A Cerimônia de Cisão

Depois do anúncio de alguns cenários para D&D para 2018, feito pela Wizards of the Coast, me peguei saudosista. Lembrei deste artigo que falo sobre a Cerimônia da Cisão (ou da Fenda), um ótimo ponto de partida para aventuras no mundo fantástico de Karameikos, um dos continentes de Mystara.

Karameikos Cenário de Campanha foi o segundo cenário para AD&D que eu conheci, sendo, durante vários anos o terreno fértil por onde muitos personagens de meus jogadores se aventuraram.

Uma das coisas que mais me interessa em cenários de campanha são informações sobre o cotidiano dos povos, seus costumes e tradições, algo que os cenários atuais tem deixado um pouco de lado, talvez em virtude da renovação de público, ou simplesmente porque isso não interessa para muita gente.

Fazendo uma busca em meus arquivos, encontrei no The Grand Duchy of Karameikos, lançado em 1987 pela falecida TSR, um costume muito interessante sobre a sociedade karameikana, que via de regra era o ponto de partida das aventuras que mestrei na época que jogava neste cenário, a Cerimônia de Cisão.

Na página 32 do livro Karameikos Terra de Aventuras: Guia do Viajante, lançado pela Abril Jovem em 1995, a cerimônia foi traduzida como Cerimônia da Fenda.

Quando um jovem karameikano aproxima-se da idade adulta, ou ele vai até seus pais ou estes vão até o jovem com a notícia de que já é tempo para a Cerimônia da Cisão.

Os nativos traladaranos tem um costume que é parte importante dos personagens nativos de Karameikos.

Conhecido como a Cerimônia de Cisão, ele foi desenvolvido na vila de Marilenev (Specularum), sendo sua prática comum lá e nas regiões vizinhas nos séculos anteriores à conquista de Traladara por Thyatis. Desde este tempo, a ampliação das relações comerciais com as comunidades do interior ajudou a espalhar a Cerimônia de Cisão pelo reino. Quando o Duque Stefan e os colonos thyatianos chegaram, eles tomaram conhecimento da cerimônia e normalmente a adotavam.

A Cerimônia

Quando um jovem karameikano aproxima-se da idade adulta, ou ele vai até seus pais ou estes vão até o jovem com a notícia de que já é tempo para a Cisão.

Em pouco tempo, em um jantar no qual outros membros da família ou líderes da vila podem ser convidados, o jovem permanece em silêncio enquanto seus pais solenemente vestem-no com roupas de viagem. A basa da sua capa é rasgada e deixada assim, como uma reflexão sobre sua condição: o de um viajante pobre.

A partir deste ponto, o jovem cindido é considerado um amigo da família, mas não parte dela. Ele deve fazer o seu próprio caminho pelo mundo, até que a família decida que ele é merecedor do clã. Normalmente, viver longe do clã por alguns anos e participar de algumas aventuras aceitáveis ou aventuras comerciais é prova que o jovem é capaz de prosperar por si; quando seus pais alcançam esta conclusão, ele é convidado para outro jantar, no qual ele é apresentado usando um vestuário com as marcas do clã ou cota de armas. Isso indica que ele é novamente um membro da família.

Todos os homens jovens com idade entre 14 e 19 anos (1d6+3) são cindidos. (Normalmente eles aproximam-se de seus pais primeiro, pois é constrangedor esperar muito tempo até que seus pais tenham que fazê-lo.) Mulheres jovens não são convidadas por seus pais, mas podem insistir que sejam cindidas. Ser cindida e viver alguns anos longe da família é uma boa maneira de uma jovem mulher ganhar respeito dentro de sua família.

Quando thyatianos vieram para Karameikos, eles viram uma forma de separar os merecedores dos parasitas em suas famílias e adotaram o costume.

Um jovem cindido de uma família com títulos não é considerado como tendo qualquer título até que seja convidado pela sua família novamente para juntar-se a sua família.

A Cisão é um costume humano, não compartilhado pelos semi-humanos de Karameikos.

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Visualizar Comentários (7)
  1. Leishmaniose

    Olá,Naquele livro em português que a Abril publicou tem esse ritual também, Franciolli. Em uma das colunas laterais, se não me engano. :DBonanças.Atenciosamente,Leishmaniose

  2. Franciolli

    Saudações Leishmaniose.Eu acho que não era uma caixa lateral, estava lá pelo meio do texto mesmo, na parte de criação de personagens, embora tenha quase certeza que a tradução para a cerimônia tenha sido outra.Obrigado pelo comentário.

  3. Franciolli

    Verifiquei o material e ele é realmente uma caixa lateral e a tradução ficou Cerimônia da Fenda.

  4. Ei Franciolli, Karameikos até hoje me inspira bastante em cada leitura, mesmo sendo um clichezão. Adoro o cenário, e já mestrei muito nele. Aproveitei essa cerimônia para um reino do meu cenário particular, que chamei de Cerimônia do Estandarte Verde (tipo sinal verde, tal, hehe). Muito bom relembrar!

  5. Cara eu curto muito Mystara, ela tem seus pôdres, mas tem coisas muito boas!Eu narrei uma campanha de 5 anos em Karameikos, mas vc acredita que nenhum deles foi um jovem traladarano, pra eu rolar a ceninha da Cerimônia da Fenda?Eu li lá no traduzido e publicado, e também li na Gazeteer, e é mto bacana o ritual! Gostei mto do post, Franciolli!

  6. Franciolli

    Karameikos é excelente, sem dúvida. Muito mais simples e sem as complexidades históricas esmagadoras de Forgotten Realms por exemplo.Obrigado a família Ramos pelos comentários 🙂

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