estas cavernas não possuem os elementos descritos anteriormente, a menos que a inundação tenha ocorrido depois da formação destes elementos. Normalmente, a entrada para cavernas inundadas é suave e livre de escombros. Apesar disso, a água pode fluir por aberturas muito apertadas e tortuosas, dificultando ou tornando impossível a passagem de personagens.
Cavernas Marítimas
São formadas ao longo da costa devido a ação erosiva da rebentação nas rochas. São normalmente menores que as cavernas calcárias.
As cavernas marítimas são frequentemente inundadas. Dependendo da mudança das marés, essas cavernas podem ficar completamente submersas, sua entrada escondida de todos os observadores que também não estejam submersos. Por outro lado, se o nível da água diminuir ou o assoalho se elevar, ela pode ser encontrada em um penhasco, acima da zona de rebentação, ou mesmo vários quilômetros no continente, caso a costa tenha se movido gradualmente para longe do mar.
Elas possuem pisos, paredes e tetos lisos, sem nenhum dos elementos das cavernas calcárias. Por ter um acesso relativamente mais fácil, não é difícil encontrar relíquias e sinais da presença de antigos habitantes, alguns dos quais ainda podem fazer do local, sua morada.
Quando a água de um rio contorna uma curva, a erosão provocada pela água pode produzir cavernas com características muito semelhantes a das cavernas marítimas.
Cavernas de Lava
As cavernas de lava são formadas quando a crosta de um fluxo de lava endurece, mas a lava dentro da crosta continua a fluir. Se permanecerem as condições ideais, a lava continua a fluir, deixando um espaço cheio de ar que pode alcançar tamanhos consideráveis.
As cavernas de lava são encontradas normalmente em áreas com atividade vulcânica. Elas não possuem os elementos comuns às cavernas calcárias. A menos que a caverna esteja situada em uma região com alto índice de chuvas, ou tenha uma elevação muito baixa, ela pode ser completamente seca. Devido a sua origem, muitas cavernas de lava não possuem conexões com a superfície. Sua descoberta só podendo ser feita através de escavações casuais, ou quebrando uma área da crosta muito fina.
Terremotos e deslizamentos podem ocasionalmente criar câmeras subterrâneas que são tenuemente suportadas por escombros acumulados. Embora estes locais lembrem cavernas, eles não são cavernas verdadeiras. Eventualmente estes lugares podem ser suficientemente grandes para permitir a entrada de personagens, mas dificilmente haverá alguma coisa que valha a pena. Eles podem oferecer proteção para a noite, mas também podem ser usados como toca para vários tipos de animais perigosos.
Falhas geológicas podem criar cavidades na terra quando uma grande plataforma se move e uma rocha vizinha permanece estacionária. Estas cavernas são normalmente fechadas, mas podem ser muito grandes.
Calor geotermal é um elemento que pode ser encontrado nas profundezas de cavernas de todos os tipos, embora seja mais comum em cavernas de lava, uma vez que a lava possui calor geotérmico. O calor é gerado a partir das profundezas da crosta terrestre.
O calor geotermal pode ser encontrado pelos exploradores de diversas formas. O mais dramático, talvez, seja através do brilho alaranjado de um fluxo de lava. Esse fluxo de rocha derretido carreia calor das profundezas da terra até a superfície, e retem (e irradia) calor por um longo período de tempo. A lava derretida tem uma temperatura que varia de 600 ºC a 1.250 ºC, matando instantaneamente qualquer criatura que não possua resistência ao calor, que entre em contato com ela.
Mesmo em locais onde a lava tenha endurecido, formando uma crosta sólida, ela ainda pode estar intensamente quente. Personagens suficientemente tolos para arriscar-se sobre a crosta sólida, pode ver-se rapidamente caindo no inferno abaixo.
O vapor é outra forma de manifestação de calor geotermal, e encontrado por aventureiros e exploradores de cavernas. Embora não seja tão quente quanto a lava, o vapor pode escaldar ou mesmo matar uma criatura pega em uma de suas intensas rajadas. Os vapores podem surgir rapidamente em regiões de intensa atividade geotermal, desde que um fluxo de água possa chegar até a fonte de calor que a vaporiza rapidamente. Esta rápida vaporização pode causar altas pressões de vapor, que culminam em erupções que podem ocorrer longe da fonte original de calor.
Uma outra fonte mais amena de calor geotermal, são as águas quentes ou mornas. Dependendo da proximidade e intensidade da fonte termal, a temperatura da água pode variar de morna a fervente.
Ar morno ou quente subindo de passagens subterrâneas pode ser o primeiro sinal de alerta para exploradores, de que estão próximos de uma fonte termal. Isso pode até ser uma experiência agradável, especialmente para personagens que tenham experimentado uma longa jornada por corredores frios e úmidos.
Encontros sugeridos em cavernas
Além dos perigos naturais, as cavernas ainda abrigam um grande número de criaturas que podem atrapalhar ou ajudar as personagens durante a exploração.
É possível encontra uma lista com encontros no subterrâneo na página 305 do Dungeon Master Guide, na tabela Underdark Monsters.
A maior parte dos elementos descritos neste artigo, foram inspirador, total ou em parte, no livro Dungeoneer’s Survival Guide, publicado pela TSR em 1986, de autoria de Douglas Niles.
Também foram usadas referências do Serviço Geológico Brasileiro – CPRM, sites de turismo e o Dungeon Master’s Guide de D&D 5e.
No próximo artigo vou trazer algumas dicas de como aventurar-se em cavernas naturais.
Tá ai uma Xp incrível… Pra começa o dia…
Gostei bastante do assunto abordado aqui, tinha pouco conhecimento do conteúdo, mais agora minha mente se abriu para novos horizontes, espero muito o outro artigo, e possivelmente fala também de outros terrenos, como pântanos, florestas, desertos, montanhas, vales e outros… Detalhes esse fundamentas, pelo menos para mim, pois com isso posso deixa a narrativa mais rica e mais proveitosa para os jogadores…
Obrigado pelo Xp… E até o próximo artigo
Saudações, Alan.
Muito obrigado pelo comentário e espero que realmente sirva para as mesas, enriquecendo a experiência de todos os jogadores.
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