Saudações.
Na última segunda-feira (13.04.15), consegui narrar a segunda sessão da aventura The Hoard of Dragon Queen, na qual rolei os encontros de salvamento no templo e o ataque dracônico.
Vindo de uma série de encontros que deram errado, somando-se ao fato do terceiro jogador atrasar mais de uma hora, e de um brilhante motorista de caminhão arrastar a fiação de energia da rua e nos deixar completamente no escuro, a moral estava baixa e a expectativa perfurando o solo.
Instigado a jogar, resolvemos ligar as lanternas, abrir os livros e rolar os dados.
Eu peguei vários ganchos de narração do Dungeon World e fui deixando a ação rolar e o resultado foi empolgante e pela primeira vez em alguns anos, narrei uma sessão curta (1h15min) de pura emoção.
Os personagens (um anão ladino, um anão clérigo e um bárbaro meio-orc) conseguiram esgueirar-se pela cidade até o templo e resgatar as pessoas que estavam presas, derrotaram rapidamente dois, dos três grupos que circulavam o prédio e retornaram em segurança para o castelo.
Aproveitei a sessão para testar a regra de margem de sucesso, e além de não ter notado nenhuma redução na velocidade do jogo, ela foi muito bem vinda no jogo.
Como eles não haviam sido feridos nos conflitos, resolvi colocar o encontro com o dragão azul adulto assim que eles entraram no castelo e foi aí que as coisas ficaram épicas.
Assim que vocês sobem as escadas que levam ao piso superior, vislumbram o grande dragão azul investindo sobre a amurada, chegando a uns 7,5m e disparando um potente raio. Três soldados caem fulminados, outros sete ficam bastante feridos e o dragão retoma o voo.
Mesmo alertando os jogadores de que tratava-se de um dragão azul adulto, eles bolaram um plano que eu julguei no mínimo ridículo, mas que deixei que levassem adiante:
O bárbaro abaixou-se junto ao parapeito, esperando pelo anão ladino que correndo seria lançado em direção ao dragão, na esperança de laça-lo com uma corrente amarrada ao outro anão.
Eles queriam que os dois anões ficassem presos ao dragão e então iniciar um massacre (na verdade eles seriam massacrados), mas vamos adiante.
Quando o dragão aproximou-se, o anão ladino correu, o bárbaro conseguiu arremessá-lo em direção ao dragão, mas não a uma distância considerável para que a corrente ficasse presa ao lagarto (graças a uma jogada não muito bem sucedida do ladino), mas um golpe ainda foi desferido contra o dragão, enquanto o ladino era segurado pelo clérigo.
Ainda em tempo, o bárbaro conseguiu disparar uma lança, ferindo o dragão, fazendo-o errar muitos alvos sobre o parapeito e fugir, encerrando o encontro e deixando uma série de soldados gritando “heróis”.
Com isso, nasceu a Irmandade da Corrente.
Só faltou mencionar que o dragão levou uma lança no olho (20 no dado de ataque e 12 no dado de dano).
Junte um plano sem pé nem cabeça dos jogadores com a sabedoria do mestre em primar pela diversão e uma boa dose de sorte e pronto: está garantido um jogo daqueles que não se esquece facilmente!
Sem dúvida, foi uma das sessões mais épicas que eu mestrei em toda a minha história 🙂
Pra você ver Francis, que até mesmo uma permissão “sádica” de um mestre sádico, pode gerar consequencias épicas! Mestres são seres claramente superiores. 😛
Parabéns pela sabedoria de permitir e colaborar com a falta de sabedoria de jogadores incaltos. Essa é a matéria prima capaz de criar jogadores satisfeitos e histórias dignas de serem contadas.
Abraço
Acredito que a presença de um jogador completamente novato, me ajudou a quebrar um pouco as amarras.
Quando lidamos com jogadores experientes, muitas vezes nos deixamos prender pelas amarras das regras, o que pode tornar a aventura mais engessada.
Além disso, a não utilização de miniaturas auxilia MUITO na expansão dos sentidos na materialização das cenas.
Libertar-se das amarras é o melhor exercício para criação de épicos.
É verdade. Frequentemente me pego pensando nessas amarras que muitas vezes nos apegamos.
Sobre jogadores novatos, é interessante observar o quanto trazem uma inocência para mesa que é muito saudável. Além disso, ensinar o jogo é aprender ainda mais sobre ele. Faz parte do nosso aprimoramento como mestres de jogo.
Abraço.