Cinco desejos para a quinta edição de D&D

Rumores sobre uma nova edição de D&D abundam na internet, principalmente após o retorno de Monte Cook a equipe de desenvolvimento da Wizards of the Coast.

 

Nenhuma das especulações, no entanto, vai influenciar em nossas mesas de jogo (isso para quem está jogando, eu particularmente não jogo a muito tempo) e muitos sequer vão migrar para uma nova edição, pois como acontece a muito tempo, o que achamos “travado” no jogo pode ser facilmente “consertado” com uma regra caseira.

 

Contudo, se uma nova edição estiver as portas, o que eu gostaria de ver nessa nova edição?

Nem todo futuro incerto é negro, mas todo desejo tem suas consequências.

Melhores monstros solo

 

Monstros solo são fantásticos e acredito que muita gente gosta deles. Um dos diferenciais da quarta edição foi a diferenciação feita pelo papel do monstro além do nível de desafio. A ideia de que uma única criatura seja capaz de desafiar um grupo é muito interessante, mas a partir do nível 10 eles ficam em grande desvantagem, independente dos pontos de vida que eles tenham, pois eles são um único monstro.

 

Os designers projetam monstros solo cheios de habilidades que possibilitem que eles sejam um desafio ao grupo de personagens, mas a quantidade de poderes necessários para isso os torna complicados de ser administrados.

 

Não tenho certeza como a nova edição pode tornar os monstros solo melhores, mas algumas imunidades a determinados efeitos podem ajudar. Um conjunto diferenciado de ações, como três ações padrão, também pode ajudar. Com certeza existem alguns bons monstros solo que podem servir de exemplo na quarta edição.

 

Embora os monstros solo tenham sido uma grande adição a quarta edição de D&D, espero que eles sejam mais bem explorados em edições futuras.

Exclusão de efeitos de status que roubam ações

 

Os efeitos mais odiados por mestres e jogadores são aqueles que roubam ações. Atordoar, pasmar e dominar são os piores, embora alguns terrenos e zonas que provocam efeitos de paralisia sejam igualmente terríveis. As pessoas querem jogar quando é seu turno, seja ele o mestre ou os jogadores.

 

Existem algumas regras caseiras que podem ser adotadas para lidar com os efeitos de atordoar, pasmar e dominar, mas o melhor seria um sistema inteiramente novo que não limitasse o turno do jogador. Sejam quais forem os novos efeitos que vamos ver no novo sistema, esperamos que eles não roubem ações dos jogadores ou do mestre.

Complexidade opcional na criação dos personagens e simplicidade na mesa de jogo

 

Os jogadores gostam de ter várias opções disponíveis. Eles gostam de customizar um personagem, seja baseando-os em algo que já tem em mente, simplesmente otimizando suas habilidades ou qualquer coisa entre um e outro extremo. Qualquer edição futura de D&D deve ser suficientemente complexo para permitir que os jogadores possam customizá-lo como desejarem e que também permita gerar um personagem rapidamente, caso essa seja a escolha.

 

Qualquer tipo de personagem feito deve ser rápido de fazer e simples de ser jogado. Um sistema que mova a complexidade para a criação do personagem, mas mantenha as escolhas fáceis e rápidas na mesa resulta em um jogo mais rápido e mais tempo para que os jogadores vejam o que seus personagens podem fazer.

Combates mais rápidos

 

A longa duração dos combates foi um tópico recorrente nas discussões sobre D&D 4ª Edição. Alguns vêm a duração do combate como uma característica do sistema, não como um defeito, enquanto outros preferem opções para agilizar combates menores. Eu espero ver encontros de 30 minutos que ainda assim sejam desafiadores. Gostaria de ver trinta rounds em uma hora.

 

É claro que batalhas épicas possuem camadas extras de complexidade, mas mesmo os combates mais simples com cinco monstros podem levar mais de uma hora se o mestre não ficar atingindo os jogadores com tasers para que eles agilizem suas ações.

Atributos baseados em bônus

 

A muito tempo os atributos eram baseados numa jogada de 3d6 para cada atributo. Mesmo na 1ª edição existiam regras opcionais para modificar isso. Ninguém quer jogar com um mago com Inteligência 6.

 

Atualmente, o sistema baseado em pontos tornou-se padrão. Ainda assim, fora os bônus de pontos de vida baseados em Constituição, o valor do atributo não influencia em nada. Apenas os bônus importam. Então, se só prestamos atenção nos bônus, por que os valores de atributos?

Isso não é tudo

 

Aparar algumas arestas da 4ª edição não justifica uma nova edição. Deve existir algumas outras coisas que nos faça ansiar por uma nova edição. A terceira edição trouxe os talentos, enquanto a quarta edição trouxe poderes variando do 1º ao 30º nível. O que a 5ª edição trará para a mesa de jogo que possa ser considerado um avanço? Só o tempo pode dizer.

