Em O Hobbit, J. R. R. Tolkien narra a história de Bilbo Bolseiro, um hobbit que se vê envolvido em uma jornada inesperada, sendo arrastado de sua rotina diária para uma aventura.
O mesmo acontece com Frodo Bolseiro em O Senhor dos Anéis, dessa vez não somente com um hobbit, mas quatro.
Em As Crônicas de Nárnia, C. S. Lewis, em seus vários capítulos várias crianças se vêem tragadas de nosso mundo para o mundo fantástico de Nárnia, claro, nos primeiros livros o próprio mundo de Nárnia é criado, mas as crianças continuam saindo de suas vidas normais, da rotina do dia-a-dia para uma grande aventura.
O mesmo acontece em Eragon, nas Crônicas de Gelo e Fogo, Desventuras em Série e em vários, se não todos os outros livros. Nos filmes talvez isso fique bem mais claro, e aí não poderia deixar de citar filmes como Matrix por exemplo, onde Neo fica diante das pílulas “continuar na mesmice ou enxergar o mundo de forma diferente“.
Percebi, nos últimos dias (talvez tenha demorado muito tempo para fazê-lo), que a rotina de um personagem o torna orgânico. Normalmente, os livros ou filmes, começam mostrando o personagem fazendo tarefas cotidianas, mostrando que aquele personagem poderia ser qualquer um de nós.
Se este recurso é tão utilizado em livros e filmes, porque não exploramos só um pouquinho quando criamos nossos personagens de RPG? E se vamos fazer, porque fazer?
Rotinas definidas geram personagens orgânicos
As rotinas nos definem e ajudam na criação de vínculos com os personagens ficcionais, tornando-os mais reais e verossímeis.
É normal que um ferreiro acorde cedo, alimenta o fogo da fornalha, derreta o metal e o submeta durante longos períodos a tratamentos térmicos que transformem o ferro maleável e frágil em uma lâmina de aço resistente. Ele pode fazer isso durante toda a semana, com exceção dos domingos e feriados, quando ele dirige-se a cidade vizinha para vender suas obras e comprar mais matéria-prima.
Personagens que conhecem a rotina o ferreiro, com certeza poderão surpreender-se quando, em um final de semana ele não apareça na feira. O mesmo ferreiro poderia estranhar quando um personagem do jogador, que sempre vai até a sua forja não aparecesse para comercializar o necessário carvão.
Rotinas alteradas sutilmente
Se os personagens possuem rotinas, é normal que estas estejam associadas a outros personagens, tanto dos jogadores quanto do mestre. Algumas mudanças sutis na rotina do personagem podem ser indicativas de que algo anormal está acontecendo.
Um doppelganger substituindo um personagem (do mestre ou não) poderia demonstrar mudanças na rotina que poderiam ser notadas por personagens mais atentos, criando excelentes cenas.
Quando saio da rotina…
Quando um personagem sai da rotina, bem… quando saímos da rotina estamos, sem dúvida em uma aventura… ou em uma grande encrenca.
O mestre pode aproveitar elementos da rotina dos personagens para criar ou expandir ganchos que possam ser utilizados para jogar os personagens em alguma aventura, pequena ou mesmo muito grande. Com rotinas estabelecidas, fica fácil para os jogadores sentirem que suas existências sofreram uma guinada de 180º.
muito boa materia franciolli. Mais uma coisa para colocar nos personagens, além da historia de seu passado.
Obrigado Thito.Lembrando que este é um aspecto que pode ser escrito em umas duas linhas e pode gerar grandes oportunidades.
A melhor definição que já encontrei para “Rotina” ou “Costume” foi: “Amor adquirido por um hábito contínuo”.Junto com essa definição encontrei mais três “amores” que podem ajudar a delinear uma pessoa/personagem:- “Sonhos” ou “Fantasias”: “Amor resultante da imaginação, que se sente por coisas com as quais não estamos habituados”;- “Paixões” ou “Fixações”: “Amor resultante da crença (de que o objeto do amor te corresponda por amá-lo tanto quanto você)”;- “Gostos”: “Amor resultante da percepção de objetos externos, da experiência própria”.(Pena que o livro de onde tirei isso seja considerado “maldito” e sofra tanto preconceito.)
Agora fiquei curioso para saber qual a sua fonte 🙂