Texto original: CSI: D&D
Postado em: 18 de janeiro de 2010
Autor: Ameron
Site: Dungeon’s Master

Normalmente os aventureiros são abordados pelos moradores de uma localidade que solicitam a sua ajuda para resolver alguns problemas, afinal de contas, os personagens têm perícias e habilidades muito superiores aos cidadãos médios. Quando eventos não normais acontecem, os habitantes ficam muito agradecidos pela ajuda prestada pelos hábeis personagens. As solicitações mais comuns são matar um monstro que está perambulando muito próximo da vila ou resgatar a filha do magistrado que for seqüestrada por goblins.

Mas de vez em quando, quando uma situação surge, nem sempre ela pode ser solucionada com o brandir de espadas e a conjuração de magias. Algumas vezes os personagens precisam assumir o papel de detetives. A sua grande experiência permite que eles lidem com uma situação de forma diferente dos habitantes regulares. Os personagens estão mais aptos a notar uma pista ou detalhe que os moradores não perceberam ou tomaram por certo.

A forma mais fácil é mais óbvia do mestre para lidar com este tipo de situação é rolar um desafio de perícias. Mas se tudo que os personagens estão fazendo é procurar por pistas o desafio de perícias pode se transformar numa série de jogadas de Percepção. Aqui cabe ao mestre ser criativo. O mestre deve encorajar os personagens a usar mais do que Percepção para enxergar pistas menos óbvias.

Abaixo são apresentados alguns exemplos de situações que apareceram em minhas últimas sessões de minha campanha. Em cada situação as jogadas de Percepção mantiveram a bola rolando, no entanto, os personagens descobriram muito mais informações usando outras perícias para desenvolver o que jogadas superficiais de Percepção revelavam. Os verdadeiros detalhes eram dependentes dos sucessos subseqüentes obtidos usando outras perícias.

Cenário 1 – O diabo está nos detalhes

Um terrível incidente ocorreu numa loja. Um diabo apareceu e matou dois inocentes compradores dentro da loja. Um mago que estava rastreando o demônio chegou tarde para ajudar as duas vítimas, mas ele conseguiu banir a criatura demoníaca. Os personagens são procurados para investigar e tentar confirmar a história do mago.

Um sucesso numa jogada de Percepção (CD fácil) confirma que magia certamente foi usada na sala e que os mortos sofreram uma morte realmente horrível. Uma jogada bem sucedida de Religião (Conhecimento de Monstros CD 25) permite que eles identifiquem o tipo de diabo e o tipo de poderes que ele poderia usar durante a batalha. Um sucesso numa jogada de Arcanismo (CD moderada + nível do poder) permite aos personagens identificar sinais indicadores de quais magias o mago usou durante a luta. Uma jogada bem sucedida de Cura (CD difícil) realizada durante o exame dos corpos revela sinais que essas pessoas não foram mortas pelo diabo, mas por magias arcanas. As evidências sugerem que o mago não está dizendo a verdade sobre o que aconteceu dentro da loja.

Cenário 2 – Lobo em pele de cordeiro

Após lutar contra um grupo de desordeiros, ex-soldados durões, os personagens fazem uma busca em seus corpos. Com um sucesso numa jogada de Percepção (CD fácil) os personagens notam que um dos homens caídos tem uma tatuagem. Uma jogada bem sucedida de História (CD moderada) permite que o personagem reconheça a tatuagem como sendo comum entre os soldados que vivem num país próximo. Se um personagem obtiver sucesso numa jogada de Intuição (CD difícil) ele perceberá que o estilo de combate empregado comumente pelos soldados daquele país não é consistente com a forma com que estes homens lutaram. Identificá-los então, poderá ser mais difícil do que pensado inicialmente.

Cenário 3 – A vista

Após fechar a noite, um mercador retorna a sua loja para pegar um item esquecido. Assim que ele abre a porta da frente ele vê um grupo de goblins dentro de sua loja, assaltando-a. Ele corre rapidamente e pede por ajuda. Goblins não são comuns na região e as autoridades pedem ajuda aos personagens.

O proprietário da loja acompanha os personagens pela loja, mas após uma investigação superficial percebe que nada foi roubado. Os personagens têm pouca dificuldade em seguir os rastros que os goblins deixaram no chão empoeirado com uma jogada bem sucedida de Percepção (CD fácil). Personagens que conseguirem vencer a CD por 5 ou mais pontos notarão que os rastros se concentram principalmente num dos cantos, onde se encontra uma prateleira de livros, mas o proprietário diz que nada foi roubado.

A perícia Natureza esclarece muita coisa sobre o paradeiro de Gollum a Aragorn.

Perícia Natureza sendo usada por Aragorn para encontrar Gollum. Percepção só auxilia.

Um personagem que seja bem sucedido em uma jogada de Intuição (CD moderada) percebe que alguns livros estão de cabeça para baixo, como se eles tivessem sido removidos e colocados de volta as pressas na prateleira. Numa parede próxima um quadro está coberta inadequadamente. Um personagem que seja bem sucedido numa jogada de História (CD difícil) lembra-se do artista ou do estilo de seu trabalho e percebe que o quadro está de cabeça para baixo. Porque goblins removeriam livros de uma prateleira e colocariam uma pintura de cabeça para baixo? Talvez roubo não seja a verdadeira motivação por trás da invasão.

Estes exemplos são apenas alguns para manter o mestre pensando no caminho correto. As buscas nem sempre precisam valer-se apenas de jogada de Percepção. Se Percepção é a única perícia que os personagens usam, então muitos jogadores se sentirão excluídos desse tipo de situação. Lembre-se que menos da metade das classes dá a opção ao jogador de treinar Percepção. Permitir e encorajar os personagens a usar outras perícias, faz com que os jogadores sejam mais criativos e esses tipos de encontros serão mais inclusivos e mais excitantes.

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Escrito por Franciolli Araújo
Esposo de Paula, pai de Pedro e Nathanael. Professor e pesquisador na área de mineração. Um sujeito indeterminado que gosta de contar histórias e escrever sobre elas e acredita que o RPG é o hobbie perfeito, embora existam controvérsias.