Todos os dias ao acordar, estico a vista pro lado de fora da janela e vejo as duas magníficas colinas que se erguem por trás da estalagem na qual estou hospedado. São duas colinas com esparsas castanheiras seculares, gigantes da altura de 50 homens. Ali embaixo o gado pasta tranquilo o dia inteiro, mas a névoa branca que recobre a floresta sobre a colina me incomoda.

Observo a névoa e me sinto observado. Não consigo entender essa sensação, mas tenho a nítida impressão de que há algo ali, se aviltando sobre aqueles que estão aqui embaixo. A névoa não desce a colina, mas a encobrem, reclamando para ela aquela parte da colina e da floresta. Meu corpo se enregela ao pensar no que pode estar escondido na névoa.

Aqui embaixo as pessoas vivem suas vidas, sem subir a colina. Numa pequena cidade do interior do grande reino Norte. Uma terra de riquezas, seja pelo gado, pela madeira explorada ou mesmo pela grande quantidade de minérios.

Aqui convivem os belos elfos, os robustos anões, os perseverantes humanos e os alegres pequenos, assim como outras criaturas que se escondem nas sombras e na  névoa, arquitetando a derrocada do reino e fazendo sacrifícios a seus deuses sangrentos.

Perdido em minhas divagações volto meus pensamentos para a névoa, que está lá, sempre lá, me convidando para conhecê-la, mas não sei se quero adentrar seus domínios sombrios.

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Escrito por Franciolli Araújo
Esposo de Paula, pai de Pedro e Nathanael. Professor e pesquisador na área de mineração. Um sujeito indeterminado que gosta de contar histórias e escrever sobre elas e acredita que o RPG é o hobbie perfeito, embora existam controvérsias.