Saudações leitores! A intenção do ForjaRPG sempre foi de escrever não apenas de RPG, mas também de qualquer coisa que inspira e dá idéias para mestres e jogadores. Nada mais justo então do que começar esta coluna com o jogo que mais me surpreendeu nos últimos anos: Faster Than Light.
O FTL foi lançado através de um super bem sucedido kickstarter, que conseguiu 200 mil dólares. O jogo é um roguelike com temática espacial. Se você nunca jogou nenhum jogo neste estilo, ou sequer conhecia o termo, ele é um sub-gênero de jogos de RPG eletrônicos, mas baseados em criação dinâmica de níveis, morte permanente e movimentação baseada em turnos. Pode-se dizer que jogos como Diablo são uma evolução moderna dos roguelikes. A verdadeira graça de um roguelike é justamente sua aleatoriedade e o permadeath: você sabe que vai morrer, mas o que importa é ver o quão longe você chega antes disso.
No FTL você controla uma nave que está fugindo dos rebeldes (ou algo assim, a história nunca me interessou muito). A nave inicial tem três tripulantes, que você precisa controlar pela nave para controlar os armamentos, escudos e outras partes da nave, além de consertar os danos causados por mísseis e lasers inimigos. Além das batalhas em tempo real, onde você vai colocar suas habilidades estratégicas a prova, o jogo possui um mapa onde você pode ir explorando a galáxia enquanto foge. Se você demorar demais, os rebeldes irão encontrá-lo e aí é game over, mas se você não explorar não vai melhorar sua nave com os upgrades.
Fazia anos que eu não jogava um jogo tão interessante e difícil. Se você aprecia o gênero, FTL vai te manter na ponta da cadeira o tempo inteiro, e você não vai conseguir ficar em paz pensando só mais uma tela e depois eu paro.
O Faster Than Light também em fez pensar em seu paralelo com o RPG. Os roguelikes originais, incluindo o Rogue, foram fortemente inspirados no D&D e sua exploração de masmorras, e o FTL mantém o mesmo ar oldschool que eu aprecio. Assim como os RPGs iniciais, o FTL tem uma premissa de história bem fraca – “fugir dos rebeldes e encontrar o chefe no final” não é muito melhor do que o bom e velho “vocês encontram um velhinho na taverna com um mapa de uma masmorra“. Mas assim nos RPGs antigos, a história pré-determinada é o de menos: o que interessa são os momentos de decisão e tensão ao explorar o desconhecido cheio de tesouros e perigos. Essa pra mim é a verdadeira graça de um oldschool e também é a mesma graça dos roguelikes.
Ao invés de uma história complexa, o que temos é uma história que surge do que acontece durante o jogo, que você irá lembrar e contar depois por muitos meses. Eu já escrevi sobre isso aqui no Forja RPG: chama-se história emergente.
E para quem assim como eu ficou empolgado em jogar isso em forma de RPG, existe o excelente Stars Without Number, um jogo OSR de ficção científica feito para se jogar em um sandbox de exploração espacial. O jogo possui uma versão completamente grátis e uma outra versão ampliada e paga. Para quem gosta de OSR e jogos sandbox eu recomendo fortemente o SWN, que tem ferramentas excelentes para os mestres planejarem os sistemas e planetas.
Agora com licença que vou tentar novamente salvar a federação.
Atualização: Não sei como esqueci de mencionar, mas a trilha sonora do FTL é simplesmente fantástica. Mesmo se você não gostar do jogo, consiga a trilha sonora: é perfeita para deixar de fundo jogando qualquer tipo de RPG de ficção científica. Saca só:
http://youtu.be/v_Njdszuix4
Faz um tempo, eu queria mestrar um Space Opera e passei pelo SWN e até ensaiei um BE…Mas no fim estranhamente acabei escolhendo (e que meus jogadores nunca descubram) o Smallville com o suplemento do Yearbook… (até pq eu baseei em Enders Game e Starship Troopers, então um simulador de escola funciona muito bem)
Excelente escolha. Eu estava pensando em talvez utilizar o Lady Blackbird/Shadow of Yesterday, enquanto uso as tabelas de sandbox do SWN. Talvez fosse ficar divertido.E eu ainda não conheço Ender’s Game, está na minha to-read list há anos!