Este artigo foi ao ar no dia 24 de agosto de 2011 no Dungeon’s Master sob o título original The Future of Dungeons and Dragons -Part 2 e o traduzi por ter um certo tom profético. Há quem concorde com as palavras do Wimwick, outros com certeza não concordarão.

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Ontem eu escrevi sobre como o futuro Dungeons & Dragons poderá se parecer considerando o que a presente edição oferece aos jogadores na tentativa de justificar o que pode estar por vir. A coluna Legends & Lore de Mike Mearls fornece algumas dicas do que os projetistas estão pensando e eles claramente procurando por um feedback dos jogadores. Por que Mike está escrevendo essa coluna? Em resumo, o pessoal da Wizards of the Coast quer criar uma experiência de jogo que nós, como jogadores, queiramos jogar. Muito simples.

Mas de fato, isso não é tão simples assim. A verdade é que todos querem algo ligeiramente diferente do jogo. Todos nós jogamos de formas diferentes. Fale com vários grupos e você perceberá que alguns usam uma determinada regra caseira ou restringem alguns livros. Então, projetar um jogo requer um trabalho de pesquisa mais difícil do que originalmente possa parecer.

Diante disso, eu resolvi emprestar minha considerável sabedoria e experiência no assunto e entrar no debate sobre o que tornaria o novo D&D excepcional. O que eu gostaria de ver na nova edição do jogo.

Um retorno aos 20 níveis

Os três patamares de jogo que temos na 4E é excelente. Eles são definidos de forma clara e cada um deles adiciona um nível de complexidade ao jogo que auxilia a criação da estória. No entanto, como bem sabemos, o combate é lento na 4E. Combates em níveis épicos podem ser mais lentos ainda, mesmo com jogadores experientes. Dê uma olhada no nível do material e suporte fornecido para jogos em nível épico e você perceberá que existem argumentos claros para escalonar o jogo acima do nível 20. A WotC sabe em qual nível seus personagens estão através do Character Builder e eles sabem que poucos grupos estão jogando no nível épico.

Na próxima edição de D&D eu não ficaria surpreso em ver um retorno aos 20 níveis. Dentro de dois ou três anos do lançamento do jogo, um livro destinado aos níveis épicos seria lançado para dar suporte ao jogo além do nível 20. Da mesma forma que eles fizeram na 3E. Eu acho que isso faz algum sentido. Acredito que isso permite aos desenvolvedores dedicar mais espaço, em qualquer livro, aos elementos que ampliem a experiência de jogo. Isso também permitirá publicar um livro que gere receitas futuras.

Uma experiência modular de jogo

Este é um assunto que Mike Mearls discutiu recentemente na coluna Legends & Lore (The Rules). A premissa básica é que a complexidade do jogo possa ser escalonada. Com o aumento da complexidade dos personagens, o mestre poderia ter ferramentas para aumentar o desafio que monstros e armadilhas possam representar. Eu sou fã dessa ideia, uma vez que ela permite que os jogadores customizem sua experiência de jogo.

Novos jogadores não se sentiriam oprimidos pelo número de opções, podendo começar devagar e adicionar camadas a seus personagens à medida que seus conhecimentos sobre o sistema aumentam. Novamente, isso permite a WotC lançar diferentes fontes de material para dar suporte a esta ideia. Tudo isso é necessário para criar um sistema que permita que novos elementos sejam adicionados em lançamentos futuros. Já vimos algo parecido com o lançamento do Player’s Handbook 3 e o sistema de poderes psiônicos. Você pode argumentar que o lançamento do Essentials também foi baseado nessa ideia.  Espero que o D&D 5E desenvolva melhor essa ideia, na verdade espero que esta seja uma característica central do jogo.

Uma experiência multi-jogo

O que eu quero dizer exatamente com isso? Com o lançamento da 4E, a WotC deixou a bola cair com o D&D Insider. Alguns itens foram lançados com problemas, alguns corrigidos mais tarde. Em resumo, eles perderam uma incrível oportunidade. Espero que eles acertem na 5E.

Uma coisa que eu gostaria de ver era a WotC abraçar a era digital. Existe muito mercado para livros físicos. Caras como o Ameron ainda vão comprar cada lançamento, mas pessoas como eu não. Não quando estou pagando por um conteúdo mensal através de assinatura. Poucas pessoas estão indo em lojas físicas, e enquanto programas como o D&D Encounters ajudam a reverter isso, comprar livros em lojas virtuais faz todo o sentido. Levante a mão quem já comprou livros na Amazon tendo ainda a vantagem de descontos significativos. Isso é um fato.

Espero que com o lançamento da 5E, o DDI se torne inteiramente funcional, equipado com Character Builder, revistas Dungeon & Dragon, o Compendium, Dungeon Tools e Monster Creator. Na verdade, tudo que temos hoje está numa versão beta. Gostaria de ver também um jogo de vídeo game lançado para dar suporte ao lançamento da 5E. A WotC é dona da Hasbro, que é dona da Atari, então isso não é algo impossível. Talvez um jogo simples em flash, que pode ser incrivelmente complexo. Em resumo, qualquer coisa que possa direcionais mais pessoas para jogar um grande jogo. Quero ver o lançamento de cada nova edição com grande pompa.

Um elemento final que eu gostaria de ver numa futura edição do jogo é um numero menor de classes de personagem. Eu normalmente jogo uma vez por semana, o que significa que é praticamente impossível jogar com pelo menos uma dúzia das 45 classes disponíveis em qualquer nível de profundidade. Eu preferia ver opções sendo disponibilizadas nos Caminhos Exemplares ou equivalentes.

Bem, aqui está o que eu gostaria de ver na próxima edição. É claro que eu posso mudar minha lista de desejos ou mesmo modifica-la. Muito provavelmente eu só tenho a adicionar. E você? Se você pudesse manter algo inalterado ou adicionado da 4E para a 5E, o que seria?

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Escrito por Franciolli Araújo
Esposo de Paula, pai de Pedro e Nathanael. Professor e pesquisador na área de mineração. Um sujeito indeterminado que gosta de contar histórias e escrever sobre elas e acredita que o RPG é o hobbie perfeito, embora existam controvérsias.