Saudações, aventureiros.

Nesta entrada do meu diário, compartilharei com vocês uma experiência pela qual tenho passado e que parece contaminar, de certa forma, o mundo atual.

Sinceramente não sei se estes fatos se devem a influência dos deuses caminhando por Toril, ou se faz parte da evolução de nosso mundo, mas a verdade é que tem estado mais difícil, a cada dia, encontrar alguém que queira participar de uma boa história, sendo muito mais fácil encontrar pessoas que desejem apenas medir os tamanhos de seus próprios músculos.

Embora, possa dizer que não seja muito assíduo atualmente no mundo do RPG, como gostaria de ser, e de ter deixado de acompanhar a maior parte das notícias do hobbie, percebo nos discursos pescados em uma ou outra postagem, que de alguma forma, os jogadores evoluíram e para mim, infelizmente, em uma direção que não me agrada.

Algumas edições de alguns sistemas de RPG priorizaram demais os números, os bônus, as builds que favoreciam os personagens, tornando-os não mais representantes dos deuses, mas os próprios deuses em mundanas mesas de RPG. Os números passaram a falar muito mais alto, a chamar mais atenção, a significar mais e a serem priorizados em detrimento de qualquer outro aspecto de jogo.

Outros cenários e sistemas, que priorizam uma outra abordagem, não são tão populares ou ganham tanta popularidade, pois o que o jogador quer mesmo é maximizar as estatísticas do personagem, independentemente se isso criar algo inverossímil e nocivo para a aventura/campanha/grupo.

Em qualquer fórum de discussão, contamos nos dedos de uma mão de um aleijado, o número de pessoas que indagam sobre uma build que favoreça o roleplay, a forma de interpretar determinado talento ou atributo, contudo, as perguntas no estilo “como deixo o meu guerreiro mais apelão” ou “qual a melhor build para causar mais dano em combate” são feitas e repetidas ad eternum, o que já me fez sair, mais de uma vez de grupos que tratam de RPG.

magic

Não afirmo com isso, que exista um jeito certo de jogar, nem mesmo que não se possa criar histórias focadas em personagens apelões, mas por experiência própria, quando o jogo se torna apenas uma competição desenfreada pelo poder (em números), um livro dos monstros é pouco, muito pouco para saciar a sede de poder dos jogadores e logo, os encontros tornam-se combates extremamente demorados e com tendência ao enfado e frustração.

Também não digo que isso é um efeito perceptível apenas em jogadores novatos, mas noto, principalmente naqueles que se descobriram o RPG depois ou concomitantemente a alguns jogos de cartas, como Pokemon e outros que ganharam popularidade nos anos 2000.

Acredito, portanto, que os elementos estratégicos dos jogos de carta, acabaram introduzindo uma cultura de desejo pelo poder baseada em números, que de certa forma prejudica a criação de grandes histórias que não tenham, nos números, o seu foco para o desenvolvimento dos personagens.

Posso, contudo estar equivocado, mas gostaria de conhecer a opinião de outros aventureiros. Vocês enfrentam estes problemas? Já perceberam? Alguma vez esse desejo pelos números já atrapalhou a condução de alguma campanha/aventura?

Até a próxima.

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Escrito por Franciolli Araújo
Esposo de Paula, pai de Pedro e Nathanael. Professor e pesquisador na área de mineração. Um sujeito indeterminado que gosta de contar histórias e escrever sobre elas e acredita que o RPG é o hobbie perfeito, embora existam controvérsias.