One shot #03 Bichinhos de estimação

Iniciando nossa série de encontros semanais, a coluna “One Shot” trará ideias para suas aventuras. A princípio não trato de um único sistema, mas no decorrer destas linhas muitas vezes surgiram citações, descrições e regras voltadas a jogos como o D&D, WoD e muitos outros. Então convido vocês a darem segmento a essa nova empreitada.

Aventura: Bichinhos de estimação

Sempre gostei de bichos de estimação, eles são simpáticos e as crianças adoram. Mas o que os personagens de seus jogadores e jogadoras acham? Se a criatura em questão tiver mais dano que o bárbaro, mais acerto que o guerreiro e ainda fizer o jantar cada um vai querer dois, isso eu garanto a você.

Silvaro é um bardo em fim de carreira que usa lábia e artifícios para vender os maravilhosos pupys (uma criatura que ele diz ter “encontrado em uma de suas aventuras” e adotou como mascote). Hoje, viajando com sua carroça por diversas cidades ele vende crias dessa criaturazinha adorável fazendo enlouquecer a criançada (e também os pais com o “compra, compra, compra”) a plena visão de um bichinho fofinho e muito companheiro por meras 250 moedas de ouro.

Mesmo o preço sendo bem alto este malandro das ruas consegue vender três a quatro exemplares em cada cidade, Ubi o pupy original e hoje seu único companheiro foi treinado com vários truques e diverte a população enquanto seu mestre faz a propaganda e arrecada algumas moedas para pagar pela hospedagem. As/Os personagens o conhecem em alguma taverna/hospedaria enquanto este conta uma história dos seus anos como aventureiro

E então Eberk o Guerreiro ergueu sua lâmina flamejante que eu encantei com as palavras corretas, voando em direção à morte certar e no fim lá estava à criatura, sangrando ao chão, meu companheiro saiu vitorioso, no entanto, até hoje, não sei que maldita criatura é aquela”.

A duvida do rapaz é real e se algum dos personagens intervier perguntando como era a criatura ele a descreverá prontamente:

Me lembro como se fosse ainda agora, ali! – Apontando para um canto vazio da taverna. Era uma criatura asquerosa de pele arroxeada, parecendo um couro liso e brilhoso. Ela tinha mãos humanas e a cabeça bem avantajada, os olhos fundos como os de um homem ébrio que não dorme há dias e de sua bocarra tentáculos emergiam de todos os lados com ventosas horríveis

Ele espera, genuinamente, que alguém saiba o que “diabos” era aquilo afinal. A narradora pode utilizar a descrição de uma criatura qualquer e pedir aos jogadores que realizem os testes adequados para mensurar o que seus personagens têm conhecimento, se eles puderem ajudar Silvaro com essas informações ele ficará imensamente agradecido e pagará prontamente uma rodada de bebida aos seus informantes e ainda, pedirá a Ubi que faça uma demonstração de seus truques.

Na realidade essas coisinhas fofinhas que o carismático bardo está comercializando são um experimento básico realizado por um mago-necromante, seu funcionamento é similar ao de um casulo que se alimenta e vive apenas em função disso. No auge do experimento o mago foi atacado e derrotado pelo grupo de aventureiros do bardo, na época este havia sequestrado algumas crianças para seus experimentos e quando os aventureiros derrotaram o facínora restou apenas Ubi que os seguiu e acabou por ser adotado por Silvaro que batizou-o com este nome.

Ubi é, na verdade, uma criatura bem inteligente. sua mente é mais evoluída que a de um cachorro, conseguindo compreender e desempenhar seu papel como ferramenta de reprodução de um ser muito poderoso. Fingindo ser uma mascote para que possa receber comida e proteção, ele regularmente põe ovos que geram novos pupy com o mesmo dever (no entanto só Ubi é capaz de gerar ovos). Quando sua metamorfose estiver completa a criatura gerada será terrificante, uma espécie de soldado que obedecerá apenas a seu mestre que está aprisionado em algum lugar esperando os casulos vivos eclodirem e libertarem-no da prisão.

A narradora pode escolher o momento propicio para agir, imagine os personagens em meio à agitação da cidade esbarrando em uma criatura que surge arrebentando a parede de uma casa, no entanto ela não irá lutar até a morte, seu dever é o de proteger seu mestre tendo uma espécie de sentido que o guia até o local da prisão do mago-necromante que daqui algumas horas poderá estar liberto.

Ao investigar o local donde a criatura emergiu os personagens irão encontrar o “pupy” agora morto, com a parte das costas aberta, seus ossos quebrados e o interior vazio. Como se este fosse uma espécie de concha aberta semi-destroçada, seus olhos já vítreos apenas amedrontam em conluio com uma espécie de sorriso bestial.

Se um dos personagens se interessou em comprar um exemplar, quem sabe o que ele comprou possa ter eclodido? Imagine no meio da viagem o guerreiro gritando “Jasmine, o bichinho que tu compraste de Silvaro parece que morreu, está parado aqui, sem respirar … valhei-me Tempus … corre pessoal!”. Bem, como todos sabemos, os maiores compradores destes seres eram os pais de crianças que tiveram de adquirir essas coisas para agradar seus filhos, agora os personagens correm contra o tempo, encontrar Silvaro que a está altura já está se dirigindo para outra cidade e livrar as famílias dos “pupys” antes que as criaturinhas se tornem monstros nada amistosos e de quebra ainda lidarem com um mago-necromante enfurecido que vai a busca de Ubi seu mais poderoso servo o “pupy original”.

Uma boa ideia aqui é dividirmos a situação por partes, no início as/os personagens vão querer apanhar as criaturas e encontrar Silvaro. Para tal, dividir o grupo para ganhar tempo seria a coisa certa a se fazer. Buscando informações os personagens iriam encontrar cenas inusitadas, imagine que depois de explicar a mãe de uma das crianças e tomar a criatura em suas mãos a criança que perdeu o “pupy” e seus amigos que também brincavam com a criatura resolvessem atirar pedras no “ladrão” que subtraiu seu bichinho de estimação o que chamaria a atenção das pessoas na rua.

Quem sabe uma das criaturinhas explodisse no meio da conversa e a criatura gerada atacasse os personagens e a família, criando uma cena de combate onde seria necessário derrotar o ser e ainda por cima proteger as pessoas da ameaça eminente.

O que é realmente importante nessas lutas será a fuga das criaturas, nenhuma delas vai lutar até a morte, todas iram fugir depois de serem feridas e se mesmo assim uma delas vier a morrer seus últimos esforços serão para ir à busca do mago-necromante. Se algum deles for rastreado (uma tarefa um pouco custosa devo salientar) as criaturas estram reunidas em um local escuro e úmido como uma rede de esgotos ou uma caverna. Sua intenção é realizar um ataque à cadeia da cidade com o objetivo de libertar seu amo, sim elas são tão inteligentes quanto ogros neste momento e já devem estar recebendo comandos telepáticos de seu amo.

Bem pessoal esse é o conceito desta pequena aventura, um mago aprisionado que agora espera que seus servos o libertem, um bardo atrapalhando viajando por algumas cidades para vender bichinhos de estimação nada amigáveis, e em meio a tanta confusão as/os personagens envolvidas em uma pequena trama para salvar as pessoas de mais de uma cidade e entender o que está acontecendo.

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