Nem todo começo é bom, assim afirmam muitas pessoas em relação a perda da virgindade. Mas muito embora a primeira vez não seja a melhor, a insistência e a prática levam a experiências cada vez melhores.

Mas porque quando alguém joga RPG pela primeira vez e não tem uma experiência muito positiva, a tendência geral não é continuar tentando, assim como no sexo? Seria o prazer envolvido o que faz a diferença?

Não! A minha proposta com este artigo não é propor uma forma de tornar a sua primeira experiência com o RPG algo tântrico! Nem mesmo fazê-lo morrer a pequena morte enquanto está jogando, mas sim, fornecer algumas dicas de como NÃO COMEÇAR ERRADO.

O que começar errado significa?

Me lembro de uma sessão de Natal By Night, lá pelos idos de não me lembro mais, onde uma jogadora novata compareceu a sessão e no meio do calor da interpretação, o jogador esmurrou a parede com tanta força que a jogadora simplesmente desapareceu depois da sessão, para nunca mais aparecer em mesa alguma de RPG.

Na minha opinião, a exposição da jogadora novata a carga testosterônica dramática do jogador empolgado por ter uma mulher na mesa de jogo, causou um efeito bem contrário ao desejado.

Quando mestrei alguns RPGs para meu antigo grupo, experimentei uma deserção das fileiras de jogadores, em parte por culpa deles, que sempre vinham com a conversa fiada o que você mestrar jogamos, o que não é verdade. Se os jogadores não estiverem interessados na proposta do jogo, a primeira coisa que vão fazer é perder-se em conversas paralelas e em seguida simplesmente desaparecer da mesa de jogo, até o dia em que você liga para eles perguntando se vão comparecer a sessão e eles respondem “eu não vou mais jogar, não me adaptei ao sistema“.

Como começar certo então?

Se vocês se dignarem a procurar no Google, vão encontrar muitas referências sobre como começar a jogar RPG, inclusive este NitroVídeo: Como Começar a Jogar RPG produzido pelo Tio Nitro, do Nitro Dungeon.

A ordem dos fatores pode alterar o resultado

Eu particularmente concordo com isso.

Você compra os três livros básicos de Dungeons & Dragons 4E, aprende todas as regras, compra uma aventura pronta e chama seus amigos para fazer os personagens e começaram e jogar, mas aí metade deles dizem que não querem jogar D&D 4E por que é muito boardgame, e a outra metade diz que preferia jogar uma aventura de investigação no estilo Fringe.

E agora? O que você faz?

Como eu disse, a ordem pode alterar o resultado deste contato, então vamos voltar um pouco no tempo e refazer as coisas de uma forma mais ordenada e que permita uma experiência agradável para todos.

1. Escolha os jogadores

A primeira coisa a ser feita é formar o grupo de jogadores. O grupo precisa estar afinado em relação ao tipo de histórias que desejam contar e devem tender a um mesmo campo ideológico, exemplo, vocês querem jogar com os mocinhos ou com os vilões?

2. Escolha o cenário

Depois que o grupo estiver formado, é hora de perguntar-lhes que tipo de cenário eles gostariam de vivenciar suas histórias. Fantasia medieval? Horror? Ficção científica?

Com os caras certos e o cenário aprovado por todos, a aventura está próxima.

3. Escolhe o sistema de regras

Depois que o mestre do jogo identifica o tipo de cenário que seus jogadores querem desenvolver, o mestre deve escolher o sistema de regras que comporte melhor o tipo de cenário escolhido. A escolha do sistema de regras, anteriormente a definição do tipo de história que os jogadores querem desenvolver, pode gerar aquela situação ali em cima, pois alguns sistemas priorizam certos aspectos em detrimento de outros.

Dungeons & Dragons é um sistema de regras apropriado para contar histórias de exploração de masmorras…

Lembre-se sempre de ler sobre a proposta do sistema de regras que você vai utilizar, pois embora seja possível criar uma história com qualquer sistema de regras, algumas são mais apropriadas do que outras para determinadas temáticas.

4. Crie os personagens em cooperação

Os personagens devem ser criados todos juntos e não de forma que cada personagem seja diferente e complete o grupo, como em D&D em que se a formação básica não estiver contemplada, os combates as aventuras ficam mais difíceis.

A intenção em fazê-los todos juntos é que nesta fase, os personagens vão criando os elementos que os unem aos demais personagens e vão soltando informações sobre quem são e quais são seus objetivos. O mestre do jogo deve apropriar-se de todas estas informações, pois este é o barro essencial, que moldado, formará os alicerces das histórias que os jogadores desejam ajudar a contar.

5. Escreva o esqueleto da aventura

O esqueleto da aventura é criado a partir da criação cooperativa dos personagens dos jogadores, a medida que eles vão soltando ganchos para o mestre do jogo e imediatamente depois. O mestre do jogo vai fazendo perguntas, calando-se, ouvindo e anotando. Os jogadores vão criar uma situação inicial sem sequer perceber.

6. Comece a jogar

Aí é continuar a diversão, ajudando a contar a história que os jogadores querem realmente jogar.

Depois de tudo, é hora de sentar-se e divertir-se.

Concordam? Discordam? Deixe um comentário.

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Escrito por Franciolli Araújo
Esposo de Paula, pai de Pedro e Nathanael. Professor e pesquisador na área de mineração. Um sujeito indeterminado que gosta de contar histórias e escrever sobre elas e acredita que o RPG é o hobbie perfeito, embora existam controvérsias.