Dungeon World não é um jogo para iniciantes.
Esta frase foi proferida por um jogador veterano que participou de uma mesa de Dungeon World que conduzi este ano. A princípio discordei da afirmativa, mas quando li o Dungeon World Guide, me senti bobo, pois a frase passou a fazer um sentido absurdo, mas porque?
Quando você ler e entender Dungeon World, role +Int…
São estas palavras que introduzem o leitor ao livreto produzido por Eon Fontes-May e Sean M. Dunstan e que tem a missão de clarificar uma série de dúvidas em relação a Dungeon World.
Ficar confuso com relação a forma como conduzir o jogo não é difícil, principalmente devido a antigos vícios.
Isso quer dizer que Dungeon World é ruim?
Não! Muito pelo contrário, o sistema de Dungeon World é extremamente simples e intuitivo, mas quebra diversos paradigmas que temos em RPGs mais tradicionais.
Os moves (ou movimentos), constituem a unidade básica do sistema, ao invés de turnos, rodadas, etc., aos quais estamos habituados. O jogo flui através dos movimentos, e em um combate, existem muito mais opções ao “eu ataco, causo dano, o monstro ataque, causa dano” de alguns RPGs tradicionais. Os movimentos funcionam, como o pêndulo de um relógio, em suas idas e vindas (diálogo mestre e jogador), impulsionando a narrativa adiante.
A ação é impulsionada para frente, mesmo quando os personagens falham. PRINCIPALMENTE quando os personagens falham.
Sendo repetitivo, o sistema é extremamente narrativo e toda a ação acontece in-game, com os jogadores dizendo exatamente o que os seus personagens estão fazendo, sendo proibido verbalizar ações no modo eu ataco, tão comum nos RPGs tradicionais.
É preciso desaprender algumas coisas…
Para jogar Dungeon World, no entanto, precisamos desaprender alguns conceitos, não porque eles são errados, mas porque nos levaram um nível de vício que faz com que a linguagem simples de Dungeon World embaralhe nossas mentes. Com isso, não quero dizer que todos os grupos vão sentir dificuldade jogando Dungeon World, mas que eu senti esta dificuldade e que percebi que muitos grupos também sentiram.
Então Dungeon World não deve ser jogado por iniciantes?
Contradizendo o título do artigo, acredito que Dungeon World seja o sistema perfeito para iniciação de novos jogadores, desde que conduzido por um mestre que já tenha uma certa experiência com o sistema, pois de outra forma, a experiência pode ser traumática.
Como as cenas são muito cinematográficas e a ação funciona sem um sistema de iniciativa e turnos, a ação muda de personagem para personagem em uma grande explosão de dinamismo, a experiência tende a não desagradar quem o joga pela primeira vez e principalmente quem joga RPG pela primeira vez.
A falsa impressão de que ele funciona bem, somente para jogadores experientes, na minha opinião, aplica-se exclusivamente ao mestre da aventura, pois este sim, precisa entender bem o sistema para não travar no meio da ação, sem ter a mínima noção de como vai reagir.
Olá,Já eu acho que o Dungeon World é ótimo pra iniciantes e difícil para “veteranos”.Todo o aprendizado de um idioma quando realizado mais tarde, é difícil devido aos vícios de linguagem e de contrução do idioma que a pessoa possui. Já, se a pessoa aprende cedo aquele idioma, não terá nenhuma complicação em utilizá-lo, independente da complexidade – tanto que crianças que aprendam um segundo idioma ainda no início da infância costumam nem possuir sotaque e falar fluentemente o segundo idioma, como fala o seu nativo.O mesmo com sistemas de RPG ou qualquer outro construto que englobe módulos de cognição. 🙂 Por isso mesmo alguns RPG’s “mainstreams” estariam tentando se aproximar dos jogos online, porque por possuir um construto similar, as crianças que jogam os jogos não se afastariam daqueles RPGs PenAndPaper porque têm que aprender um sistema novo, complexo. ;)Meus 50 cents na discussão.Bonanças.Atenciosamente,Leishmaniose
Tem toda razão, faço apenas uma pequena ressalva (praticamente me idendificando na história acima): Iniciar no RPG com um jogo totalmente narrativo provavelmente será uma experiência ruim para um novo jogador. Lembre-se que iniciantes recorrem a elementos visuais (mapas e miniaturas dentro de escala) para se localizarem na narrativa, se acostumarem com a mecânica do sistema e do roleplaing propriamente dito.Não estou sugerindo que se jogue um boardgame como D&D antes de jogar RPG, só que em termos gerais a primeira impressão não foi boa para a grande maioria das pessoas que conheço no RPG.
