Basic Roleplaying Game (BRP)

No artigo de hoje vou falar um pouco sobre o Basic Roleplaying (BRP), um sistemas de regras criado em 1978 para RuneQuest. O sistema desenvolvido apresentava regras mais fáceis e intuitivas do que de outros RPGs que existiam na época, especialmente o D&D.

No Brasil, o sistema ficou conhecido pela ambientação de horror Call of Cthulhu, cuja sexta edição foi traduzida pela equipe da Terra Incógnita em 2014. O Sistema Daemon, do RPG Trevas (1997), utiliza um sistema de resolução muito parecida com o BRP, o que me faz acreditar que o autor tenha sido fortemente influenciado pelo BRP quando escreveu o seu sistema.

Neste primeiro artigo vou falar sobre um pouco do histórico do BRP, para em seguida falar sobre alguns títulos mais próximos de D&D, assim como alguns elementos que podem ser utilizados em D&D facilmente.

Em julho de 1978, três mil e quinhentas pessoas compareceram a Origins Game Fair, evento ocorrido em Ann Arbor, Michigan. Aquela foi a maior convenção de jogos até aquele momento e lá os jogadores tiveram acesso ao RPG RuneQuest, o primeiro RPG publicado pela Chaosium e ambientado em Glorantha, um cenário fantástico criado por Greg Stafford.

O RPG usava uma sistema de regras desenvolvido por Steve Perrin, Steve Henderson e Ray Turney (que ficou conhecido como Basic Roleplaying ou BRP), composto por um conjunto de regras mais básico e intuitivo do que outros RPGs que existiam na época. A segunda edição de RuneQuest, lançada em 1980, passou a ser o segundo RPG mais vendido, perdendo apenas para o AD&D.

Em novembro de 2015, para comemorar os 50 anos da obra de Stafford e os 40 anos da Chaosium, foi lançado o kickstarter do RuneQuest Classic, um retorno da 2ª edição deste RPG. O financiamento coletivo fechou em dezembro de 2015 com 2.176 apoiadores e um total de 206.819 dólares arrecadados.

A segunda encarnação das regras do BRP veio com o Stormbringer, que adaptava a série fantástica Elric do escritor Michael Moorcock para o RPG. As regras de Stormbringer eram um pouco mais flexíveis do que as do BRP e introduziram muitas variantes interessantes.

Sandy Petersen reescreveu o sistema mais uma vez e o adaptou ao mundo sombrio dos horrores cósmicos de H. P. Lovecraft, criando em 1981 o primeiro RPG de horror e provavelmente a versão mais popular do BRP, o Call of Cthulhu (Chamado de Cthulhu no Brasil).

Em 1982 foi lançada a caixa World of Wonders, contendo quatro livretos: Basic Roleplaying, Magic World, Superworld e Future World. O produto mostrou toda a versatilidade do sistema BRP, apresentando três diferentes gêneros – fantasia, super-heróis e ficção científica – baseados em um mesmo conjunto de regras. O GURPS, que tinha a mesma proposta, só foi aparecer em 1986.

Outras variações do BRP seguiram-se ao World of Wonders com jogos baseados em diversos romances:

  • Superworld: lançado pela Chaosium em 1983. As sessões deste RPG inspiraram as histórias do romance Wild Cards (Cartas Selvagens), editada pelo conhecido George R. R. Martin.
  • Ringworld: baseado nos romances de ficção científica do autor Larry Niven de 1970 e que ganhou sua adaptação para o RPG pela Chaosium em 1984;
  • Elfquest: série de quadrinhos criado por Wendi e Richard Pini em 1978 e que ganhou sua adaptação para o RPG pela Chaosium em 1984;
  • Hawkmoon: baseado nos romances da série Eternal Champions do autor Michael Moorcock e que ganhou sua adaptação para o RPG pela Chaousium em 1985;
  • Pendragon: lançado pela Chaosium em 1985, com uma versão bastante modificada do BRP. Eu considero este RPG o melhor para ambientar a série A Game of Thrones.
  • Nephilim: RPG francês de ocultismo publicado em 1992 pela Multisim que ganhou em 1994 uma tradução para o inglês pela Chaosium.

Além destes, o BRP influenciou muitos outros sistemas de jogos direta ou indiretamente, particularmente na Europa, onde muitos jogos são claramente baseados em seu sistema. Alguns exemplos são o Other Suns, publicado pela Fantasy Games of Unlimited e o Drakar och Demoner (Demônios e Dragões) publicado pela Äventyrsspel em 1991.

Ainda hoje o BRP é um dos sistemas de jogos mais populares, e muitas de suas inovações são consideradas padrão nos sistemas atuais.

Desde sua origem, o Basic Roleplaying foi desenvolvido para ser intuitivo e fácil de jogar. Os atributos dos personagens seguem uma curva 3D6, mas a maior parte das mecânicas do sistema baseia-se no sistema percentual. As características primárias que emergiram de décadas de jogo, a partir dos vários diferentes sistemas são:

  • O sistema é notavelmente amigável. É fácil descrever o básico do sistema de jogo e as mecânicas percentuais a não jogadores.
  • Jogadores oriundos de outros sistemas freqüentemente acham o BRP menos mecanicista, oferecendo menos barreiras para a interpretação. Menos tempo gosto em mecânicas de jogo normalmente se equaciona como mais tempo para interpretação e pensamento “personificado”.
  • A maior parte das informações que os jogadores precisam está em suas fichas de personagem.
  • Os personagens tendem a desenvolverem-se baseados nas perícias que usam mais. Eles não ganham experiência arbitrariamente em perícias e qualidades baseadas em elementos efêmeros como níveis ou graduações de experiência.
  • O combate pode ser muito rápido e mortal, e muitas vezes o golpe decisivo em um conflito é o primeiro a ser desferido.

O BRP é incrivelmente modular: níveis de complexidade podem ser adicionados ou removidos de acordo com a necessidade e o sistema básico funciona bem com muitos detalhes ou com uma quantidade mínima de regras. A consistência interna do BRP permite julgar regras rapidamente com a menor quantidade de buscas no livro em casos especiais.

O BRP da Chaosium reconcilia diferentes aspectos do sistema e traz muitas regras variantes em apenas um livro. Algumas destas regras são apresentadas como extensões opcionais, algumas como sistemas alternativos e outras foram incorporadas ao sistema básico.

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  1. […] de jogadores novatos, nas duas primeiras sessões de uma mini-campanha de BRP (mais informações aqui). Mas se você não joga e nem pretende jogar BRP, eu o desafio a continuar a leitura, afinal, a […]

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