 

//Texto Original: Five wishes for 5th edition dungeons and dragons
//Publicado em: Critical Hits em 14 de outubro de 2011
//Autor: Mike Shea
//Tradução e Revisão: Franciolli Araújo

 

Nota: Para quem leu ou ainda vai ler a versão em inglês do artigo, esta não é uma tradução integral do texto, mas contém as principais ideias.

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Visualizar Comentários (8)
  1. Concordo plenamente que com Monte cook por ai uma nova edição pode estar por vir, mas isso deve sair daqui a uns três a quatro anos e como é dito no final ela só vai entrar quando tiver algum avanço para o D&D. por que a idéia em si de uma nova edição e colocar algo novo no jogo. No entanto se for para ter uma nova edição, já que a WoTC disse que a média entre uma edição e outra é de 8 anos (sabe-se lá pra que isso?) que ela traga coisas novas então e não apenas para agradar jogadores de Pathfinder.

  2. Realmente, gostaria de um D&D assim, talvez até voltasse a jogar… talvez.Mas o 5º desejo parece derivar do sistema do Dragon Age RPG (Green Ronin/AGE) pequenos detalhes que fazem parecer muito diferente.Ótimo artigo, como sempre!

  3. Paulo Segundo

    Sinceramente, os pontos 3 e 4 já existem na 4ªed.3-Complexidade opcional na criação dos personagens e simplicidade na mesa de jogoA 4ed criou um sistema complexo para a criação dos personagens, mas que foi muito facilitado pela experiência do character builder e pelos cartões de poderes, que tornam a mesa de jogo mais simples, é só olhar o cartão e já estão todos os modificadores lá (engraçado que os velhacos da 3ª ed reclamam justamente da existência disso…)4- Combates mais rápidosA 4ed possui um sistema de combate infinitamente mais rápido que a 3ed, principalmente nos níveis mais altos, onde um pj poderia ter 5 ou 6 ataques por rodada. Os “poderes” da 4ed são muito mais divertidos, trazem opção de customização e funcionam mais rápido que a 3ed.Isso parece testo de jogador “old school” recalcado que nem sabe o que quer…

  4. Franciolli

    Obrigado por ler e comentar Roberto, Cinnunt e Paulo.A 5ª Edição de D&D é inevitável e isso é um fato. Todos nós temos a nossa pequena lista do que gostaríamos de ver nessa nova edição, seja uma volta ao passado, seja uma remodelagem inteiramente nova.Espero que ele não penda para o sistema do Dragon Age, simplesmente por uma questão de identidade – por isso mesmo tenho certeza que não correremos esse perigo.De certa forma, vou discordar um pouco com o Paulo em relação aos combates rápidos. Não consegui, sem artifício de regra caseira, rolar combates rápidos na quarta edição, mas entendo que isso é uma característica do sistema.Em relação a complexidade na criação do personagem e facilidade de administração da mesa, temos o problema dos muitos poderes, usados em muitas situações diferentes, que geram uma dificuldade de administração e perda de tempo enquanto estamos jogando, mas isso é algo resolvível com o passar do tempo, principalmente se o jogador se dá ao trabalho de não somente ler, mas de entender seu personagem e as possibilidades de trabalho em grupo.De qualquer forma, pelos artigos, podemos perceber que existem e sempre existirão, dificuldades inerentes aos jogadores americanos que nós aqui simplesmente desconsideramos, talvez por eles terem um perfil mais gamer que o brasileiro, mas isso é só uma opinião.Abraços a todos.

  5. Paulo Segundo

    Mas franciolli, tanto os problemas quanto à complexidade e quanto à demora no combate se devem mais ao desconhecimento do sistema pelos jogadores do que pelo sistema em si.É comum quando se joga com pessoas que não dominam o inglês que a criação de personagens seja demora, justamente pela gama de opções à escolha do jogador. Mas espera um pouco, o artigo (que não é de sua autoria) diz que quer mais opções, mas reclama que a existência de opções dificulta e gera demora… é um contracenso.Contudo, eu concordo com a sua observação: “mas isso é algo resolvível com o passar do tempo, principalmente se o jogador se dá ao trabalho de não somente ler, mas de entender seu personagem e as possibilidades de trabalho em grupo.”Já quanto à demora nos combates, o problema se dá pelo mesmo motivo e se resolve dda mesma forma. Muita gente quer jogar sem ler os livros, sem conhecer o sistema e fica confuso na hora da resolução do combate. Não é o sistema em si q é demorado (na verdade, é bastante rápido, comparado à 3ed), mas sim o desconhecimento do mesmo pelo jogador é que atrasa.Na 3ed, ao contrário, em virtude dos múltiplos ataques que o personagem possuia, apesar das opções reduzidas (o famoso “eu ataco com a minha espada” e rola o dado), o sistema complicava e tornava o jogo lento.Então, se você joga com pessoas que tiveram a boa vontade de ler o livro antes de jogar, que prepararam seu personagem com antecedência (e não 5 minutos antes da mesa começar) e que entendem pelo menos um básico de inglês, o combate não é demorado.Na minha última mesa, eu conseguia fazer uma média de 2 combates por sessão e focar bastante na interpretação (outra crítica injusta comum à 4ed “videogame de papel”. A falta de interpretação é defeito do Mestre, e não do sistema). Eu gosto de bastante interpretação (como bom jogador de storytelling) e reduzo o combate somente aqueles necessários à história. Se for um combate simples, que não vá ter um impacto na história, eu nem requisito jogada de dados e resolvo o mesmo somente com a interpretação.Enfim, somente algumas considerações sobre este tema tão espinhoso que é a guerra de edições…

