Não havia som, apenas o silêncio e lancinante dor no peite onde eu supunha, a flecha havia me acertado.

Os sons da guerra desvaneceram-se junto com a minha consciência e diante de Ulmo eu me ajoelhei e implorei pela vida, desejando retornar a minha missão. A escuridão mais uma vez ameaçava Arda, e mais uma vez não sabíamos quem era o inimigo, mas conhecíamos seus lacaios.

A Mandos cabia a decisão de deixar-me voltar e a ele, primeiramente foi revelada a minha presença em Arda, como enviado de Ulmo, que por mim intercedeu. Agora, minha presença não era mais segredo. Para o bem, ou para o mal.

O som da água me despertou.

Abri os olhos e vi que estava dentro de uma carroça, e dois elfos estavam do lado de fora. Quando chamei pelo Senhor Elrond, um deles apressou-se em pedir para que ficasse quieto, que ele logo traria seu senhor, que estava comandando as tropas.

Um longo tempo se passou, e enquanto meu peito doía intensamente, a espera não foi o melhor remédio.

Quando o Senhor Elrond aproximou-se, trazia estampado em seu rosto uma expressão de satisfação, mas seus olhos não disfarçavam um grande pesar. Muitas vidas foram perdidas na batalha, que foram vencidas graças a chegada de Morgomir e seu exército.

Sabendo que o Senhor Elrond tinha que voltar ao campo de batalha, informei-lhe que a minha presença não mais era segredo para os demais Valar e que me preocupava com as consequências. Perguntei pelos meus companheiros e fui informado que Ingbinil voltou com o Senhor Morgomir, o que foi decisivo para o desfecho do combate. Limiel partira em perseguição ao comboio que provavelmente levava a estilha de Nauglamír, enquanto Finrod a organizava um grupo de guerreiros para ajudá-la na perseguição.

Quis me levantar, apesar da dor, mas fui impedido e orientado a ir para Mithlond recuperar-me junto com Glorand, que recebera severos ferimentos em batalha. Sem muito, voltamos para Mithlond onde passei sete dias, exercitando a ciência da espera.

Embora tenham me sido negadas as memórias de minha existência como um Maiar, não conseguia entender, ainda, as limitações impostas pelo corpo mortal.

Em Mithlond a paz era exterior. As notícias chegavam a uma velocidade incrivelmente lenta e aquela hora, a estilha já poderia estar nas mãos do inimigo e isso me consumia por dentro.

preocupações

Meu coração esperou pelo tempo que precisava esperar! 

Na manhã do sétimo dia após a batalha de Belegost, parti junto com Glorand em busca de Limiel e Finrod e antes de partir, o Senhor Elrond pediu para que eu seguisse em direção a Ponte de Brandywine, pois seu coração dizia que ali eu encontraria algo que me ajudaria.

No oitavo dia de viagem, chegamos a ponte e o destemido Gloran já conseguia pelo menos manter-se durante todo o dia sobre a sela do cavalo.

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Escrito por Franciolli Araújo
Esposo de Paula, pai de Pedro e Nathanael. Professor e pesquisador na área de mineração. Um sujeito indeterminado que gosta de contar histórias e escrever sobre elas e acredita que o RPG é o hobbie perfeito, embora existam controvérsias.