Ontem, dia 13.04.10, o Felipe Barreto do 20 no d20 estreou no ressurgido Paragons com o excelente artigo “Regra ou Trapaça?” e que aguçou a curiosidade dos leitores que comentarem (e continuam comentando a matéria).

Eu também respondi, e como falei pro Felipe, achava que aquela idéia que expus merecia até um post e vou falar um pouquinho sobre o tema aqui.

A questão é: o mestre está rolando a aventura e com muita sorte nos dados acaba acertando e causando dano suficiente para matar um personagem logo na primeira sessão. O que ele deve fazer? Fingir que aquele resultado não aconteceu e segue em frente para não frustrar os jogadores ou aplica o dano com rigor?

Concordo com o Felipe que diz:

O objetivo do Mestre de Jogo é sempre se pautar pela diversão dele e do grupo. Sempre. O RPG é isso. Diversão.

Venhamos e convenhamos, tem dias que não conseguimos um bom resultado num dado, porém, em outros, somos máquinas mortíferas de tirar 20. Sucessos decisivos consecutivos e rapidamente os pontos de vida dos personagens vão desaparecendo e a situação dos personagens ficando mais complicadas.

Já fui adepto da política de não divulgar o número obtido nos dados para beneficiar os personagens, principalmente quando eles são iniciantes, mas um dia me dei conta de como esse comportamento pode ser prejudicial para a história, e por quais razões?

1. Os jogadores acabam agindo de forma muito auto-confiante, achando que em situações realmente difíceis, o mestre vai sempre interceder em favor deles;

2. A auto-confiança vai levar os jogadores a representarem seus personagens de forma suicida, afinal, nenhuma situação é capaz de testar suas habilidades;

3. Essa atitude suicida fará com que eles desconheçam o significado da palavra “recuar”, pelo menos os personagens não farão isso, jamais.

O mestre deve ir preparado para situações que descambam para o desastre, mas como? Simples, deixando rotas alternativas para conclusão do combate.

Na quarta edição, a premissa é que os encontros sejam muito equilibrados e não “se deve” criar um desafio que os personagens não possam sobrepujar, mas e quando os dados não ajudam? O mestre deve dar essa colher de chá ou ele deveria prever uma situação na qual os personagens não conseguem vencer o desafio e tem na retirada a melhor estratégia?

O fato dos mapas de combate representarem áreas “fechadas”, não significa que os personagens não possam se mover para fora de seus limites. Corram! Gritem por suas vidas! O combate não está indo bem? Fuja!

Acredito, sinceramente, que o papel do mestre (já que nem sempre o bom senso impera) é avisar aos jogadores que eles têm a opção de fugir quando as coisas não vão bem! Fugir dá ao personagem a chance de repensar suas estratégias (que algumas vezes é a responsável pelo desastre) ou de esperar um momento melhor (quando estiver com mais sorte nos dados) para enfrentar o grande desafio.

Por pura falta de tempo, muitas aulas e preparação para concurso, não estou cuidando da casa como ela merece, mas em breve espero continuar com o ritmo de semanas anteriores.

Parabéns ao Felipe Barreto pela excelente matéria e que você se torne um grande Paragon!

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Escrito por Franciolli Araújo
Esposo de Paula, pai de Pedro e Nathanael. Professor e pesquisador na área de mineração. Um sujeito indeterminado que gosta de contar histórias e escrever sobre elas e acredita que o RPG é o hobbie perfeito, embora existam controvérsias.