Obrigado Leishmaniose.Vou deixar só mais 50 centavos pra ficar 1 real:Contradizendo o título do artigo, acredito que Dungeon World seja o sistema perfeito para iniciação de novos jogadores, desde que conduzido por um mestre que já tenha uma certa experiência com o sistema, pois de outra forma, a experiência pode ser traumática.
Obrigado John Elias pelo comentário.Sua fala rende, com certeza um novo artigo, que não escreverei este ano :)Será que os sistemas mais narrativos são realmente piores para iniciar um jogar no RPG? Vamos discutir mais sobre isso em uma sessão de jogo 🙂
Olá,Já eu conheço uma grande parte de pessoas que por jogar RPG de forma mais fluida, não mecânica, quando se depara com elementos como os de um sistema tradicional, costuma reclamar e não se adequar – enquanto que elas se dão bem quando se implanta sistemas narrativos. Claro que elas não jogavam RPG PnP, elas jogavam via fórum, orkut, facebook, tumblr… Mas jogavam RPG. ;)Eu concordo com o acréscimo aí, Franciolli – se conseguirmos mais uns trocados, dá pra pagar uma rodada no Habbib’s. 😀 Só tenho ressalvas quanto ao ser uma experiência traumática… Porque um mestre que inicie pelo Dungeon World, sem ter nunca mestrado ou narrado nada na vida, vai ler as regras, cortar aquelas que acha muito complexas e vai montar uma mesa com os moldes que ele entende.Que nem todo mundo faz quando começa a mestrar um sistema novo, aos trancos e barrancos – ou quando começa a mestrar, 3D&T criou uma gama de jogadores que não conseguem sentir necessidade dessa solidez ou pragmatismo que certos jogadores de outros sistemas sentem necessidade (como lista de armas, calculos de distancias – em 3D&T puro, só tem o perto e distante, você usa aceleração pra mudar no mesmo turno essa distancia e pra mudar normal, leva um turno -, testes específicos, etc…). :)Acho que o que traumatiza é ficar mudando o sistema a cada sessão. D: Nunca vi tarrasque pior em uma mesa, e olha que meu grupo costuma testar vários sistemas.Bonanças.Atenciosamente,Leishmaniose
Acho que qualquer jogo bem fundamentado em sua estrutura e fluido em suas mecânicas serve para iniciantes e incluo Dungeon World nesse balaio e concordo com o Franciolli.Embora eu acredite que quando falamos de iniciantes, queremos dizer TODOS os jogadores, sejam eles mestres ou personagens.O grande entrave para um jogo como DW são os vícios (como bem apontaste Franciolli)e estes podem ser trazido a tona tanto pelos velhos “Personagens” quanto pelo velho “Mestre”.É possível inclusive que durante a aventura se jogue algo muito diferente da premissa de Game Design do DW exatamente pelo posicionamento mais tradicional do mestre.Quanto a jogos Narrativos não serem bons para iniciantes é como dizer que o alfabeto para uma criança é melhor que seja aprendido pelo A depois o B, do que do Z para o X e assim subsequente. É uma questão de método, e o que torna esse “aprendizado” mais complexo são as inferências anteriores.Há que se separar o “iniciante” em jogos narrativos, que já teve contato com RPG, do “iniciante puro”.John Bogéa tem relatos interessantíssimos sobre pessoas que aprenderam a jogar RPG com FIASCO e tem uma visão muito diferente do “o que é RPG?” em relação a outra que tenha começado com D&Ds ou outros RPGs mais tradicionais.Enfim, minhas duas moedas sobre o assunto. :)Julio Matos
Franciolli, o título do seu artigo está errado! Acredito que você quis dizer que “Dungeon World não é para veteranos”! :)Apesar das pessoas odiarem esta comparação, eu vou novamente fazer um paralelo com board games. Quando comprei Agricola, um dos primeiros board games que comprei do exterior e o meu primeiro do tipo worker placement, eu li o manual e não entendi nada. Tive que reler o manual duas ou três vezes antes de jogar, e depois durante a partida tive que seguir o manual para saber o que fazer. A estratégia era minha última preocupação, tamanha a minha falta de familiaridade com o jogo. Somente depois de meia dúzia de partidas é que eu já tinha dominado as regras completamente e estava pensando em estratégias e descobrindo a profundidade do jogo.Alguns meses depois, comprei o Troyes. Um jogo bem mais abstrato e complexo do que o Agricola, mas cujo manual e regras eu entendi com bastante facilidade. Ao invés de meia dúzia, eu precisei apenas de uma ou duas partidas para entender completamente as regras e bolar estratégias. A mesma coisa aconteceu com o Luna e outros jogos de worker-placement.Acredito que a mesma coia aconteça com RPGs. O DW, assim como seu pai e parentes próximos, tem uma linguagem e um formato muito peculiar. Para quem nunca jogou RPG, esta linguagem e regras é tão alienígena quanto um D&D ou GURPS. Mas ela também é alienígena para nós, veteranos do RPG. E isso não se deve a complexidade de regas, e sim pelo estilo diferente. É como conhecer o maravilhoso mundo dos worker-placement e deck-building depois de passar a vida inteira jogando Banco Imobiliário e Jogo da Vida.Grande abraço!