  6. Paulo Segundo

    Alias, eu joguei o Dragon Age e achei o sistema dele uma porcaria. Parece um old school meia boca e todo travado, com pouquissímas opções de customização.

  7. Primeiro, Franciolli, realmente a saga D&D tem orgulho demais para se deixar influenciar por outros sistema de RPG de papel*, senão, veríamos uma 5ª edição muito “indie” com certeza, ou ainda uma melhoria (a la Pathfinder). Eles com certeza farão alguma mudança notável, mantendo o mesmo caminho de regras.*: de papel, pois há muito burburinho sobre MMORPGs e sua sede por XP e buff e tal. Mas isso é outra coisa, suposições sobre influência de edição passada é coisa passada.Agora, Paulo, é mentira discarada dizer que o combate 4ed é rápido. Só se você usar um Notebook, mais um Ipad, mais uma calculadora de dados para cada jogador, um Campaign Assistent e essas bugigangas de “Power-GMasters”.RPG bom é rpg de papel e dado, e só. De cartinhas já basta o Magic…E outra, você mesmo disse que reduz combate ou altera seu funcionamento. Isso soa como Regras Caseiras, no sentido antigo, não rascunhos de regras que se baixa em PDF, mas coisas específicas da casa/mesa. Por isso seus combates podem ser rápidos.Faça um combate puro, sem alterações, para níveis altos, num grupo médio, com criaturas médias.Antes do fim do turno dos “capangas” (esqueci o nome), todos estarão querendo tirar logo críticos e encerrar isso de uma vez por todas. Ou não.Mas quanto ao Dragon Age ser “porcaria”, questão de gosto. Há quem goste de Jaca…Até diria que realmente É um meio-oldschool, mas não travado, na verdade bem fluídico e organizado, com um interessante Dark Fantasy como cenário principal, cheio de adaptações (inglês) sendo feitas por fãs, com um gostoso sistema de façanhas (mais interessante que apenas um 20 num dado…) e com a maior opção de criação e evolução.Esqueça a definição de classe, e nomei-a “arquétipo evolucionário de carreira”. Pronto, agora as especializações seriam as classes, ou mini-classes. O caminho se abre conforme seu PJ cresce. Não era pra ser assim? Se estamos no Nível 1, somos novatos, não um Paladino Dourado da Aura do Sol, matador de Vampiros, que bate em goblins com o dom do senhor da luz! hehehMas as coisas vão acontecendo aos poucos. Talentos em graus, especialização no 6º e (talvez) 12º nível, etc.

  8. Paulo Segundo

    Muito pelo contrário.Eu não uso nada dessas bugingangas, tirando o character builder (antes da partida, diga-se de passagem).Só joguei com pessoas interessadas, que realmente leram os livros, fizeram seus personagens em casa e enviaram pro mestre uma cópia com antecedência, discutiram o PJ e pediram/aceitaram sugestões sobre o mesmo, e estavam com vontade de jogar.Alias, eu, como mestre, na minha função de direcionar os eventos, aproveito e auxilio, qndo um jogador posssa ter uma dúvida, e mantenho a ação corrida. Eu conheço o sistema, e como mestre, tenho a responsabilidade e a confiança dos meus jogadores pra dizer “a regra é assim” e ponto. Fim da discussão, faça a sua ação e depois é o turno do próximo personagem. Isso é outra coisa que acelera o combate.Usamos miniaturas e um grid feito com um grado branco bem grande, no qual eu desenhei o cenário de batalha antes da partida, pra não perder tempo desenhando na hora. Outra medida que acelera o combate.Você fala das cartas com preconceito. Elas estão ali pra te auxiliar, pra resumir todos os cálculos, justamente pra acelerar o combate. Mas vc acha que é coisa de Magic, e, logo, que não presta.Enfim, se o combate na sua mesa foi demorado, não assuma que nas outras foi assim também. =)Sobre o dragon age, eu adorei o cenário. Sou fã de low magic e um tom mais sombrio. O que eu não gostei dele foi do sistema de regras. Mas vamos deixar essa discussão de lado e nos focar na discussão principal, que é o D&D.

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