A medida do poder dos personagens depende muito dos poderes que eles ganham ao atingir novos níveis, mas é também muito dependente dos recursos que eles conseguem juntar com o passar dos níveis.

Quando eu narrava AD&D ou mesmo as edições mais recentes de Dungens & Dragons, os personagens vez por outra eram pegos em situações nas quais eles não possuíam nenhum tesouro – inclua nessa lista itens mágicos – e algumas situações de confronto (não restringindo-se apenas ao combate) eram muito mais difíceis de serem resolvidas, e isso se devia principalmente a falta de experiência na distribuição do tesouro.

Embora houvesse sempre uma tabela indicando a riqueza dos personagens por nível, como distribuir isso ao longo de um nível? Como tornar a distribuição equilibrada?

A quarta edição – até onde eu sei – introduz o conceito de distribuição de tesouros por parcela e mais precisamente no Guia do Mestre está tudo explicado. Existem inúmeros exemplos nas aventuras que aparecem nas páginas da revista Dungeon do DDI e nas aventuras da RPGA, embora essa segunda utilize uma forma de distribuição peculiar dessas parcelas.

83912486Assume-se que na quarta edição os personagens têm de enfrentar dez encontros para atingir um novo nível e na teoria, todo encontro deveria fornecer uma compensação além da experiência (XP) e esta compensação viria na forma de tesouros, que poderiam incluir gemas, moedas, obras de arte, itens mágicos, etc. Sendo assim, cada encontro contribuiria com uma parcela de 1/10 do tesouro que os personagens têm direito naquele nível.

A partir da página 126 do Dungeons Master Guide é apresentado o sistema de parcelas do 1º ao 30º nível, sempre divididos em 10 partes.

Mas se na minha aventura não tiver 10 encontros? Para manter o equilíbrio, coloque duas ou mais parcelas de tesouro num encontro mais forte! O importante é que aquelas parcelas sejam seguidas para que os personagens não sofram com a falta de recursos e estejam à altura dos desafios que vêm pela frente, a menos é claro, que está seja a intenção do narrador.

Como exemplo, vamos ver como fica a distribuição das parcelas para o 1º nível:

Parcela

  1. Item mágico de nível 5;
  2. Item mágico de nível 4;
  3. Item mágico de nível 3;
  4. Item mágico de nível 2;
  5. 200 po ou duas gemas no valor de 100 po cada ou duas poções de cura + 100 po;
  6. 180 po ou 1 gema valendo 100 po + 80 po ou 1 poção de cura + 130 po;
  7. 120 po ou 1 gema valendo 100 po + 20 po ou 1 poção de cura + 70 po;
  8. 120 po ou 100 po + 200 pp ou 1 gema valendo 100 po + 200 pp;
  9. 60 po ou 1 poção de cura + 10 po ou 50 po + 100 pp;
  10. 40 po ou 400 pp ou 30 po + 100 pp.

A tabela apresenta sempre as primeiras quatro parcelas como sendo itens mágicos, de forma que o grupo, ao final de um nível, deveria ter:

Um item mágico de nível 5; Um item mágico de nível 4; Um item mágico de nível 3; Um item mágico de nível 2 e 720 moedas de ouro.

Isso deixaria o grupo equilibrado.

Se os personagens investissem todo o dinheiro em um item mágico para o quinto membro do grupo, seria possível – considerando que seja possível adquirir itens mágicos dessa forma em seu cenário – adquirir outro item de nível 3 (680 po).

As parcelas de tesouro são uma ótima forma de manter o equilíbrio na distribuição de recursos para os aventureiros e garante que o narrador nunca vai ter mais problemas – pelo menos não deveria – com os recursos dos personagens.

É válido lembrar que a ordem das parcelas não importa, o mais importante é que o narrador assegure-se que os personagens ganhem o total programado para o nível afim de que não haja problemas no futuro em função da má distribuição de recursos, um problema comum em muitas mesas nas várias edições de D&D. Alguns narradores eram muito generosos, outros muito seguros e essas variações sempre traziam uma dose de desequilíbrio para a mesa em função do excesso ou escassez de recursos.

Como você faz a distribuição de tesouros na sua mesa? Já teve algum problema concedendo muito ou pouco recurso para os personagens? O sistema de parcelas o ajudou a distribuir melhor o tesouro? Você utiliza esse sistema? Compartilhe suas experiências e critique ou sugira algo!

Até mais e ótimo final de semana.

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Escrito por Franciolli Araújo
Esposo de Paula, pai de Pedro e Nathanael. Professor e pesquisador na área de mineração. Um sujeito indeterminado que gosta de contar histórias e escrever sobre elas e acredita que o RPG é o hobbie perfeito, embora existam controvérsias.