Saudações, aventureiros.

Não é incomum, ao ler ou conversar com amigos, acabarmos debatendo sobre qual o melhor sistema para introduzir novos jogadores ao RPG. Nunca conseguimos chegar a um consenso.

Ouço e leio, frequentemente, muitas afirmações de que, por exemplo, sistemas como D&D, GURPS e BRP (o sistema do Call of Cthulhu) não são bons sistemas para introduzir novos jogadores e então me pergunto como uma geração inteira conseguiu a miraculosa façanha de começar a jogar com sistemas como AD&D (eu me incluo nesse grupo), com suas regras robustas e que rendeu uma excelente leva de mestres autodidatas (sem falar em todos os outros sistemas).

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Alguns afirmam, por exemplo, que as experiências de alguns potenciais jogadores foi tão traumática, que eles abandonaram o RPG mesmo antes de poderem ser chamados de jogadores e a culpa, muitas vezes é atribuída aos complexos sistemas que, vejam só, tem regras para cavar buracos, ou que para ser jogado, necessitava até de calculadora científica.

É claro, preciso levar tudo isso em consideração, mas extrapolo e traço um paralelo com observações que tenho feito em algumas mesas de RPG nos últimos anos, chegando a uma inevitável conclusão:

Não existe um sistema ideal para introduzir novos jogadores ao RPG.

E isso, é claro, vai soar para uns como a constatação do óbvio (mais um chover no molhado), assim como soará para outros como uma grande heresia.

Alguns sistemas possuem abordagens mais práticas e diretas, o que facilita o primeiro contato do jogador com o RPG, mas é a abordagem de quem faz a introdução deste potencial jogador que faz toda a diferença e nesse ponto, considero a seguinte afirmação:

Narrar para iniciantes requer familiaridade com o sistema, didática e paciência.

Eu não me arriscaria a mestrar uma aventura de RPG para iniciantes (e nem mesmo veteranos), usando o FATE. Não que ele seja complexo, muito pelo contrário, mas eu não tenho familiaridade alguma com o sistema. Nunca li suas regras e não me interesso por elas (não como mestre), logo, se me dispusesse a mestrar uma mesa para iniciantes, poderia estar comprometendo seriamente a formação de novos jogadores.

Além do conhecimento do sistema, é preciso também ser didático. Muitos mestres, com grande familiaridade com determinados sistemas, simplesmente não conseguem ser didáticos, escondendo as regras na narrativa e deixando o jogo fluido e mais prazeroso para os jogadores iniciantes, afinal, alguns sistemas são bem maçantes quando o negócio é fazer ficha – ainda mais para alguém que está começando agora.

Além de tudo, é preciso paciência… muita paciência e boa vontade.

Aquele mestre que consegue unir os três aspectos, consegue facilmente cooptar novos jogadores, independente do sistema que esteja utilizando. Depois de se tornaram jogadores, estes vão escolher os sistemas que se encaixam melhor em seus gostos e se tornarão mestres!

Até mais, aventureiros!

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Escrito por Franciolli Araújo
Esposo de Paula, pai de Pedro e Nathanael. Professor e pesquisador na área de mineração. Um sujeito indeterminado que gosta de contar histórias e escrever sobre elas e acredita que o RPG é o hobbie perfeito, embora existam controvérsias.