Quando comecei a jogar AD&D, fui desenvolvendo minhas campanhas em cenários próprios, pois me sentia esmagado pela imensidão do Forgotten Realms e seus muitos livros já publicados. Demorou um pouco para que eu entendesse que aquele cenário seria meu a partir do momento que eu começasse a criar minhas aventuras nele, e que o canon não interessava.
Quando isso aconteceu, me senti livre de poderosas amarras invisíveis. Eu e meus jogadores fomos capazes de contar estórias realmente fantásticas, em todos os sentidos, nos Reinos Esquecidos, que passou a ter a nossa assinatura pessoal e uma linha de tempo completamente particular.
De maneira similar, também fiquei preso ao sistema / ambientação. Para mim, era extremamente complexo utilizar o Vampiro Idade das Trevas com Ravenloft, Tagmar com Senhor dos Anéis, ou Runequest 6 em Forgotten Realms, mas um dia, também me libertei dessa prisão e todas as misturas citadas foram possíveis, com resultados surpreendentes, alguns deles relatados aqui no blog.
A DriveThruRPG, somente na categoria Core Rulebooks, retorna 9.280 resultados. Se a busca for feita por material em inglês, compreendendo todas as categorias, são 83.377 resultados. Uma quantidade realmente considerável de material, que posso dizer, ser impossível de vir a mesa de uma única pessoa, em somente uma vida.
Mas como aproveitar melhor o material que temos a nossa disposição, usando algumas combinações que podem dar realmente certo? Vou usar como exemplo, a campanha que estou iniciando.
O sistema
Como Mythras ocupou um lugar de destaque na minha preferência, resolvi usá-lo, mas não sou muito fã das ambientações apresentadas. O sistema possui uma forma de evolução sem níveis, baseado em perícias e um sistema de combate com fortes consequencias. Exatamente o que eu procuro.
A ambientação
Borderland Provinces é uma ambientação para Swords & Wizardry. Como a ideia é criar uma campanha aberta, vou utilizar também o produto The Borderland Provinces Journay Generator.
Em um universo ficcional onde os aventureiros são aqueles que se lançam ao mundo para conhecê-lo, e não necessariamente para salvá-lo, o ponto de partida está claro, mas o ponto de chegada deve ser determinado. Para onde ir em um mundo tão vasto? Quem está patrocinando essa expedição? Ela é uma jornada simples ou complexa? E como será o desfecho dessa jornada?
Também vou utilizar o Starter Set do D&D 5ª Edição, para incluir a cidade de Phandalin e seus NPCs, criando uma missão secundária que estaria atrelada a recuperação de um artefato religioso, perdido próximo aos locais de escavação.
Tudo junto e misturado
Tenho certeza que tem muito mais gente misturando muito mais do que eu para criar suas aventuras fantásticas. Um ponto muito positivo nessa mistura é que você pode pegar os melhores elementos daquilo que você tem e disponibilizar tudo para os seus jogadores, criando uma experiência realmente única, em um universo que pode até parecer uma colcha de retalhos, mas que fará todo o sentido para você e o seu grupo.
E você? Faz isso? Compartilhe aqui nos comentários os seus amálgamas.
Faço muito isso…
Por exemplo em aventuras onde a ideia é investigar e caçar monstros, ou entidade que está além da nossa compreensão está o Chamado de Cthulhu, entretanto eu passei a usar uns dos jogos que vejo que se encaixa melhor a temática do jogo, (ou quando não uso ao contrario) caçadores caçados, também trago a ambientação de Accursed (ambientação de Savege World) para uma proposta mais old school
Confesso que até hoje tenho dificuldades disso. Preciso me livrar dessas amarras, fico muito preso ao “canon” e com certeza isso acaba limitando meus jogos. Me lembro quando mestrei a campanha do Tyranny of Dragons, as melhores partes foram as que saímos dos trilhos.
Salve, Pedro.
Ficar preso ao canon é uma das piores coisas que pode acontecer, pois você se engessa.
Quando mestre Grinding Gear, chegou em um ponto onde os jogadores não quiseram mais avançar e fugiram do local. Peguei algumas tabelas de encontro aleatório e foi muito divertido, para todos.
Diante da quantidade avassaladora de materiais que temos a nossa disposição, quanto mais misturado, mais interessante pode ficar a coisa.