Só um adendo:http://www.lumpley.com/comment.php?entry=509Same thing with Apocalypse World. “MCing” is a way to GM that I didn’t invent, I’m just explaining it and providing some good tools for it. I expect lots of people, encountering the game, to say “but this is just how you GM any game.” I hope to win them over with the quality of the tools it provides — and just wait until you see them, they are some high-quality tools — but still some people won’t be impressed. That’s fine too. They don’t need it.As ways to GM go, it’s probably about as old as roleplaying itself, and quite widespread. It’s a strong and coherent body of solutions to the problems that roleplaying poses, so lots of groups have already happened upon it. Further, lots and LOTS of groups have guessed at its existence and have been groping toward it without ever quite fixing upon it, sometimes nailing it and getting great play, sometimes missing it and getting eh. I especially hope to reach these latter.Anyway, if you wonder why John Harper, for instance, grasps Apocalypse World so immediately and so fully, it’s not because he can read my mind. It’s because he recognizes the game from his own experience.
Realmente Franciolli, eu fico muito curioso pra ver como isso tudo funciona. Estou esperando chegar em PT pra testar aqui, mas seria muito bom jogar com alguém antes para entender.
Jogar com alguém só o deixará mais ansioso e provavelmente o compelirá a comprar a versão em inglês o mais rápido possível.
Pessoal, concordo com muito do que foi dito, mas sem me estender quero dizer que não é preciso comprar dungeon world, todo material está atualizado e gratuito (em inglês) neste site pouco conhecido: http://book.dwgazetteer.com/Notem que é possível fazer download do pdf também!
[…] falamos muito sobre o Dungeon World, incluindo artigos onde afirmo que Dungeon World não é para iniciantes, ideia que surgiu lendo o Dungeon World Guide. Com isso em mente, começo hoje uma tradução deste […]
Não acho que o DW seja para iniciantes em RPG, digo uma pessoa que NUNCA jogou RPG na vida.Em jogos mais tradicionais tipo D&D like os jogadores não são intimidados ou obrigados a narrarem cenas ficcionais cinematográficas e etc, nestes jogos tradicionais o mestre teria uma mesa com jogadores heterogêneos, uns interpretam melhor, outros são tímidos e falarão o mínimo possível, outros gostam mais do enrendo/narrativa da história sendo mestrada, outros são otimizadores/overpowers, e aí por diante.Já o DW te OBRIGA a interpretar e a narrar cenas ficcionais cinematográficas, convenhamos que ele não abarca todos os tipos de jogadores e por este motivo é MUITO INTIMIDADOR. Além de que EXIGE um nível de improvisação alto e nem todo mundo tem jogo de cintura para isso .DW passa a anos-luz de distância quando o assunto é jogadores novatos.——————————————————————————————————-Jogos para iniciar jogadores no mundo do RPG aqui no Brasil recomendo 3 :1: Se tratando do tema principal do RPG, a fantasia medieval, recomendo o Mighty Blade do Tiago Junges. O Melhor sistema para se ensinar novatos neste gênero.2: Para jogadores que apreciam desenhos animados, animes, mangás, HQ’S, filmes, games, livros e seriados que enfatizem o lado da fantasia, eu indico o 3D&T Alpha. Super versátil para agradar a nova geração que apreciam elementos japoneses dos mangás/animes3: +2d6 System do Tio Nitro, tão versátil quanto o 3D&T Alpha mas com alguns elementos mecânicos diferenciados.——————————————————————————————————-Para jogadores que queiram avançar para sistemas intermediáriospré-D&D 3E/4E/Pathfinder, recomendo o Old Dragon da Red Box.——————————————————————————————————Para jogadores mais avançados, aí sim você pode por D&D 3E/4E/Pathfinder/Savage Worlds/GURPS/Opera/etc, e sistemas indies narrativos para sessões fora dos padrões tradicionais (tipo o próprio DW)O mestre e jogadores que já jogam RPG e que nunca jogaram DW teriam que se adaptarem ao novo paradigma.Para esses mestres/jogadores veteranos o DW irá enriquecer bastante a sua forma de como narrar partidas de RPG, dando bases boas de game designer que podem ser usados nos sistemas tradicionais preferidos deles.
dungeon world o mago deve desafiar o perigo se atacar com adaga um monstro quem esteja corpo-a-corpo?