Saudações aventureiros.
Recentemente, como já havia falado em algum lugar, fui presenteado com um exemplar em pdf do RuneQuest 6, um RPG baseado nas regras do Basic Roleplaying System da Chaosium e que foi publicado pela The Design Mechanism.
O RuneQuest 6 é um pequeno calhamaço com 456 páginas que a princípio me assustaram, mas depois de alguns cálculos, se tornou extremamente palatável, pois reúne todas as informações necessárias para jogadores e mestres, com dicas muito bem escritas, monstros e cinco tipos de magias, as quais falarei em um outro artigo.
O primeiro capítulo dedica-se a criação dos personagens, um processo que estende-se pelo segundo capítulo, que tem informações sobre as quais vou abordar neste artigo
Cultura e Comunidade
Sempre achei importante que os personagens tivessem vínculos mais fortes, seja com a cultura da qual seu personagem é proveniente, seja com sua comunidade natal, mas poucos são os RPGs que abordam isso de forma satisfatória e enquanto alguns deixam estes detalhes inteiramente a cargo dos jogadores no desenvolvimento de seu histórico, RuneQuest apresenta tais aspectos como uma parte essencial da criação do personagem.
Bárbaros, Civilizados, Nômades e Primitivos
Estes são os quatro grupos culturais apresentados no RuneQuest e durante a criação do personagem, o jogador tem que escolher um deles, que pode ser limitado pelo mestre de acordo com o foco da campanha.
Cada cultura oferece acesso a determinadas perícias comuns, perícias profissionais e estilos de combate, assim como paixões culturais, como as que seguem para a cultura bárbara:
- Lealdade ao Jarl;
- Amor (amigos, irmãos, amante, etc.);
- Ódio (criatura, rival, clã, etc.)
Cada personagem recebe uma quantidade em pontos de perícias que podem ser gastos para aumentar sua habilidade com as perícias culturais, bem como podem determinar as suas paixões, que podem ajudá-los em determinadas situações, como lutar contra um inimigo que coloca um amor em perigo.
Eventos do Histórico
Muitas vezes os jogadores sentem dificuldade em determinar elementos do histórico do personagem e algumas vezes os jogadores sentem-se frustrados em escrever dez páginas de histórico e perder o personagem na primeira aventura. Em parte, RuneQuest resolve este problema.
Como um sistema opcional, mas altamente recomendado, os jogadores são encorajados a rolar em uma pequena tabela para determinar elementos do histórico de seu personagem. Quanto mais velho o personagem, mais rolagens ele pode fazer nesta tabela.
Comunidade
Relacionando-se a comunidade de origem do personagem, é possível determinar a classe social, que garante benefícios (ou malefícios) aos personagens. Todas as culturas possuem um valor básico e randômico para determinar a quantidade de moedas disponíveis inicialmente, que são modificadas por um fator multiplicador que depende do nível social.
Heróis, membros de uma sociedade civilizada, iniciam suas jornadas com um valor que varia entre 300 e 1.800 moedas de prata. Se o personagem pertencer a classe social Aristocrata (multiplicador x5), essa quantidade variará entre 1.500 e 9.000 moedas de prata. Já um Pária (multiplicador x0,25) teria entre 75 e 450 moedas de prata.
Família, aliados, contatos, rivais e inimigos
Prosseguindo a criação do personagem, também se determina através de rolagens em tabelas, as relações familiares (quem são e em que quantidade), a reputação da família e suas conexões, sendo possível que a família tenha conexões com os principais governantes do reino.
Tanto a tabela de Reputação quanto a de Conexões podem presentear o personagem com aliados, contatos, rivais e inimigos. Boa reputação garante contatos e aliados. Má reputação garante inimigos ou rivais. Conexões concedem aliados, contatos, rivais e inimigos, o que me lembrou muito os elementos de intriga do A Game of Thrones.
Conclusão
Embora os elementos culturais e de comunidade tenham sido designados com mecânicas específicas para o RuneQuest, eles podem ser facilmente assimilados por outros RPGs, como o Dungeons & Dragons por exemplo, contribuindo para a criação de personagens orgânicos e com traços culturais determinantes.
Gosto de mecânicas que valorizam a cultura dos personagens, inclusive esta era uma das coisas que achei mais legal no sistema CODA na ambientação do Senhor dos Anéis. Vou tentar em um futuro próximo fazer isso nas minhas campanhas.
Saudações e obrigado pelo comentário Álvaro.O mais interessante do RuneQuest, neste caso, é que não é um fator opcional e sim obrigatório que pode ser mexido da forma que o mestre desejar.Ainda não li o CODA, mas pelas referências fico muito tentado. Se não me falha a memória, O Um Anel tem algo no estilo também.