Eu procurei por muito tempo textos que falassem sobre a relação dos anões e a mineração. Como eles mineram? Como eles beneficiam o minério extraído? Quais as técnicas de processamento destes minérios? Confesso que por muito tempo fiquei no escuro.

Como sou professor da área de mineração, atuando principalmente na área de Tratamento de Minérios, minha curiosidade foi aguçada e graças a um empurrão do @tionitro, resolvi aprofundar-me nessa pesquisa e eis que encontrei um excelente livro, um que esteve bem debaixo do meu nariz, mas que por muito tempo eu negligenciei: The Complete Book of Dwarfs, um suplemento para AD&D 2ª edição publicado em 1991.

A linha “The Complete Book of” é na minha opinião a melhor série de livros publicados para Dungeons & Dragons (independente das edições) de todos os tempos. As informações contidas nestes manuais são normalmente completas, embora possam não agradar sempre a todos que lêem, mas ainda assim são um rico material descritivo que merece estar nas mãos de mestres que gostam de ter uma perspectiva mais aprofundada de outras raças.

Sem mais delongas, vamos falar sobre os anões e sua fama de bons mineradores.

Mineração

Os anões costumam minerar próximo às suas fortalezas, mas tem uma razão. Normalmente, quando uma nova fortaleza anã é projetada, uma equipe de experientes mineradores pesquisam a área próxima ao local onde sua fortaleza seja erigida com a finalidade de encontrar depósitos que possam se transformar em jazidas minerais ou de gemas.

Existe uma diferença entre depósito e jazida. Um depósito mineral possui minerais ou gemas de interesse, mas só se tornam uma jazida SE a sua exploração for viável do ponto de vista econômico.

Dessa forma, a maior parte das fortalezas de anões são construídas próximas de grandes depósitos minerais.

Conduzindo uma Pesquisa

Os minerais, mesmo em mundos de fantasia, encontram-se disseminados na crosta do planeta, e os depósitos minerais são anomalias, pois concentram uma quantidade importante de determinado mineral num único local. Por isso mesmo, nem todos os locais possuirão minerais ou gemas em quantidades passíveis de exploração. Regiões onde a mineração é uma perda de tempo inclui regiões de dunas ou cascalho, ou ainda áreas de magma endurecido. Quando essas regiões são atravessadas por rios ou córregos, estes podem conter traços de minérios ou gemas, mas um minerador experiente saberá que não valerá a pena minerar aquela área.

Nem todas as regiões possuirão algo de valor. Exemplos de regiões onde a mineração é uma perda de tempo inclui regiões de camadas de areia muito profundas (dunas) ou cascalho, ou ainda áreas de magma endurecido. Córregos fluindo através dessas regiões podem carrear traços de minérios ou de gemas, mas um personagem com conhecimento em mineração sabe que minerar estas áreas é garantia de não conseguir nada.

Nesse ponto, podemos pensar nos personagens conduzindo pesquisas com o intuito de encontrar minérios em uma campanha. Em AD&D existia a perícia Mining (Mineração), mas na 4ª Edição, pode-se transformar a Pesquisa Mineral num desafio de perícias, envolvendo provavelmente as seguintes perícias: Atletismo, Exploração (minério subterrâneo ou mesmo a céu aberto), Natureza (minério a céu aberto ou mesmo subterrâneo) e Percepção.

Após pesquisar o local, o  minerador pode iniciar escavações na área na tentativa de encontrar os minerais ou gemas de interesse. Aumentar a área pesquisada aumentará as chances de encontrar algo valioso.

A extensão e o tempo necessários para a pesquisa dependerá das condições de busca. Sob condições ideais, em uma semana é possível pesquisar uma área de 6,4 km². Por condições ideais entende-se que o pesquisador não tenha que lutar contra goblins e bandidos a todo instante e nem procurando por alimentos. Se a pesquisa for conduzida acima do solo (a céu aberto), um grande volume de neve tornará a pesquisa quase impossível, e mesmo uma fina camada de neve pode aumentar o tempo necessário em até três vezes.

Tempestadas constantes, terreno acidentado e poucas horas de luz interferem na pesquisa a céu aberto.

As pesquisas subterrâneas são limitadas pelas formações naturais das cavernas e passagens, mas a área que pode ser pesquisada em uma semana é reduzida para 3,2 km², se as condições permitirem. A forma natural das passagens podem ser tão estreitas que restringem os personagens a espaços de 90 metros de extensão, mas também podem ser conduzidas em locais muito profundos.

Depois que a pesquisa é completada, o personagem pode ser bem sucedido ou não em encontrar algo de valor no local, embora também possa acreditar que encontrou o melhor local para explorar. O minerador pode pesquisar a área novamente, buscando confirmar os resultados da pesquisa, mas essas pesquisas subseqüentes tornam-se mais difíceis, sendo o tempo requerido multiplicado pelo número de pesquisas anteriores (a segunda pesquisa dura duas vezes a primeira, a terceira pesquisa dura três vezes a primeira, etc.) e penalidades podem ser impostas aos testes subseqüentes (-2 na segunda jogada, -4 na terceira e assim por diante).

Se a jogada for bem sucedida, o pesquisador consegue determinar a abundância do mineral de interesse na área, com uma margem razoável de erro. Isso não garante uma extração bem sucedida, mas localiza o melhor local para ela. Se a área não contém nada de valor ou ela é  imprópria para a mineração, uma jogada bem sucedida revelará este fato.

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Escrito por Franciolli Araújo
Esposo de Paula, pai de Pedro e Nathanael. Professor e pesquisador na área de mineração. Um sujeito indeterminado que gosta de contar histórias e escrever sobre elas e acredita que o RPG é o hobbie perfeito, embora existam controvérsias.