“Entrar no personagem” em RPG parece algo difícil, ainda mais quando temos uma série de “escolas” que defendem que determinados RPGs são mais interpretativos que outros, não se convencendo que alguns RPGs favorecem determinados estilos, mas que nenhum deles desfavorece a interpretação ou o entrar no personagem. Ser ator não é condição para se jogar RPG, ter imaginação e dar asas a ela, sim.
Não existe um jeito certo de jogar RPG, mas alguns grupos gostam quando é criado um ambiente propício para a imersão no jogo, quando os jogadores falam e agem como os personagens – sem necessariamente ter que vestir-se como eles.O primeiro passo para criar a imersão, não cabe ao mestre, mas ao jogador.
Crie um personagem interessante
O jogador precisa criar um personagem que lhe pareça suficientemente interessante, a ponto dele ver o mundo de jogo através dos olhos daquele personagem, mas o personagem também precisa ser interessante para o mestre e para os outros jogadores, afinal eles envolverão o seu personagem em eventos fantásticos.
Ouça os jogadores e remova distrações
A partir do momento que você ouve os demais jogadores e o mestre, e remove as distrações entre você e seu personagem, você começará a falar como o personagem e a entonação de voz poderá até mudar, refletindo os sentimentos vivenciados pelo personagem. Ao ouvir os demais jogadores (e os demais o ouvindo também) é possível criar uma atmosfera incentivadora a imersão, gerando uma experiência muito mais interessante, pois as cenas se tornam mais vívidas e vibrantes para todos. As distrações acabam gerando turnos sucessivos de rolagem de dado sem imersão.
Embora eu esteja tentando enfatizar a imersão do jogador no personagem, não estou querendo dizer que um jogo sem imersão seja ruim, afinal, não existe jeito errado de jogar.
Encenar é agir
O personagem é definido pelas suas ações e não pelo que o jogador fala dele. Não adianta dizer que o personagem é metódico e estratégico se quando no início da batalha ele corre como um bárbaro em fúria para o meio da batalha, tentando derrubar a todos.
As ações falam mais do que palavras e você obterá sucesso quando outro jogador conseguir definir a personalidade do seu personagem tão bem como se fosse dele.
Encenar é escolher
As escolhas devem exercer grande impacto na aventura/campanha sendo jogada e os personagens precisam lidar com as conseqüências de suas escolhas. Faça uma imersão no personagem e deixe que ele escolha a verdade e o que ele quer se tornar.
Seja um personagem ativo e ajude o mestre no desenvolvimento de escolhas que realmente façam a diferença na aventura/campanha, como sendo escolhas reais de seu personagem. Pense nos objetivos do personagem e formas de persegui-los, pois isso pode gerar importantes e interessantes missões secundárias, interações com personagens do mestre ou mesmo uma coordenação com outros personagens.
Encenar são os outros
O processo de criar um personagem e torná-lo vívido nas imaginações de todos, mas a diferença entre a ficha de personagem e o personagem está no momento quando o personagem ganha vida na mesa de jogo. Os grandes momentos de interpretação/encenação advém de um esforço do grupo. Crie ganchos que possam trazer outros personagens para dentro de sua história e incentive os outros jogadores a criarem ganchos de aventuras que o seu personagem possa participar ativamente.
No fim de tudo, divirta-se.
[…] This post was mentioned on Twitter by Roberson Cassol and Fernando Pires, Franciolli. Franciolli said: Entrando no personagem | http://tinyurl.com/33yz9fp […]
Excelente post,breve e preciso.Na mosca.Grande abraço.
Muito bom! Texto pra muito jogador sentar, ler e refletir sobre.Dizer o que eu sou, é uma coisa, mostrar o que eu sou é outra…
É isso aí, Franciolli, no fim de tudo, o que importa é a diversão! Não condeno um agracinha ou um comentário aqui e ali na hora do jogo, eu mesmo costumo “estragar” um pouco o clima do jogo, abusando de uma cena ou outra, mas se todos se divertem, isso é o que importa, há com certeza os momentos de entronização, que são muito válidos, sem dúvida.E você, quando vai encarnar seu personagem aqui no Norte?Um abraço!
Ótimo post. Me lembrou muito longas conversas que já tive com meus jogadores sobre isso. Com certeza, irei indicar a eles a leitura do post.
Olá Fraciolli, gostei muito do artigo man. Como jogador tento sempre incentivar o grupo, ter conversas interessantes com os personagens os chamando para a interpretação. No entanto, isso não é chamar o desafio de ser mestre para você, pergunte ao mestre o que não souber não saia por ai supondo as coisas (a não ser que esse seja o estilo do seu personagem) vá com calma, e lembre-se que a diversão não é só para você e sim para todo grupo e como o RPG é um jogo coperativo você tem seu dever para garantir a diversão de todos.Uma boa dica é fazer um personagem baseado em alguém de algum filme, anime ou série que você gosta. Me lembro quando Caio, um jogador que jogava comigo em 2004 e que tinha problemas em interpretar seu personagem me pediu para fazer outro personagem pois não estava gostando do atual, e prontamente eu o autorizei a fazer já que tinhamos um gancho definido para sua saída. Então o rapaz fez outro Monge, e eu disse “Que merda é essa Caio? Tu desfaz um monge para fazer outro” e ele me olhou e disse “Yoshi!”, na hora eu saquei o que estava acontecendo …Na outra seção lá estava o Caio animado saindo de um monge tradicional, para Rock Lee (só que com outro nome) um artista marcial bem jovem e cheio de energia, com um senso de humor altamente contagioso que proporcionou as maiores risadas que eu já dei na minha vida, junto a um paladino que só achava mulher com carisma 8 abaixo bonita (sim, ele cantou a meio-orc banguelinha da taverna e a pediu em casamento mais de uma vez). Moral da história, FODA-SE A MERDA DA FICHA mestre nenhum vai te punir por interpretar um personagem que traga diversão a mesa de jogo, pelo contrário você vai ser relembrado 6 anos depois numa postagem no trampolimRPG!
Acho que comentei que estou jogando com um anão que fora abusado por duergars (mas não no mal sentido) e para esquecer o trauma dos anos servindo seus inimigos, ele é muito espirituoso e contador de piadas, o oposto do estereótipo anão.Sempre falo pros meus jogadores que o que torna uma sessão realmente interessante é a participação de todos, não somente na hora de rolar dados, mas principalmente nas decisões dos rumos da aventura/campanha.As sugestões ajudam o mestre, principalmente quando este vive uma crise de idéias.
Salve, salve Daniel.Eu acho bacana quando a gracinha é dita pelo personagem, mesmo que isso torne a aventura uma sessão comédia, mas não há como controlar e exigir seriedade em 100% da sessão, faz parte, principalmente para quebrar o gelo.Em relação ao norte, estou esperando a convocação, que deverá sair na segunda quinzena de outubro, fazendo com que eu esteja por aí entre novembro e dezembro (se Deus quiser).Quando chegar aí, e enquanto minha família estiver por aqui, o RPG será a minha ÚNICA diversão!!!