Foi com um certo desapontamento que vi apenas um jogador chegando para a primeira sessão de RuneQuest que havia marcado para o último sábado, mas ao invés de mandar o jogador embora, resolvi testar alguns elementos do sistema, e embora as minhas expectativas iniciais em relação a sessão tenham sido frustradas, o teste com um único jogador foi ideal para me fazer gostar ainda mais do sistema.
A criação do personagem
O personagem foi criado na semana anterior, utilizando uma planilha do Excel que criei para ajudar na tarefa. O sistema, que baseia-se em jogadas percentuais, possui várias perícias que tem seus valores iniciais calculados a partir da soma de duas características (STR + DEX, por exemplo), além de outros atributos que dependem de uma ou duas habilidades, como pontos de vida, que dependem do Tamanho (SIZ) e Constituição (CON) do personagem.
Um ladrão no porto de Portal de Baldur
Após dois jogadores criarem seus personagens, decidi que iria utilizar a cidade de Portal de Baldur, de Forgotten Realms, como cenário inicial para a campanha (assim espero que ela progrida).
Há cinco anos, um comerciante foi acusado de contrabandear para a cidade de Portal de Baldur, uma substância utilizada na criação de mortos-vivos. Aspirantes a membros dos Punhos Flamejantes, um grupo mercenário que hoje é responsável pela segurança na cidade, encontrou o comprador, um necromante que escondia-se sob o manto de um comerciante de componentes materiais.
O comerciante que trouxe os potes cerâmicos alegou inocência, mas ainda assim foi despojado de todos os seus bens e acusado de traição. Em pouco tempo morreu, deixando mulher e três filhos, um dos quais esgueirava-se pelas docas de Portal de Baldur em busca de provas da inocência de seu pai.
E assim começou a narrativa com o jogador dando algumas ideias do que ele fez durante esse tempo. Já na primeira cena ele escondia-se habilmente nas vigas de uma sala do porto, enquanto um homem conversava com dois outros, relembrando como fora fácil tirar Janos dos negócios, abrindo um mar de possibilidades para outros membros da Guilda de Comércio.
Esperando pacientemente, o personagem observa o negociante despedir-se de seus comparsas. O homem se debruça sobre uma mesa e olha diversas notas comerciais. Quando o homem sai, o personagem desce e procura alguma coisa que possa levá-lo a prova que inocentará o seu pai.
Um retorno inesperado
Enquanto revirava os papeis sobre a mesa, alguém chega a porta e o personagem tenta esconder-se, mas o proprietário do local entra e ao ver uma vela acessa sobre a mesa, desembainha a sua espada curta e rapidamente encontra o gatuno tentando esconder-se por trás de alguns caixotes.
Mecanicamente Falando
A ação transcorreu de uma forma rápida e porque não dizer visceral? Os personagens possuem Pontos de Ação, que são gastos para permitir que ajam, tanto utilizando ações proativas como ações defensivas. O comerciante tinha um ponto de ação, enquanto o personagem do jogador três pontos de ação.
A iniciativa foi ganha pelo comerciante, que ao gastar seu único ponto de ação ataca. O PJ gasta um de seus pontos de ação para se defender e apara o ataque inimigo com a sua rapieira. Na iniciativa do jogador, ele gasta seu segundo ponto de ação para desferir um golpe com sua arma e como o inimigo não tinha mais pontos de ação, não poderia se defender.
O personagem consegue acertar um golpe no braço do comerciante, e escolhe o efeito de empalamento (propriedade da arma). Ao empalar, o atacante joga o dano duas vezes e escolhe o melhor resultado. Neste caso o jogador obteve 7 nas duas jogadas (em 1d8) e aplicou todo o dano ao braço do comerciante, que só tinha 4 pontos de vida, levando-o a -3 pontos de vida, e provocando um ferimento sério.
O ferimento sério obriga o comerciante a fazer um teste de Vigor resistido pelo valor obtido na jogada de ataque que o feriu. Não sendo bem sucedido, ele soltou a arma e ficou imobilizado.
Ao puxar a arma que empalava o comerciante, o mesmo sofreu mais 4 pontos de dano, passando a -7 pontos de vida, o que significa um ferimento grave, causado pela transfixação da arma no braço, rompendo músculos e artérias principais. Novamente, o comerciante faz outro teste de Vigor contra o resultado do golpe e dessa vez passa. Ele está agonizando no chão, vai morrer em 5 minutos se não tiver nenhum socorro, um tempo ainda suficiente para responder algumas perguntas.
Um único golpe
No exemplo acima, o comerciante não estava usando nenhuma armadura que pudesse protegê-lo, mas mesmo que tivesse, o resultado não seria muito diferente.
Em apenas um combate, eu percebi como o sistema pode ser rápido e mortal e como uma armadura pode ajudar, fazendo toda a diferença em combate.
Sem dúvida, acho que fiz a escolha certa em relação ao sistema, agora é ver como ele funciona com mais personagens em situações mais ou menos favoráveis aos personagens.
Caramba…me parece muito massa o sistema de combate.Jogo no evento no Habbs foi?
Sempre me interessei por sistemas rápidos e realistas e vou te dizer que esse Rune Quest me chamou bastante a atenção, até porque, pelo que eu entendi, ele pode ser aplicado em praticamente qualquer cenário.Sabe onde consigo um resumo de regras dele ou onde compro o livro?
Ele não é um sistema “simples” sultur, mas achei ele muito interessante. Você pode comprar a versão física na Amazon e a versão em pdf na DriveThrue.
Não pude ir ao evento no Habibs Enrique, mais uma vez, infelizmente.
Oi Mestre Franciolli, tudo bem? O começo da sua postagem me fez lembrar de te fazer um pedido. Tem como vc fazer uma postagem sobre RPG com apenas um jogador alem do Mestre? Geralmente eu so tenho uma pessoa para que eu possa mestrar, mas nunca consigo fazer o jogo ser legal assim….
Pedido anotado e até a quarta-feira sai alguma coisa 🙂
Jogos viscerais me atraem, depois de tantos anos realizando combates complexos em AD&D… Na sua opinião, Franciolli, qual deles seria mais interessante: Runequest, ou Dungeon World?
Dungeon World tem um sistema extremamente voltado para a ficção, não focando nos aspectos táticos do combate. Já o RuneQuest tem um sistema muito bem detalhado e combate (mas não tão tático quanto o D&D 4E), inclusive o jogo não presume o uso de miniaturas.O feeling dos dois é diferente e depende da proposta que você quer. Se você não tem problema em rastrear pontos de fadiga, ferimentos, etc., o RuneQuest é a sua escolha, mas se você prefere algo menos focado em regra e mais cinemático, acredito que o Dungeon World é o que procura.
Então, fico com o DW. ^^
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