Os itens mágicos eram, na minha época, a cereja do bolo, mas hoje são o bolo sem cereja e olha que um mago de minha estirpe não fala com saudosismo, isso é coisa para pessoas com complexo de imortalidade.

Os itens mágicos mais novos, feitos pouco antes e depois da Praga Mágica que assolou minha terra natal, são comuns, com poderes fantásticos, mas como os bons e velhos anões, não possuem Carisma algum! Para piorar um pouco ainda a situação, como filhotes de orcs, eles existem as centenas, e em qualquer taverna dos Reinos Esquecidos e Lembrados é possível comprar, legalmente, um item mágico no mercado local.

Quando os Magos da Costa abriram o portal para Dark Sun, introduziram os tais Bônus Inerentes, já tratados aqui no blog e em muitos outros, que permitiam que os aventureiros perdessem a dependência pelos itens mágicos (em Dark Sun eles são raríssimos). A idéia teve força e foi oficializado com o Player’s Handbook 3, que apresentou os bônus inerentes como parte das regras oficiais e válidas para qualquer cenário.

O que me deixa mais puto é ver este cara ganhando dinheiro com um modelo de negócio que ele não inventou...

Observando de longe eu imaginei que aquilo seria uma tendência de refreamento da banalização dos itens mágicos, mas a tendência não durou muito, pois às portas temos o Mordenkainen’s Magnificent Emporium, que seria o que? Uma versão moderna do Auroras Whole Realms Catalog? Quando eu imaginava que o trabalho de fazer itens mágicos seria finalmente reconhecido, vem mais um lançamento para cagar o nosso trabalho! Itens mágicos NÃO PODEM SER PRODUZIDOS EM MASSA SEM UMA REVOLUÇÃO MÁGICA.

Nos últimos anos, a guilda dos Magos da Costa lançaram o Adventurer’s Vault 1 e 2! Putz, só nestes dois empórios você já tem uma quantidade incrível de itens que nunca serão todos usados pelos aventureiros, nem dos mundos esquecidos e muito menos dos lembrados, então, porque este modelo de negócio prospera? Acho que vale uma passadinha no SECAEG – Serviço Cormiriano de Apoio as Micro e Pequenas Guildas de Conjuradores – para ter essa resposta!

... enquanto uma velha amiga, que investiu tanto, durante tanto tempo neste modelo de negócios, nem sequer é lembrada!

O Mordenkainen’s Emporium deverá trazer mais uma centena de itens mágicos, preocupando-se apenas em dizer quais seus poderes e como utilizá-los em combate! E sua história? Quem o produziu? Quem o utilizou? Em quais batalhas épicas estes itens foram usados? Quem estes itens ajudaram a proteger? Como eles influenciaram a história dos reinos? Isso provavelmente será omitido em favor de uma visão mais mercantilista do negócio! Malditos capitalistas, só pensando em moedas de ouro!

Pior ainda é passear na feira das vilas do reino e ter aquele moleque chato gritando “compre uma espada mágica e ganhe uma adaga de prata” ou ver a etiqueta no item indicando nomes genéricos como “martelo do sono”. Isso é uma afronta aos magos de minha época, que passavam meses pesquisando para criar um item mágico, pena que sobraram tão poucos de nós pelos reinos e muitos foram tragados pelas brumas!

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Escrito por Franciolli Araújo
Esposo de Paula, pai de Pedro e Nathanael. Professor e pesquisador na área de mineração. Um sujeito indeterminado que gosta de contar histórias e escrever sobre elas e acredita que o RPG é o hobbie perfeito, embora existam controvérsias.