Algum de vocês aí é pai? Sim? Não?
Somente quem é pai E jogador de RPG entende a angústia sobre a qual vou lhes falar.
Quando o pai é participativo, durante uma gravidez normal, suas preocupações só começam na hora do parto, ou pelo menos é nesta hora que elas se intensificam e se tornam críticas. A angústia, apreensão e aflição são tamanhas que até a respiração falha.
No meu nascimento EU me senti assim, por que no meu mundo, existimos antes de sermos concebidos na forma de consciência elementar e tenha certeza que não gostamos nem um pouco da sensação de ser abortados.
No meu mundo somos concebidos a partir de uma ideia e para existirmos fisicamente precisamos de infusão divina aka dados sendo rolados.
É esta infusão divina que nos direcionará, que nos guiará rumo ao que seremos, mas elas não ditarão o que seremos e nem onde vamos chegar. Isso cabe a nossa capacidade em vencer os obstáculos que nos são impostos, os que impomos sobre nós mesmos e a alguma limitação com a qual nasçamos (sim, não somos uma sociedade espartana). Porém, algumas pessoas de mente fechada acreditam que somente os fortes sobrevivem e somente eles são capazes de transformar o mundo. Estas criaturas – os considero monstros terríveis – são capazes de matar sua prole apenas por não acreditar que ela possa ser alguém em virtude de alguma limitação que ela possua no nascimento.
Pais que não acreditam em seus filhos são seus algozes.
– Candy Eiro. Mago das antigas.
Como na vida que você tem em seu mundo, nem sempre conseguimos seguir a profissão que desejamos, fazer as coisas que queremos, mas podemos nos ajustar as situações, fazendo bem o que podemos fazer. No entanto, alguns acreditam que somos incapazes, que não podemos vencer obstáculos.
Entre a 3ª era, a forma como passamos a existir foi levemente modificada, se tornando definitivamente Espartana na 4ª era. Ter limitação não é mais uma opção! Nascemos para ser heróis, não meros coadjuvantes na história de nossas vidas. Podemos alcançar a imortalidade ou quem sabe a divindade com um pouco de sorte.
Não ser perfeito não é mais uma possibilidade. Ou nascemos perfeitos ou somos descartados.
Como já disse anteriormente, o momento do nascimento é único e dele, nunca vou me esquecer!
Com cuidado! Pegue os dados divinos! Isso, um de cada vez! Primeiro para Força!
Ótimo! 3 + 3 + 1… 7!
Não serás fisicamente forte e nem se interessarás por brincadeiras ou atividades que a envolvam…
Agora para a Destreza! Respire fundo! Vamos lá! 4 + 1 + 4… 9!
… e embora não seja um desastrado, também não terá grandes habilidades manuais…
Constituição agora! Capricha! Você não vai querer uma saúde frágil… 6 + 2 + 4… 12! Muito melhor…
… mas sua saúde será boa e você não cairá doente com frequência, e sua vida pode estender-se até a velhice se não se arriscar demais…
Inteligência agora! Vamos bem devagar para dar sorte! 6 + 5 + 6… 17! Fantástico! Você poderá ser um erudito!
… mas tudo isso por um motivo. Tua inteligência será prodigiosa. Aprenderá as coisas fácil e rapidamente e poderá dominar conhecimentos que o homem comum não pode…
Agora resta pouco. Vamos ver quão sábio você será. 4 + 3 + 5… 12! Quem sabe um clérigo?
… seu entendimento sobre o que o cerca também será maior que o do homem comum e você entenderá bem os ciclos naturais e buscará mais sabedoria na sabedoria de quem o cerca…
Por último o Carisma! 3 + 2 + 3… 8! Não é ruim, mas também não é muito bom…
… suas idéias, sua forma de expressar-se e o fato de não conseguir esconder seus pensamentos, o tornarão um homem não muito popular…
Mas este sou EU! EU NASCI! E POSSO ME TORNAR UM GRANDE MAGO!
Os músculos, os órgãos e o sangue ainda precisavam ser infundidos na criação, mas o esqueleto já estava pronto e muito caberia a mim!
Eu ainda teria que escolher as ferramentas com as quais eu forjaria meu nome na tábua do grande universo controlado pelo Grande Mestre! Mas eu já sabia quem seria! Conhecia minhas limitações e poderia crescer muito além delas! Sem ser sacrificado por “não ser apropriado“.
