Raul Seixas, que conhecemos de suas canções, nos diz: “Viva a sociedade alternativa!”. Sobre as vontades e as necessidades do atual modelo econômico, sobre a vida e a morte, os anjos e os demônios, o miojo e o bacon; essa música fala muito sobre muita coisa. Numa época em que, seguir um estilo é “ter opinião”, muitos jogadores e jogadoras de RPG erguem a bandeira da nova guerra das edições, ou das escolas antigas e novas, outros se apresentam como os baluartes do RPG, mas sabe o que é legal mesmo?

Tornou-se comum na blogsfera, canais de YouTube, mas principalmente nas redes sociais (Facebook é o que mais acompanho) o eixo de discussões sobre qual o melhor e qual o pior jogo, com tônicas pautadas na opinião de terceiros, de pessoas que muitas vezes nem se deram o trabalho de experimentar aquele desafio. Para melhor ilustrar a situação, digamos que um grande grupo compre jogos da série Final Fantasy, que tem várias versões, e então, depois de jogar alguns, comecem a eleger os seus preferidos, isso é totalmente natural.

Com as mudanças nas edições deste jogo as pessoas tendem a apresentar suas opiniões, isso é natural e muito benéfico (desde que feito de forma responsável), é uma troca de experiências sociais, uma espécie de relacionamento do real ao virtual.  Assim a comunidade de Final Fantasy cresce, as pessoas têm vontade de se conhecer fora dos ambientes virtuais e claro, Nobuo Uematsu fica mais rico. Agora vamos inserir o paradigma que atento no RPG.

Com o crescimento da comunidade as pessoas acabam mais preocupadas em falar sobre o jogo que jogá-lo, ou em maior grau, a experiência do jogo é algo secundário. No fim, nosso personagem aqui se diverte mais falando sobre o jogo e expondo uma “verdade absoluta” do que “jogando o jogo”, e isso é tão insipiente quanto parar de comer para discursar sobre o quão você come melhor que os outros. Em mais uma comparação esdruxula, é como se mais importante fosse a caixa do remédio, que o próprio fármaco.

Blogs anunciaram a 5ª Edição de D&D, outros jogadores citam a primeira edição do Legendo of the Five Rings como o baluarte do Old School, temos editoras especializadas e jogadores e jogadoras especializados, tudo isso é salutar, no entanto, quando você deixa de jogar e resolve defender um ponto de vista, seja ético o suficiente para saber que “tentar impor sua opinião” é, no mínimo, uma grande falta de educação e de consideração. E essas falhas não se impõem só a colegas, mas quanto ao trabalho das editoras, autoras e autores que batalharam para lhe oferecer uma experiência cada vez mais divertida. RPG não é uma indústria milionária, vocês sabiam?

Vemos por aí diversas pessoas defendendo verdades absolutas, mas será que estás pessoas tem seu joguinho semanal? Vejo muita gente, com muita retórica; mas pense, de que serve toda essa teoria e esse conhecimento, se você prefere discutir aos borbotões e criar inimizades. É bem melhor sentar numa cadeira e rolar dados rindo com seus amigos e amigas, bebendo coca-cola quente e comer pizza fria, sem se quer ter lido algumas vez na sua vida qualquer artigo ou mesmo livro de RPG, que ficar de butuca ligada em um fórum retrucando tópicos e trollando pessoas, só por que não concordam com sua opinião ou, na maioria das vezes, tem opiniões diferentes por terem experiências diferentes.

A ideia que “defendo” já deve estar bem clara a essa altura do campeonato. Tirem a cara dessa tela de 16:8 de vez e quando, liguem para amigas e amigos e marque um jogo, mesmo que para um One Shot ou quem sabe o inicio de uma campanha, e vá jogar RPG. Nosso hobby só tem uma forma correta de jogar, e essa é sua única verdade absoluta, quando todos se divertem juntos.

“Se eu quero e você quer, Tomar banho de chapéu, Ou discutir Carlos Gardel” que mal tem isso?

O RPG é um hobby, a única forma de crescer é levar o hobby a mais e mais pessoas, garantindo um espaço seguro. Nunca ouvi falar que essas discussões “acaloradas” atraíssem a atenção de novos jogadores e jogadoras ou dessem ânimo aos que já deixaram de jogar.

Anos atrás, narrava D&D 4E todos os domingos, mesmo com tantas pessoas dizendo que a edição era horrível, isso e aquilo. Em minha experiência, D&D 4E foi um jogo fantástico, proporcionando horas, dias, meses, anos de diversão. Seu valor está na experiência e não na teoria, é valor de uso e não de troca. Nos eventos, sempre narro L5R 1E, Old Dragon ou Icons, tanto iniciantes quanto para veteranos e veteranas, quero que minha próxima campanha seja de algo que proporcione diversão, minha atual leitura (releitura) RPGistica é o Dungeon World, adoro Terra Devastada do grande John Bogea, meu RPG favorito é o Legend of the Five Rings 1E, estou encantado com o contexto histórico de Goddess Save the Queen, fiquei interessadíssimo em Império de Jade, e me lembrei da campanha de King of Fighters D20 que joguei por volta de 2002 e como ela seria interessante hoje, com KARYU DENSETSU . Sabe por que eu desejo tanto conhecer tantos jogos tão diferentes em seus paradigmas, estações e estilos? Simples, por que eu me divirto muito.

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