Hora para mais um momento de teoria. As “Posturas de Jogo” especificam qual o relacionamento entre você jogador e seu personagem. Note que as quatro posturas são “formas puras” e quase nunca você joga com apenas uma dela. O normal é você alternar entre as posturas dependendo do que o jogo dita. A maior forte dessas informações veio do livro Sorcerer & Sword, do Ron Edwards.
A primeira e talvez mais simples de entender é a Postura de Peão. Nela, o seu personagem é como um peão de banco imobiliário ou qualquer outro jogo de tabuleiro, interagindo com a ficção apenas da maneira que o jogador quer. Essa postura é exatamente o que as pessoas que reclamam do metagame no jogo delas estão falando.
A segunda postura, e largamente aceita como “o jeito certo de jogar RPG” é a Postura de Ator. Nela você age com seu personagem utilizando apenas o que o seu personagem sabe, sente e pelas motivações dele. Em seu estado extremo, você tem o que as pessoas chamam de imersão, onde você está pensando e sentindo exatamente o que seu personagem está pensando e sentindo. Por outro lado, essa postura permite certos comportamentos abusivos dos jogadores dentro do jogo, com a desculpa de “é isso que o meu personagem faria”. Quando você separa os jogadores para falar algo que um deles não pode saber, você está utilizando a postura de autor primariamente.
A terceira postura é chamada de Postura de Autor. Nela, o jogador faz o papel de um autor de um livro e o seu personagem é o protagonista. Ele toma as decisões para o personagem se baseando em vontades, motivações e conhecimentos do jogador, mas retroativamente justifica a atitude do personagem dentro do jogo. Nela você não precisa agir “como o personagem agiria”, e permite que certas atitudes baseadas em conhecimento fora do personagem sejam permitidas, desde que o grupo (não só o GM!) não veja problema e que faça sentido na narrativa. Essa postura está mais ligada a agenda criativa do Narrativismo. Note também que a primeira postura, a de peão, é simplesmente uma postura de autor sem o passo de justificar na ficção a atitude do personagem.
Por fim, a última postura é a Postura de Diretor, onde o jogador controla circustâncias externas ao personagem de maneira que normalmente seria reservado ao mestre. A forma mais simples e que você com certeza já passou no jogo é um jogador introduz seu personagem em uma cena dizendo “Eu apareço ali”. Ou quando seu personagem diz que está pegando uma garrafa de vinho da mesa e servindo a donzela sem que não tenha sido estabelecido anteriormente que existia uma garrafa de vinho ali. Alguns jogos foram feitos para se jogar na postura de diretor, como por exemplo o Universalis, Este Corpo Mortal, enquanto outros RPGs tem mecânicas para introduzir essa postura, como o Espírito do Século.
Ter elementos puros em jogo realmente é MUITO complicado, para não dizer impossível. Muitas vezes os jogadores variam de uma postura a outra dependendo da conveniência e da abertura que lhes é fornecida pelo narrador.
[…] Alguns meses atrás, eu diria que isso é questão de postura de ator versus postura de autor, que a de autor é mais apropriada. Mas eu não acho mais que uma postura seja melhor que a outra, e sim que uma alternância entre a postura de ator e a de autor em momentos chave pode ser a maneira mais divertida de se jogar um story game. (Não entendeu? Dá uma lida nesse artigo) […]
[…] Alguns meses atrás, eu diria que isso é questão de postura de ator versus postura de autor, que a de autor é mais apropriada. Mas eu não acho mais que uma postura seja melhor que a outra, e sim que uma alternância entre a postura de ator e a de autor em momentos chave pode ser a maneira mais divertida de se jogar um story game. (Não entendeu? Dá uma lida nesse artigo) […]