As lágrimas sempre rolam pelos meus olhos quando lembro-me de meu nascimento e me indigno diante da cruel realidade instaurada na 4ª Era, quando os grandes mestres determinaram que ninguém mais poderia exibir traços de fraqueza no nascimento, não se almejassem trilhar o caminho do herói.
Na 4ª Era somente os perfeitos poder almejar a grandeza! Não há espaço para pessoas abaixo da média, pois eles são descartados antes mesmo de nascerem!
Na verdade, todos os personagens começam com pelo menos um atributo abaixo da média (8). Se o jogador escolhe colocar ele na média, é opção dele.E devido ao foco nos atributos principais de cada classe e o custo em aumentá-los (é difícil ter vários atributos altos), a tendência é que os personagens sejam medianos na maioria dos atributos e bons em duas, talvez três coisas.E pra finalizar, textinho exagerado. D&D se propõe a ser um jogo de heróis, então é normal que eles tenham capacidades acima da média. Não há erro de design, problema no sistema, ‘monstruosidade’ dos personagens ou ‘cruel realidade’. Erro seria o sistema pregar esse conceito de ‘grandes heróis, grandes aventuras’ e então o personagem morrer ao ser atacado por um gato doméstico (como acontecia em algumas edições).
Obrigado pelos comentários césar/kimble.Na 4E um 8 não é um atributo tão abaixo da média e é o menor valor de atributo que o personagem pode ter se você comparar com atributos bem baixos que o antigo sistema permitia.Alguns RPGs como o D&D, AD&D, seus retroclones, etc., diziam que se a soma dos atributos do personagem não somasse X pontos ele poderia ser descartado, e isso não acontece mais, pois TODOS os personagens terão uma soma de atributos SEMPRE positiva.Concordo contigo que o sistema se propõe a isso! É um jogo heroico afinal de contas e morrer unhado por um gato não é tão heroico assim.
Hehe, curti o espírito do texto.É inegável o fato de que as características negativas do personagem tentaram ser varridas para debaixo do tapete, na intenção de que os frustrados se frustrem menos porque não conseguem vencer. Porém, como disse o Kimble, ainda podem existir atributos ruins, e dá pra criar defeitos legais pros personagens.Tenho jogadores que pegam pequenas características que não são tão positivas assim e criam defeitos de roleplay legal com elas. Por exemplo, uma jogadora minha interpreta sua draconata bem sonolenta, preguiçosa e modorrenta, e bastante turrona quando não pode dormir (por exemplo, em combates à noite ou cedo do dia). Temos também bárbaros superativos, magas viciadas, ladinos mintomaníacos, etecétera etecétera.
Pô Kimble, isso é um caso muuuito raro que pode ocorrer até na 4E (vai que o cara está muito azarado!). Pra quem reclamou do exagero, tá exagerando. =PAlém disso, tive pouquíssimos jogadores que choraram porque os personagens tinham defeitos ou pontos fracos, em mais de 10 anos de RPG. Eles nunca deixaram de ser ‘heróis heroicos’.Abs!
Tbm curti o texto! Embora tenha havido uma guinada na regra básica (rolar atributos -> distribuição de pontos), as duas opções podem ser adotadas em qualquer edição (bem como a definição de qntos pontos se pode distribuir). O tema é interessante. No fim das contas, acho que é questão de gosto mais do que de edição. Sempre tive dificuldades em achar jogadores que gostassem de montar o personagem no acaso total ou aceitando com tranquilidade uma inferioridade. Qndo o problema não é o “aborto”, é o “suícidio” (apenas para fazer outro personagem).
O texto relata fielmente a construção de um personagem…. mas só daqueles que fazem o player baseado na rolagem ( eu faço), mas devemos lembrar que existem aqueles que fazem o background e definem a classe e a raça antes da rolagem. Cada jogador possui a tendência de adotar, uma determinada classe por afinidade.Ainda não joguei a 4ed. de D&D… gostei bastante do 3.5.Rolagem é mais sorte…. meus personagens geralmente possuem 2 atributos muito baixos…. plenamente vinculados de praxe no carisma ( já jogue até com 6) e na inteligência, pericia nao é PV… ( quem precisa)? Se rolar um terceiro atributo baixo ( tipo 10- para não haver penalidade), esse vai na destreza, algum dia terei uma full plate mesmo…