Você abre os olhos e enxerga um teto baixo, de onde teias de aranha pendem. Por um instante você pensa ter visto uma capturando uma mosca que parecia passar por ali, mas foi só impressão.
Quando se vira, percebe que está em um catre no chão, e do lado direito, sobre uma mesa, tem um jarro e uma caneca de barro. Do lado esquerdo há um portal, coberto por um tecido semitransparente e a sua frente, uma janela aberta, por onde passam raios de sol.
O mundo está em silêncio, exceto pelo pulsar de seu coração e isso o deixa ainda mais apreensivo, principalmente por “onde estou” não ser tão premente quanto “quem sou eu?”
Imaginei esta cena como introdução de uma aventura para não jogadores de RPG. A ideia parece simples e eu espero testá-la algum dia.
Os personagens acordam com amnésia, sem nenhuma noção de onde estão e porque estão onde estão e todo o processo de descoberta, caberá em grande parte a eles, que minimamente orientados norteiam, entre outras coisas, que estilo de jogo desejam jogar.
A princípio, a abordagem foi pensada para narrar o Basic Roleplaying System, que por ser genérico, conseguiria enquadrar qualquer ambientação que os jogadores pudessem propor sem nenhuma alteração nas regras.
A ficha seria preenchida aos poucos, a medida que a narrativa fosse se desenvolvendo e os jogadores fossem conhecendo e deixando que seus personagens fossem conhecidos, com seus atributos/perícias sendo preenchidas a medida que eles fossem determinando suas habilidades.
Por não conhecerem nada do cenário e nem do sistema de regras, acredito, a pressão seria menor e o fato de criar seus personagens durante a narrativa, conseguiria lhes mostrar, talvez mais facilmente, como as regras e a narrativa funciona, sem ter que dedicar uma sessão para criação de personagens e explicação das regras.
Olha… eu já tinha pensado nisso antes mas, por algumas experiências pessoais, não sei se daria certo, não.Eu tiro isso pelo fato da Amnésia se transformar em “muleta” para os jogadores, pois já vi muitos se aproveitando disso para que o Narrador crie a sua história…Mas eu ainda gostaria de ver isso em ação…
Obrigado pelo comentário Jairo.No caso, minha proposta é de fazer com que os jogadores insiram elementos, de outra forma, simplesmente eles não se conhecerão e caberá somente a eles decidir isso e só fico mais confiante em um bom resultado, porque seria para apresentar o jogo a novatos e não para jogar com veteranos.
Acho que poderia funcionar com veteranos também. Já que pelo que eu entendi é a narrativa que “libera” a ficha de personagem, pode até rolar uns flashbacks narrados pelos jogadores (ou mesmo umas perguntas estilo Dungeon Word) para estimulá-los a participar mais ativamente desde o começo da campanha.Com jogadores veteranos, talvez nem seja preciso recorrer a Amnésia. Começa-se só com o nome e com uma descrição e como em uma série de TV vamos conhecendo mais dos personagens à medida em que o “piloto” vai passando. Esse método ainda tem a vantagem de que a sessão de construção de personagens acaba sendo uma sessão de jogo (o que pode ser vital para grupos que tem pouco tempo, como o meu). Eu fiz algo nesse sentido para minha campanha de Supers (Marvel Heroic Roleplaying com heróis próprios) em uma aventura estilo “Hogwarts para Supers”. Enquanto o ano letivo ia passando, entre um evento estranho e outro (investigado ou causado por eles), os personagens preenchiam relatórios de avaliação psicológica, de desenvolvimento, etc… que deram origem às fichas de personagem. A criação de personagem não só foi indolor, como todos curtiram bastante (incluindo uma novata). Não sei se algo desse tipo poderia funcionar em um sistema mais “matematizado”.
Eu já fiz isso, era fantasia medieval o grupo acordou em um castelo arruinado, como se tivesse acabado de sofrer uma explosão e tinham que descobrir… bem, tudo, inclusive o que estavam fazendo ali. Tinham apenas fragmentos de de memórias a única coisa que eles sabiam com certeza era que precisavam fazer alguma coisa até o amanhecer (ou seja, nada de descanso para o grupo), conforme eles iam explorando o castelo arruinado iam achando pistas que destravavam memórias por exemplo o livro de magias do mago, um retrato na parede de uma pessoa conhecida etc. foi muito interessante. Os PJs foram craidos no 8º nível, mas durante o jogo era como se estivessem no 3º nível. No fim quando resolveram o enigma, um camponês falou o nome do reino em que estavam… Barovia. A galera ficou chocada hehehehe.