Saudações, leitores.

Julho foi um mês bem movimentado, fora da área de criação de novos artigos, mas bem prolífica do ponto de vista do retorno triunfal às mesas de RPG. Além do IFérias, um evento lúdico no Instituto Federal do Amapá, no qual temos conseguido inserir o RPG como atividade lúdica recorrente, finalizamos o mês com uma minicampanha de Mythras no Amapanime Store.

A ideia inicial era reunir um grupo de jogadores e jogadoras, com disponibilidade nas férias e que preferencialmente não tivessem muita experiência com RPG para testarmos mais a fundo o Mythras, com o qual tenho desenvolvido excelentes experiências.

Após um jogador e uma jogadora abandonarem a mesa por motivos de cunho familiar, ficamos com quatro jogadores na mesa:

  • Adriano – interpretando um jovem ladino de 35 anos, sobrinho e escravo (por força das circunstâncias do personagem do Alan Sampaio);
  • Alan Sampaio – interpretando um velho guerreiro nobre de 72 anos;
  • Franciny Nascimento – interpretando uma jovem caçadora de 32 anos;
  • Lauro Maciel – interpretando um alquimista de 77 anos.

Além deles, dois personagens coadjuvantes participaram: um guerreiro contratado pelo personagem do Alan e outro contratado pelo personagem do Lauro.

Só felicidade de quem joga Mythras.

A princípio fiquei muito tentado a usar como cenário o mundo de The Witcher ou de A Game of Thrones, mas decidi pegar alguns elementos relacionados à jogada de eventos de vida dos personagens e usá-los com eles. O resultado superou todas as minhas expectativas.

Aí vai um conselho: se o RPG que você gosta tem uma tabela de Eventos de Histórico (Background Events), use sem dó e nem piedade. Essas tabelas, normalmente, tem um grande potencial para geração de campanhas inteiras, baseadas em algumas rolagens de dados, bastando para tal, que o mestre goste de juntar pontas, como eu relatei em Uma estória de Mythras.

Alguns eventos podem não fazer muito sentido no início, mas com as devidas considerações, podem render estórias magníficas.

Aproveitando também que nem todos os jogadores poderiam jogar durante dois dias consecutivos, eu podia, consegui um grupo para jogar Lamentations of the Flame Princess (LotFP) e acabei escolhendo a aventura The Grinding Gear.

Como já havia narrado algumas sessões de LotFP e Swords & Wizardry para alguns dos jogadores com personagens de primeiro nível, decidi que jogaríamos a aventura com personagens de segundo nível. Após criarem os personagens, iniciamos a aventura e lá estavam os personagens chegando a estalagem abandonada.

E essa atmosfera de Lamentations que me fascina.

Mesmo sendo uma aventura pronta, comercial, daquelas que eu chamo “para zerar”, perdi o medo de dar liberdade aos jogadores e não encano quando eles fazem algo inesperado. Já na primeira sessão (teríamos duas), os jogadores fazem uma busca superficial no local e após o primeiro encontro (sem combate), decidem que devem partir e deixar o local.

Um banho de água fria que coletei a água e joguei na fogueira…

Aquela aventura parece que não cativou os jogadores, que decidiram ir para outro lugar, seguir viagem. Aproveitei a jornada deles e continuei utilizando a tabela de encontros da aventura até que eles se distanciassem bem do local, mas antes disso, os personagens foram abordados por ladrões, que roubaram tudo de dois dos personagens, enquanto outros dois fugiam em disparada pela mata.

Briga para cá, briga para lá, acabaram se encontrando novamente e seguiram até a torre de um velho mago e lá estávamos nós jogando a aventura introdutória Tower of the Stargazer (eu acho essa aventura muito boa) e então eles começam a explorar a torre até que encontram o mago, ajudam-no, são recompensados e um dos jogadores decide que seu personagem deve ficar e ajudar o bom velhinho a conduzir as suas inocentes experimentações.

Essa foi a minha quarta experiência com essa aventura. Foi através dela que o Gabriel Anaya me apresentou ao LotFP e depois disso mestrei mais três vezes. Em todas as oportunidades, como jogador ou como narrador, as conclusões da aventura foram completamente diferentes, e quando digo completamente, não estou sendo hiperbólico.

E aí mais uma lição que pus em prática mestrando essa aventura: sempre tenha uma ideia/aventura reserva na manga. As vezes os jogadores vão começar alguma coisa que não os cativa e para evitar o sentimento de frustração, simplesmente deixe o fluxo seguir.

Me diverti MUITO com esses RPGs de férias e acredito que pelo menos um dos jogadores ou jogadora, aparecerá aqui para falar um pouquinho sobre a sua experiência.

E como eu falei um pouco sobre Eventos de Histórico, inclusive no artigo Classe Social e Família para D&D 5E, cujo comentário de um leitor no Facebook me lembrou que o Xanathar’s Guide To Everything, livro lançado para o D&D 5E traz esses elementos, no próximo artigo vou apresentar um personagem que fiz para este sistema, utilizando os eventos de histórico contidos no capítulo This is Your Life e confesso, gostei muito do resultado.

Então é isso. Vou ficando por aqui, relatando um pouquinho do que foram as minhas férias e as aventuras que narrei, bem como as preciosas lições que aprendi e pus em prática e que talvez sejam úteis para outros narradores.

Até a próxima.

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Escrito por Franciolli Araújo
Esposo de Paula, pai de Pedro e Nathanael. Professor e pesquisador na área de mineração. Um sujeito indeterminado que gosta de contar histórias e escrever sobre elas e acredita que o RPG é o hobbie perfeito, embora existam controvérsias.