Cinco horas. Um encontro. Quase uma destruição completa do grupo. Três personagens a um passo da morte. Um personagem morto.

O mestre começou o encontro nos provocando. “Vocês são o nono grupo para quem eu mestro esta aventura desde o início da GenCon e até agora nenhum grupo sobreviveu ao primeiro encontro“. Ele continua o seu desafio dizendo: “Este é de longe o encontro mais difícil que eu já vi em qualquer aventura da Campanha Viva de Forgotten Realms“.

Isso nos instigou. Os jogadores foram fisgados e puxados. Nós iríamos terminar o encontro, mesmo se ele destruisse a todos. E isso quase aconteceu.

Os eventos desta noite, levaram a questão: o que torna um encontro lendário?

Não é de meu feitio dissecar aventuras ou encontros específicos e produzir um passo a passo. Então, você pode continuar tranqüilo, pois eu não vou começar agora. Ao invés disso, eu vou discutir a experiência que o encontro proporcionou, de forma que eu só posso descrevê-lo como lendário. Isso vai além do encontro específico que nós jogamos, que foi da aventura da Campanha Viva de Forgotten Realms (LFR) SPEC2-2, P3 Tyranny’s Perilous Bastion. Eu digo a todos que pretendem jogar esta aventura que não se deve pegar leve.

O que coloca este encontro a parte de todos os outros que eu joguei em D&D 4ª Edição, é que pela primeira vez, eu honestamente senti que meu personagem poderia morrer. Até aquele momento eu estava fazendo um trabalho relativamente bom em manter os personagem com quem já joguei conscientes e evitando a morte. Não apenas com este encontro. Pela primeira vez desde o lançamento da 4ª edição eu tinha a certeza que o personagem iria morrer. Pior, eu estava certo de que a morte do meu personagem não seria a única da aventura. Eu esperava que o grupo inteiro morresse. A questão deixou de ser se iríamos morrer ou não, mas quando os personagens morreriam.

Várias horas após o início do encontro, o clérigo e o patrulheiro haviam caído inconscientes duas vezes. Ambos ganharam a consciência rolando 20 naturais em suas jogadas de proteção para não morrer. Mais tarde, com apenas três de seis inimigos restantes, todos os personagens já haviam caído inconscientes, exceto o Invocador. A maioria de nós já havia falhado duas vezes nas jogadas para evitar a morte. Desta forma colocado, as coisas não iam bem.

A partir deste ponto no encontro, cada jogador observava atentamente cada jogada de dado. Por que? Porque cada rolagem importava. Se nós tínhamos uma chance de sobreviver, nós precisávamos saber o que estava acontecendo. Todos focaram nos eventos que ocorriam na mesa. Mesmo as pessoas que passavam, observavam e ficavam juntos de nossa mesa.

Com cinco personagens caídos, o Invocador saiu do combate, esperando por um milagre. O que aconteceu em seguida foi uma onda de sorte como nunca antes vista. Quatro jogadores em seqüência rolaram as jogadas de proteção para evitar a morte e suas rolagens resultaram em 20 naturais. O Invocador, vendo o que estava acontecendo, afastou os inimigos de nós e então o Clérigo fez sua jogada de proteção contra morte. Sem chances. Poderia ter sido muito pior, por que ele já tinha dois golpes. Felizmente, em minhas mãos havia uma poção de vitalidade que eu ainda não havia usado e que eu poderia administrar no Clérigo.

Com todos de pé, o Guerreiro começou a fazer o seu trabalho como um defensor. Isso permitiu que o resto do grupo se aproximasse do Clérigo para que ele usasse seu último poder de cura em todos nós. O Guerreiro pagou por nossa cura com sua própria vida. Seu sacrifício permitiu que o resto do grupo eventualmente vencesse o encontro.

O encontro permaneceu em minha cabeça por várias razões. Primeiro pela intensidade que trouxe para a sessão. No começo éramos arrogantes, mas a medida que percebemos que o combate não seria um passeio no parque, todos trouxeram o seu melhor para a mesa. Cada jogada de dado importava, todos estavam focados no que estava acontecendo.

Ameron e eu nos juntamos a um grupo de quatro amigos para esta aventura. Eu sempre fico maravilhado como um hobby comum e uma situação intensa pode forjar amizades. Para Jim, Brock, Steve e Chris da área de Toledo, obrigado pela grande sessão. Nós adoramos jogar com vocês e a sessão será relembrada por muito tempo em nossas memórias. Eu deveria também colocar que Steve e Chris são pai e filho. Eu não havia percebido isso durante a sessão, mas eu penso que é fantástico quando pais e filhos jogam juntos.

Finalmente, eu gostaria de me redimir por não ter dito uma palavra de agradecimento ao mestre da sessão – Skip Warren. Ele mestrou o encontro como um profissional. Ele não puxou saco e rolou tudo como planejado, enquanto foi agradável e certificou-se que cada um de nós se divertiria em toda a sessão. Como resultado, eu acredito que ele tenha se divertido tanto quanto nós.

Eu não tenho dúvidas de que este post sequer arranha a superfície do assunto sobre o quão lendária a sessão foi. Você já teve uma sessão/encontro que ficará para sempre em sua mente? O que a tornou tão memorável?

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Texto original: What makes an encounter legendary?
Postado em: 13 de agosto de 2010
Autor: Wimwick
Site: Dungeons Master

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Escrito por Franciolli Araújo
Esposo de Paula, pai de Pedro e Nathanael. Professor e pesquisador na área de mineração. Um sujeito indeterminado que gosta de contar histórias e escrever sobre elas e acredita que o RPG é o hobbie perfeito, embora existam controvérsias.